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23 outubro 2017

FÍSICA EM 12 LIÇÕES - fáceis e não tão fáceis - Richard Feynman

Física em 12 lições – fáceis e não tão fáceis é uma seleção de algumas das conferências reunidas nos três volumes das Lectures on Physics, apresentadas no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) entre 1963 e 1965. Essas palestras foram organizadas para incentivar os calouros a continuar o estudo de física. Os professores observavam uma grande evasão de estudantes na época e avaliaram que o evento poderia atrair os alunos para determinadas áreas da disciplina e evitar que eles deixassem a faculdade por desestímulo.

Física em 12 lições – fáceis e não tão fáceis.

Porém, nem com muita simplicidade Feynman conseguiu tornar os assuntos mais complicados acessíveis. A primeira parte do livro compreende as seis lições fáceis. Nelas, são tratados assuntos básicos da física, da estrutura do átomo à mecânica quântica, passando pela teoria da gravitação de Newton. Nessa parte, fórmulas ou cálculos não são usados de maneira extensiva. Exemplos do cotidiano são mencionados com freqüência, principalmente para relacionar a física com as outras ciências. Apesar disso, quando o autor aborda a mecânica quântica o texto se torna bem mais complexo, embora ainda inteligível se lido com a devida atenção.

O showman da física

Nascido em Nova York em 1918, Richard Feynman demonstrou aptidões para matemática desde jovem. Graduou-se em física pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em 1939 e recebeu seu PhD pela Universidade de Princeton em 1942. Ganhou o Nobel em 1965, juntamente com o japonês Sin-Itero Tomanaga e o norte-americano Julian Schwinger, por resolver lacunas na teoria que descrevia as interações entre as partículas subatômicas, conhecida como eletrodinâmica quântica. Feynman foi um grande educador. Desenvolveu uma ferramenta gráfica usada até hoje para representar interações entre subpartículas – os diagramas de Feynman . O norte-americano era conhecido pelo admirável bom humor e por algumas manias. Esteve no Brasil duas vezes nos anos 1950, ocasiões em que aprendeu a apreciar a caipirinha e o carnaval de rua do Rio. Faleceu em 1988, vítima de câncer.

Já nas lições não tão fáceis há muito cálculo. No início o autor descreve a utilização dos vetores e explica o que é simetria das leis físicas. Até aí, com uma razoável base de matemática e geometria, é possível acompanhar o raciocínio de Feynman. Em seguida, ele entra na teoria da relatividade restrita, passa pela explicação sobre o espaço-tempo e termina na definição de espaço curvo. Os trechos teóricos são mais fáceis de entender, mas seu entendimento requer o domínio de certos conceitos matemáticos, como a derivação e integração de funções.

Embora parte do livro não seja plenamente inteligível para leitores sem uma base sólida em física, questões interessantes são abordadas de forma simples. Quando Feynman explica o caráter curvo do espaço, é possível compreender porque não percebemos a curvatura ou a existência de outras dimensões no espaço-tempo. Outro dado curioso é a demonstração de Feynman de que a diferença entre o lado direito e esquerdo tem um fundamento físico e não é apenas uma convenção. Por isso seria possível explicar a um marciano o que é direita e esquerda mesmo que ele não pudesse ver nada do que vemos – desde que ele soubesse fazer um ímã com bobinas e uma corrente elétrica passando por ele.

Física em 12 lições é um livro fundamental para qualquer estudante de física e outras ciências. Apesar da dificuldade conceitual de algumas passagens, as lições de Feynman são uma ferramenta de estímulo à curiosidade dos interessados pelo assunto.

   Física em 12 Lições – fáceis e não tão fáceis
   Richard Feynman (trad.: Ivo Korytowski)
   312 páginas