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22 dezembro 2014

NATAL DO CONSUMO

É Natal, a celebração do consumo!

"Ler com parcimônia... isto pode não agradar a todos... principalmente os mais robotizados."
– Anônimo.

Nos dias atuais, todos os valores religiosos, sagrados e dogmáticos do Natal são profanados pela ideologia capitalista, e as artimanhas publicitárias capitaneadas pela sociedade de consumo transformaram a celebração natalina em um evento dissociado de seu objetivo primordial. A prova de amor entre os entes queridos consiste em se dar presentes caros. De acordo com cientistas sociais e pesquisadores “a publicidade recupera todos os valores para melhor desvalorizá-los e difundir sua ideologia consumista. É uma poluição pluridimensional, que não tem outra finalidade que não seja estimular o consumo dos produtos do sistema industrial, isto é, da matriz de todas as poluições. Nesse sentido, a publicidade fica sendo a poluição das poluições”.

A sociedade capitalista é baseada nos signos de consumo, sucesso pessoal e promessas de felicidade mediante a satisfação do gozo. As relações pessoais estão longe de serem calcadas somente na afetividade. Vive-se a era em que o status e os signos das marcas são combustíveis para a aquisição de um pretenso bem-estar existencial. A felicidade interior evadiu-se na sociedade de consumo, poucos são capazes de vivenciá-la plenamente no cotidiano, muitos consideram que o bem-estar efêmero decorrente da fruição dos bens de consumo é a autêntica felicidade, de modo que criam, assim, uma confusão fundamental entre as duas experiências, “a felicidade do homem moderno consiste na emoção de olhar vitrines e comprar tudo o que lhe é possível, à vista ou a prazo”.

Eu quero VOCÊ para gastar muito!

A partir do desenvolvimento do regime capitalista, as relações interpessoais passam a ser mediadas pelas coisas, ou seja, quem nada tem nada é; decorre daí todas as distinções sociais provenientes da exaltação das posses materiais. Passamos a projetar nos objetos qualidades fantasmagóricas que interferem imediatamente nas relações sociais, interpondo-se entre os indivíduos, originando-se daí o “fetichismo da mercadoria”.

Os objetos adquirem qualidades mágicas que encantam os sentidos dos consumidores, e todas as relações sociais são mediadas por objetos de consumo, que se tornam barreiras entre as subjetividades. Assim, o caráter alienado de um mundo em que as coisas se movem como pessoas, e as pessoas são dominadas pelas coisas que elas próprias criam. A consciência humana projeta para o produto uma espécie de energia oculta que se torna seu objeto de culto sagrado, celebrado nos altares capitalistas das vitrines das lojas.

Os critérios “morais” da sociedade consumista, herdeira do tecnicismo industrial, consistem na obrigação incondicional do indivíduo se apresentar publicamente como alguém plenamente capacitado a consumir, mesmo que tal ato não resulte na satisfação de uma necessidade básica, imprescindível para o estabelecimento do bem-estar e saúde individual. A lógica consumista faz da disposição de adquirir coisas uma necessidade vital, e o sistema espetacular da propaganda contribui de forma colossal para tal relação fetichista.

O Papai Noel não vem pra todos apesar da falácia publicitária. Inúmeras crianças são frustradas pelo fato de não obterem os presentes. Muitos pais se sentem humilhados e constrangidos por não conseguirem comprar os presentes dos seus familiares.

Sendo assim: "são consumidores falhos que não cumpriram as metas normativas do capitalismo natalino."

O amor sagrado sucumbiu diante do poder diabólico das mercadorias encantadas.

PS: Texto formatado com letrinhas natalinas.

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