Andanças no deserto: a civilização egípcia
"O Egito é uma dádiva do Nilo."
(Heródoto)
O Egito faz parte das chamadas “primeiras civilizações da Antiguidade”. Essas civilizações se desenvolveram nas proximidades de grandes rios, que aproveitando o regime de suas águas, fizeram desenvolver a prática da agricultura. Assim, o vale do Nilo foi primordial para a formação da civilização egípcia e os rios Tigre e Eufrates, para a civilização mesopotâmica, por exemplo. Essas civilizações são comumente chamadas de sociedades agrárias ou Impérios Teocráticos de Regadios.
As pirâmides.
O Egito está localizado no Nordeste da África, na região do chamado Crescente Fértil. É marcado geograficamente, pela existência de desertos e pela vasta planície do Nilo. Apenas 5% do seu solo é agricultável. O Nilo corta o país no sentido norte-sul, dividindo a região em duas áreas distintas: o Alto e o Baixo Egito. Foi a fertilidade trazida por esse rio que favoreceu a fixação de povos nessa região tão árida; quando da época das cheias, uma grossa camada de limo fertilizante (húmus) era deixada sob a terra o que possibilitou a semeadura em um agora, terreno rico e fertilizado. Assim, inicialmente contando com esse fator, os egípcios desenvolveram obras hidráulicas que por sua vez, culminaram na drenagem dos pântanos e na distribuição de água por meio de diques e canais. Apesar de verem o Nilo como uma dádiva, como bem já afirmava Heródoto, ele por si só, não garantia uma boa colheita; foi o homem a partir de suas técnicas, que soube transformar a natureza a fim de atender suas necessidades.
Formado a partir de diversos povos, os hamíticos foram os primeiros a habitar a região. A eles se juntaram os semitas e os núbios. Inicialmente divididos em nomos, pequenas unidades políticas governadas por nomarcas, o Egito viu a formação de dois reinos: o Alto e o Baixo Egito, formação que deu-se principalmente, pela prática da agricultura que possibilitou o desenvolvimento de cidades. Por volta de 3200 a. C, o faraó Menés, unifica a região, dando início à era dos grandes faraós. A unificação fez começar o Antigo Império. O Antigo Império foi marcado pelo desenvolvimento de grandes obras agrícolas e arquitetônicas como as pirâmides de Gizé, consideradas uma das sete maravilhas do mundo antigo. Lutas entre monarcas culminaram no fim do Império Antigo, dando início ao Médio Império. Este, conseguiu impor Tebas como sendo a capital. Foi um período próspero marcado por expansões e relações comerciais.
Egito antigo.
Grande interrupção foi dada com a conquista do Egito pelos hicsos, que permaneceram mais de um século na região. Contanto, a união dos egípcios para expulsá-los resultou no Novo Império. Nesse momento, povos (como os hebreus) que haviam se estabelecido no Egito, foram transformados em escravos. Aqui, empreendeu-se uma grande política expansionista, que resultou na anexação da Núbia, Palestina, Síria, Etiópia e Fenícia. Contudo, os momentos seguintes foram de decadência e o Egito foi sucessivamente ocupado por outros povos, anexando-se posteriormente, ao mundo helenístico e à Roma.
A maioria da população egípcia, era camponesa. Os camponeses eram em geral trabalhadores independentes que prestavam serviço nas propriedades e recebiam parte das colheitas, como salário. Os escravos eram geralmente prisioneiros de guerra; constituíam a classe mais explorada. Sacerdotes e sacerdotisas eram muito respeitados, sendo responsáveis por administrar templos e escolas. O soldado estava imerso em um lugar de ascensão. Dentre esse meio, o escriba estava entre os poucos que sabia ler e escrever. O vizir, dentre outras funções, controlava a arrecadação de impostos. Para além desses, havia o artesão e o comerciante. A preocupação com a vida pós-morte, fez surgir a figura do embalsamador, responsável por mumificar corpos. No topo da organização social estava o faraó, filho de Amon-Rá e a encarnação de Horus, responsável por comandar o império de forma teocrática.
Singular, a civilização egípcia foi uma das poucas a equiparar o lugar da mulher ao do homem. Ela era livre para escolher seu marido. Nesse meio, o adultério era aceito e podia ser solicitado por ambas as partes. A mulher era a senhora da casa, chefe do lar. Era ela identificada por sua própria genealogia e vista como elemento de sedução.
A economia no Antigo Egito era marcada pela ausência da propriedade privada da terra, que pertencia à comunidade como um todo. Os trabalhadores recebiam parte das colheitas, ficando o restante nos celeiros do faraó. O comércio era dinâmico, importavam pedras preciosas, marfim, perfumes e madeira, ao mesmo tempo que exportavam cereais, vinho, óleos e papiro.
A sociedade egípcia era marcada por uma profunda religiosidade. Adoravam deuses que eram representados na forma humana ou animal (antropozoomorfia). Além de forças da natureza, répteis, felinos... Entre os principais deuses, temos Osíris (habita o mundo subterrâneo, dos mortos), Seth (senhor do alto), Maat (deusa do equilíbrio, da justiça), Amon (rei dos reis), Anubis (mestre dos sarcafágos, deus dos embalsamadores), Ré (cria o mundo e o mantém vivo), Neftis (protetora dos sarcófagos), Ísis (deusa do amor). Para eles, a vida se estendia para além morte. Para isso, contudo, a alma deveria encontrar o corpo no túmulo, para sua consequente morada eterna. Era preciso conservar o corpo e para isso, havia a técnica da mumificação. Eram retiradas as vísceras, quando então o corpo era imerso em uma solução de carbonato de sódio e em soluções aromáticas. Depois, o corpo era enrolado em panos e só então guardado em seu túmulo. Dentro do sarcófago eram postos joias, frutas, óleos. Mulheres eram pagas para chorar pelos mortos, eram as chamadas carpideiras.
As principais obras de arquitetura egípcia foram templos, pirâmides, mastabas e hipogeus. Quanto à escultura, esfinges, estátuas e sarcófagos merecem nossa atenção. A pintura tinha a função de decoração e representava cenas do dia a dia. Concomitante a essas realizações, os egípcios desenvolveram impressionantes estudos de matemática e astronomia, bem como de medicina.
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26 junho 2014
18 junho 2014
SUMMER 68 (Pink Floyd)
Atom Heart Mother é um álbum de rock progressivo gravado em 1970 pela banda britânica Pink Floyd. Foi gravado nos Abbey Road Studios, Londres. O álbum chegou a Nº 1 de vendas no Reino Unido e a Nº 55 nos Estados Unidos, onde chegou a disco de ouro em Março de 1994. Foi editado em CD com nova mixagem em 1994 no Reino Unido e em 1995 nos EUA.
Atom Heart Mother - Pink Floyd - 1970 - "Summer 68".
Atom Heart Mother (Cover).
A capa do disco é uma das mais enigmáticas da história da música. O bovino mais famoso do rock mundial aparece tanto no vinil, quanto no CD. A rês Lullubelle III, uma cruza das raças holandesa e normanda (ao contrário de suas colegas da contracapa, puramente holandesas), foi fotografada em uma propriedade rural do interior da Inglaterra. A gravadora pagou ao dono da propriedade cerca de mil libras pelos “direitos de imagem” do animal.
As duas faixas mais longas são uma progressão de anteriores peças instrumentais dos Pink Floyd tais como "A Saucerful of Secrets"; A primeira é dividida em seis partes e é tocada com uma orquestra completa e a segunda é um instrumental em três partes com efeitos sonoros e diálogos entre cada parte.
Lado A:
1. "Atom Heart Mother"
Lado B:
1. "If"
2. "Summer '68"
3. "Fat Old Sun"
4. "Alan's Psychodelic Breakfast"
SUMMER 68
Would you like to say something before you leave?
Perhaps you'd care to state exactly how you feel.
We say goodbye before we've said hello.
I hardly even like you. I shouldn't care at all.
We met just six hours ago. The music was too loud.
From your bed I came today and lost a bloody year.
And I would like to know,
How do you feel? How do you feel, how?
How do you feel? How do you feel, how?
Not a single word was said. They lied still without fears.
Occasion'lly you showed a smile, but what was the need?
I felt the cold far too soon in a wind of ninety-five.
My friends are lying in the sun, I wish that I was there.
Tomorrow brings another town, another girl like you.
Have you time before you leave to greet another man
Just you let me know,
How do you feel? How do you feel, how?
How do you feel? How do you feel, how?
Goodbye to you.
Charlotte Kringles' due.
I've had enough for one day.
Atom Heart Mother (Cover).
A capa do disco é uma das mais enigmáticas da história da música. O bovino mais famoso do rock mundial aparece tanto no vinil, quanto no CD. A rês Lullubelle III, uma cruza das raças holandesa e normanda (ao contrário de suas colegas da contracapa, puramente holandesas), foi fotografada em uma propriedade rural do interior da Inglaterra. A gravadora pagou ao dono da propriedade cerca de mil libras pelos “direitos de imagem” do animal.
As duas faixas mais longas são uma progressão de anteriores peças instrumentais dos Pink Floyd tais como "A Saucerful of Secrets"; A primeira é dividida em seis partes e é tocada com uma orquestra completa e a segunda é um instrumental em três partes com efeitos sonoros e diálogos entre cada parte.
Lado A:
1. "Atom Heart Mother"
- "Father's Shout"
- "Breast Milky"
- "Mother Fore"
- "Funky Dung"
- "Mind Your Throats, Please"
- "Remergence"
1. "If"
2. "Summer '68"
3. "Fat Old Sun"
4. "Alan's Psychodelic Breakfast"
- "Rise and Shine"
- "Sunny Side Up"
- "Morning Glory"
Would you like to say something before you leave?
Perhaps you'd care to state exactly how you feel.
We say goodbye before we've said hello.
I hardly even like you. I shouldn't care at all.
We met just six hours ago. The music was too loud.
From your bed I came today and lost a bloody year.
And I would like to know,
How do you feel? How do you feel, how?
How do you feel? How do you feel, how?
Not a single word was said. They lied still without fears.
Occasion'lly you showed a smile, but what was the need?
I felt the cold far too soon in a wind of ninety-five.
My friends are lying in the sun, I wish that I was there.
Tomorrow brings another town, another girl like you.
Have you time before you leave to greet another man
Just you let me know,
How do you feel? How do you feel, how?
How do you feel? How do you feel, how?
Goodbye to you.
Charlotte Kringles' due.
I've had enough for one day.
06 junho 2014
LIXO ESPACIAL
LIXO ESPACIAL
Todo problema tem a hora “certa” de ser tratado. Se nas nossas primeiras investidas espaciais ficássemos preocupados em não deixarmos partes de foguetes; satélites já inoperantes; peças; resíduos; ferramentas; etc., vagando “soltos” no espaço; certamente o nosso desenvolvimento astronáutico teria sido bem mais lento.
Hoje, várias décadas após o Sputnik, a situação é muito diferente. Por um lado, esses “dejetos” (ou “lixo”) gravitando em torno de nosso planeta já são em tão grande número (e o numero deles cresce cada vez mais) que têm ameaçado a segurança de nossos astronautas; naves; satélites; etc.; e em alguns casos, já têm até ameaçado a nossa segurança em terra. Por outro lado, o nosso conhecimento astronáutico chegou a um nível que nos permite investir na procura de soluções práticas e economicamente viáveis para o problema, sem determos nosso desbravamento espacial.
Dia 22/03/2008, um estranho objeto, com um metro de diâmetro, caiu a cerca de 150 metros da sede de uma fazenda em Montividiu, interior de Goiás.
Seria sobra de algum satélite ou foguete? Possivelmente um tanque de combustível?
Essa não é a primeira vez que registramos a queda de lixo espacial em território brasileiro. Em 1995, por exemplo, fragmentos de um satélite chinês de comunicação caíram no interior de São Paulo, no município de Itapira. Em 1966, um tanque de combustível de um foguete Saturno, com um metro de diâmetro caiu na costa do Pará, sendo achado por pescadores.
Nada tão “espetacular”, entretanto, quanto o ocorrido na madrugada de 11 de março de 1978, quando partes de um foguete soviético reentraram na atmosfera acima da cidade do Rio de Janeiro e caíram no Oceano Atlântico. Foi um belo espetáculo. Inúmeros fragmentos, entrando em ignição devido ao atrito com a atmosfera, brilharam intensamente, enquanto “cortavam o céu”. Mas se a reentrada tivesse acontecido alguns minutos depois teríamos uma tragédia, pois a queda seria na área urbana do Rio e não no oceano.
Em fevereiro passado um satélite norte americano desgovernado (usado para espionagem) foi destruído por um míssil, felizmente com “sucesso”, antes que caísse sobre alguma região de nosso planeta. Esse satélite estava carregado com hidrazina, elemento altamente tóxico. A queda desse satélite em área habitada poderia levar a um número incalculável de mortes. A sua explosão, entretanto, produziu um número incalculável de dejetos e detritos que estão orbitando nosso planeta a baixas altitudes (perigeo abaixo de 200km). As suas partes maiores, com mais de 10 centímetros, deverão reentrar na nossa atmosfera em junho e julho próximos.
Em março de 2001 a estação espacial russa Mir, de 120 toneladas, voltou ao nosso planeta em uma queda controlada. Várias partes, algumas com várias toneladas, caíram no Oceano Pacífico Sul, a leste da Nova Zelândia — área essa designada por tratados internacionais como nosso “lixão” espacial.
O “lixo espacial” que mais deixou os cientistas apreensivos foi, sem dúvida alguma, a estação espacial norte americana Skylab, de 69 toneladas, que em julho de 1979 caiu quase que totalmente descontrolada na Terra. Várias de suas partes atingiram o oeste da Austrália e o Oceano Índico. Cerca de quatro anos antes, um estágio de 38 toneladas do foguete Saturno II, que lançou a Skylab, já havia causado apreensão ao cair, também descontroladamente, no Oceano Atlântico, ao sul dos Açores.
Em janeiro de 1979 um satélite militar soviético (Cosmos 954) portando um pequeno reator nuclear ficou descontrolado, vindo a cair no Canadá; felizmente em área desabitada. O serviço de inteligência norte americano chegou a lançar um alarme atômico para os países ocidentais.
Casos como esses em que temos nossas vidas ameaçadas por lixo espacial, aqui, na superfície de nosso planeta, por enquanto ainda são poucos. Entretanto esses corpos, ameaçando nossos satélites, também ameaçam nossas pesquisas; comunicações; informação; economia; etc.; e essa ameaça é diária.
Os números não são precisos, mas segundo levantamento efetuado pela NASA (Agência Espacial Norte Americana), calcula-se que existam por volta de 3,5 milhões de resíduos metálicos; lascas de pintura; plásticos; etc., com dimensões inferiores a um centímetro, orbitando nosso planeta. Objetos entre um e dez centímetros, nessas mesmas condições, devem ser cerca de 17,5 mil; e sete mil com tamanhos maiores que dez centímetros. No total, devemos ter mais de três mil toneladas de lixo espacial orbitando nosso planeta a menos de 200 km de altitude.
Até mesmo partículas ínfimas como pequeníssimas lascas de pintura, podem danificar irremediavelmente uma nave ou um satélite ou mesmo matar um astronauta devido às altíssimas velocidades que adquirem. A velocidade média desses dejetos é da ordem de 25 mil km/h.
O acidente espacial mais grave até hoje registrado aconteceu em julho de 1996. Um satélite militar francês (Cerise) foi atingido por um fragmento de um foguete também francês (Ariane) que dez anos antes havia explodido no espaço. O satélite se desestabilizou, vindo a cair, felizmente de forma controlada, em nosso planeta.
Algumas ações (por enquanto ainda tímidas) têm sido realizadas para se enfrentar o problema do lixo espacial. Em fevereiro de 2007, a ONU deu um passo importante nesse sentido, aprovando as “Diretrizes para a Redução dos Dejetos Espaciais”, em reunião do Sub-comitê Técnico-Científico do Comitê da ONU para o Uso Pacífico do Espaço (COPUOS).
Tais diretrizes, entretanto, não têm sido seguidas. Em julho de 2007, por exemplo, os astronautas Clay Anderson e Fyodor Yurchikhin, “limpando” a Estação Espacial Internacional, descartaram no espaço um tanque de amônia de 636 kg.
Todo problema tem a hora “certa” de ser tratado. Se nas nossas primeiras investidas espaciais ficássemos preocupados em não deixarmos partes de foguetes; satélites já inoperantes; peças; resíduos; ferramentas; etc., vagando “soltos” no espaço; certamente o nosso desenvolvimento astronáutico teria sido bem mais lento.
Hoje, várias décadas após o Sputnik, a situação é muito diferente. Por um lado, esses “dejetos” (ou “lixo”) gravitando em torno de nosso planeta já são em tão grande número (e o numero deles cresce cada vez mais) que têm ameaçado a segurança de nossos astronautas; naves; satélites; etc.; e em alguns casos, já têm até ameaçado a nossa segurança em terra. Por outro lado, o nosso conhecimento astronáutico chegou a um nível que nos permite investir na procura de soluções práticas e economicamente viáveis para o problema, sem determos nosso desbravamento espacial.
Dia 22/03/2008, um estranho objeto, com um metro de diâmetro, caiu a cerca de 150 metros da sede de uma fazenda em Montividiu, interior de Goiás.
Seria sobra de algum satélite ou foguete? Possivelmente um tanque de combustível?
Essa não é a primeira vez que registramos a queda de lixo espacial em território brasileiro. Em 1995, por exemplo, fragmentos de um satélite chinês de comunicação caíram no interior de São Paulo, no município de Itapira. Em 1966, um tanque de combustível de um foguete Saturno, com um metro de diâmetro caiu na costa do Pará, sendo achado por pescadores.
Nada tão “espetacular”, entretanto, quanto o ocorrido na madrugada de 11 de março de 1978, quando partes de um foguete soviético reentraram na atmosfera acima da cidade do Rio de Janeiro e caíram no Oceano Atlântico. Foi um belo espetáculo. Inúmeros fragmentos, entrando em ignição devido ao atrito com a atmosfera, brilharam intensamente, enquanto “cortavam o céu”. Mas se a reentrada tivesse acontecido alguns minutos depois teríamos uma tragédia, pois a queda seria na área urbana do Rio e não no oceano.
Em fevereiro passado um satélite norte americano desgovernado (usado para espionagem) foi destruído por um míssil, felizmente com “sucesso”, antes que caísse sobre alguma região de nosso planeta. Esse satélite estava carregado com hidrazina, elemento altamente tóxico. A queda desse satélite em área habitada poderia levar a um número incalculável de mortes. A sua explosão, entretanto, produziu um número incalculável de dejetos e detritos que estão orbitando nosso planeta a baixas altitudes (perigeo abaixo de 200km). As suas partes maiores, com mais de 10 centímetros, deverão reentrar na nossa atmosfera em junho e julho próximos.
Em março de 2001 a estação espacial russa Mir, de 120 toneladas, voltou ao nosso planeta em uma queda controlada. Várias partes, algumas com várias toneladas, caíram no Oceano Pacífico Sul, a leste da Nova Zelândia — área essa designada por tratados internacionais como nosso “lixão” espacial.
O “lixo espacial” que mais deixou os cientistas apreensivos foi, sem dúvida alguma, a estação espacial norte americana Skylab, de 69 toneladas, que em julho de 1979 caiu quase que totalmente descontrolada na Terra. Várias de suas partes atingiram o oeste da Austrália e o Oceano Índico. Cerca de quatro anos antes, um estágio de 38 toneladas do foguete Saturno II, que lançou a Skylab, já havia causado apreensão ao cair, também descontroladamente, no Oceano Atlântico, ao sul dos Açores.
Em janeiro de 1979 um satélite militar soviético (Cosmos 954) portando um pequeno reator nuclear ficou descontrolado, vindo a cair no Canadá; felizmente em área desabitada. O serviço de inteligência norte americano chegou a lançar um alarme atômico para os países ocidentais.
Casos como esses em que temos nossas vidas ameaçadas por lixo espacial, aqui, na superfície de nosso planeta, por enquanto ainda são poucos. Entretanto esses corpos, ameaçando nossos satélites, também ameaçam nossas pesquisas; comunicações; informação; economia; etc.; e essa ameaça é diária.
Os números não são precisos, mas segundo levantamento efetuado pela NASA (Agência Espacial Norte Americana), calcula-se que existam por volta de 3,5 milhões de resíduos metálicos; lascas de pintura; plásticos; etc., com dimensões inferiores a um centímetro, orbitando nosso planeta. Objetos entre um e dez centímetros, nessas mesmas condições, devem ser cerca de 17,5 mil; e sete mil com tamanhos maiores que dez centímetros. No total, devemos ter mais de três mil toneladas de lixo espacial orbitando nosso planeta a menos de 200 km de altitude.
Até mesmo partículas ínfimas como pequeníssimas lascas de pintura, podem danificar irremediavelmente uma nave ou um satélite ou mesmo matar um astronauta devido às altíssimas velocidades que adquirem. A velocidade média desses dejetos é da ordem de 25 mil km/h.
O acidente espacial mais grave até hoje registrado aconteceu em julho de 1996. Um satélite militar francês (Cerise) foi atingido por um fragmento de um foguete também francês (Ariane) que dez anos antes havia explodido no espaço. O satélite se desestabilizou, vindo a cair, felizmente de forma controlada, em nosso planeta.
Algumas ações (por enquanto ainda tímidas) têm sido realizadas para se enfrentar o problema do lixo espacial. Em fevereiro de 2007, a ONU deu um passo importante nesse sentido, aprovando as “Diretrizes para a Redução dos Dejetos Espaciais”, em reunião do Sub-comitê Técnico-Científico do Comitê da ONU para o Uso Pacífico do Espaço (COPUOS).
Tais diretrizes, entretanto, não têm sido seguidas. Em julho de 2007, por exemplo, os astronautas Clay Anderson e Fyodor Yurchikhin, “limpando” a Estação Espacial Internacional, descartaram no espaço um tanque de amônia de 636 kg.
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