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26 julho 2020

CHARLES MESSIER

CHARLES MESSIER

Charles Joseph Messier nasceu na cidade de Badonvillier, na Lorena, em 26 de Junho de 1730. Aos vinte e um anos foi para Paris, sendo admitido como desenhador e discípulo pelo astrônomo Joseph Nicolas Delisle (1688-1768). Rapidamente se fez notar pela qualidade das suas observações astronômicas e pelos registos que delas obtinha. Em pouco tempo tornou-se um verdadeiro especialista dos instrumentos de observação astronômica, ficando também a seu cargo os arquivos do Observatório da Marinha. Messier foi o primeiro astrônomo francês a estudar o regresso do cometa de Halley, na passagem de 1758-1759. A partir daí ficou fascinado por este tipo de objetos e decidiu lançar-se à descoberta de novos cometas.

As suas qualidades de observador, o nível dos seus trabalhos e a paixão pela Astronomia tornaram-no apreciado pelas instituições científicas da sua época. Foi eleito membro da Royal Society de Londres (1764) e do Bureau des Longitudes. Em 1770 entrou para a Academia das Ciências e tornou-se também membro das academias científicas de São Petersburgo e de Berlim. Durante os seus oitenta e seis anos de vida descobriu 46 cometas, dos quais 21 eram novos (verdadeiras descobertas e não cometas já conhecidos ou anteriormente observados por outros). Nunca houve e dificilmente haverá um descobridor de cometas tão produtivo e empenhado. A sua perseverança era de tal ordem que o rei Luís XV lhe atribuiu o título de "Furet des Comètes" (Bisbilhoteiro dos Cometas).

Charles Messier.

Muitas vezes pensou que tinha descoberto um novo cometa, tendo posteriormente verificado que se tratava de falso alarme: objetos de aparência semelhante, mas que não eram cometas, confundiam-no frequentemente. Não estava especialmente bem equipado: utilizava uma luneta (telescópio refrator) com 108 mm de abertura e os seus enganos eram mais que compreensíveis. Ainda hoje, quem observa um enxame globular, com um telescópio pequeno (que não resolva o enxame) sabe bem que é muitíssimo parecido com um cometa enquanto está longe do Sol e a cauda não se desenvolve. A semelhança também é notável quando se observam algumas galáxias e nebulosas. Messier era um excelente observador, mas os enganos acontecem aos melhores. Farto de falsos alarmes, e para não se voltar a enganar, decidiu fazer uma compilação de tudo o que era observável no céu de Paris e que poderia parecer-se com um cometa, embora não o fosse.

Essa compilação, cuja primeira edição surgiu em 1771 e foi publicada nas Mémoires de l'Académie, ficou conhecida como Catálogo de Messier e incluía nebulosas, enxames de estrelas e galáxias. Pensou, e com razão, que das próximas vezes que observasse um objecto suspeito no céu poderia dissipar dúvidas verificando se esse objecto já constava, ou não, do seu catálogo. Convém recordar que no tempo de Messier a noção de galáxia não existia e o poder de resolução dos telescópios era relativamente fraco; por isso, as galáxias, bem como alguns enxames de estrelas que o seu telescópio não resolvia, receberam no seu catálogo a designação de "nebulosas". Os objetos do Catálogo de Messier são genericamente designados por M seguido do número de ordem da descoberta do objecto correspondente: por exemplo, M1 é a Nebulosa do Caranguejo, na constelação do Touro, M 42 é a Nebulosa de Orionte, M 45 é o enxame estelar aberto das Plêiades, M 31 é a Galáxia de Andrômeda, etc.

Muitas cartas celestes atuais indicam as posições dos objetos de Messier, relativamente às constelações. O catálogo original incluía 103 objetos, mas nem todos foram descobertos pelo próprio Messier. Também há alguns mistérios: M 102 é uma repetição de M 101 (novamente catalogado por engano); M 91 não voltou a ser encontrado na posição indicada por Messier (tratava-se, ironicamente, segundo hoje se crê, de um... cometa!).

Charles Messier faleceu em Paris, a 12 de Abril de 1817. Mais tarde, outros astrônomos acrescentaram alguns objetos à sua lista: Camille Flammarion (1842-1925) acrescentou, como M 104, a galáxia Sombrero (na constelação da Virgem); Helen Hogg (1903-1966) incluiu no catálogo 3 objetos descobertos por Méchain (1744-1804), atribuindo-lhes as designações M 105, M 106 e M 107. Posteriormente a lista foi ampliada com os objetos M 108 e M 109.

Contrariamente à intenção original, os objetos do Catálogo de Messier ficaram famosos por si mesmos e não como lista para desfazer enganos em possíveis descobertas de cometas. O próprio autor ficou mais conhecido por esse catálogo, embora também tenha feito outros trabalhos de mérito. Ainda hoje, grande parte dos objetos mais interessantes de observar em binóculos e pequenos telescópios são os do Catálogo de Messier. Sendo relativamente extensos e acessíveis à observação, estes objetos contribuíram, e continuarão a contribuir para que os astrônomos amadores vivam a alegria e a fascinação da imensidade cósmica.



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