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11 fevereiro 2024

PROJEÇÃO CONSCIENTE NA ANTIGUIDADE (Relato) (Part 2 of 2)

RELATO DE PROJEÇÃO CONSCIENTE NA ANTIGUIDADE

Extraído de A REPÚBLICA de Platão - Livro X - Capítulo XIII.

Πολιτεία - Grécia 379 a.C. - de domínio público.


Ocorrência de EQM (Experiência de Quase Morte) de um cidadão da Grécia antiga, Her, registrada em A REPÚBLICA de Platão. Her detalha sua experiência rememorada tida no além durante seu tempo ausente do corpo.



A REPÚBLICA - LIVRO X - Capítulo XIII

"Sócrates - Aí estão, portanto, os prêmios, as recompensas e os presentes concedidos ao homem justo, enquanto vivo, provenientes dos deuses e dos homens, além daqueles oferecidos pela própria justiça.

Glauco - São belas e sólidas recompensas, bem o vejo.

Sócrates - Porém não são nada, nem pelo número nem pela grandeza, em comparação com o que aguarda, depois da morte, o justo e o injusto. E isto que se deve entender, a fim de que um e outro recebam até o fim o que lhes é devido pela argumentação.

Glauco - Dize, pois há bem poucas coisas que eu escute com mais deleite.

Sócrates - Não é a história de Alcínoo que te vou contar, mas a de um homem valoroso: Her, filho de Armênio, originário de Panfília. Ele morrera numa batalha; dez dias depois, quando recolhiam os cadáveres já putrefatos, o seu foi encontrado intacto. Levaram-no para casa, a fim de o enterrarem, mas, ao décimo segundo dia, quando estava estendido na pira, ressuscitou. Assim que recuperou os sentidos, contou o que tinha visto no além. Quando, disse ele, a sua alma deixara o corpo, pusera-se a caminhar com muitas outras, e juntos chegaram a um lugar divino onde se viam na terra duas aberturas situadas lado a lado, e no céu, ao alto, duas outras que lhes ficavam fronteiras. No meio estavam sentados juízes, que, tendo dado a sua sentença, ordenavam aos justos que se dirigissem à direita na estrada que subia até o céu, depois de terem posto à sua frente um letreiro contendo o seu julgamento; e aos maus que se dirigissem à esquerda na estrada descendente, levando, eles também, mas atrás, um letreiro em que estavam indicadas todas as suas ações. Como ele se aproximasse, por seu turno, os juizes disseram-lhe que devia ser para os homens o mensageiro do além e recomendaram-lhe que ouvisse e observasse tudo o que se passava naquele lugar. Viu as almas que se iam, uma vez julgadas, pelas duas aberturas correspondentes do céu e da terra; pelas duas outras entravam almas que, de um lado, subiam das profundezas da terra, cobertas de sujeira e pó. Do outro, desciam, puras, do céu, e todas essas ai que chegavam sem cessar, pareciam ter feito uma longa viagem. Chegavam à pianície com alegria e acampavam aí como num dia de festa. As que se conheciam desejavam-se as boas-vindas, e as que vinham do seio da terra informavam-se do que se passava no céu. As demais, que vinham do céu, informavam do que se passava debaixo da terra. As primeiras contavam as suas aventuras gemendo e chorando, à lembrança dos inúmeros males e de tudo que tinham sofrido ou visto sofrer, durante a sua estada subterrânea, que tem mil anos de duração, ao passo que as outras, que vinham do céu, falavam de prazeres deliciosos e de visões de extraordinário esplendor. Diziam muitas coisas, Glauco, que exigiriam muito tempo para ser relatadas.

Mas aqui está o resumo, segundo Her. Por determinado número de injustiças que tinha cometido em detrimento de uma pessoa e por determinado número de pessoas em detrimento das quais tinha cometido a injustiça, cada alma recebia, para cada falta, dez vezes a sua punição e cada punição durava cem anos, ou seja, a duração da vida humana, a fim de que a expiação fosse o décuplo do crime. Por exemplo, os que tinham causado a morte de muitas pessoas, seja traindo cidades ou exércitos, seja reduzindo homens à escravidão, seja se prestando a cometer qualquer outro tipo de maldade, eram atormentados dez vezes mais por cada um desses crimes. Os que, em vez disso, tmham praticado o bem à sua volta, tinham sido justos e piedosos, recebiam, na mesma proporção, a recompensa merecida. A respeito dos que foram mortos ainda na infância ou que viveram apenas alguns dias, Er dava outros pormenores que não merece a pena referir. Para a impiedade e a piedade em relação aos deuses e aos pais e para o homicídio, havia, segundo ele, castigos e recompensas ainda maiores.

Ele dizia ter estado presente quando uma alma perguntou a outra onde estava Arideu, o Grande. Este Arideu fora tirano de uma cidade de Panfília mil anos antes dessa época. Havia matado o seu velho pai, o irmão primogénito e cometido, dizia-se, muitos outros sacrilégios. Bem, a alma interrogada respondeu: '- Não veio, não virá nunca a este lugar'."



Veja também / See also:


PROJEÇÃO CONSCIENTE NA ANTIGUIDADE (Relato) (Part 1 of 2)

PROJECIOLOGIA (Histórico / Períodos) [6 de 7]



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