Postagem em destaque

BRAVE NEW WORLD / ADMIRÁVEL MUNDO NOVO / UN MUNDO FELIZ (Part 2 of 2)

THE MIKE WALLACE INTERVIEW - GUEST: ALDOUS HUXLEY - 05/18/1958. ENTREVISTA DE MIKE WALLACE -  CONVIDADO: ALDOUS HUXLEY - 18/05/1958....

13 novembro 2025

HELIODON movimento aparente do Sol

HELIODON

Heliodon é um equipamento utilizado para simular o movimento aparente do Sol, em qualquer local da Terra, para ajustar o ângulo entre uma superfície plana e um feixe de luz e assim combinar o ângulo entre um plano horizontal em uma latitude específica e o feixe solar. Heliodons são usados por arquitetos e estudantes da arquitetura, além de outras áreas e profissões. Colocando-se um edifício modelo (maquete) no heliodon e fazendo incidir sobre ele uma fonte luminosa, conforme os ângulos solares, o observador pode ver como o edifício se comporta em relação ao Sol em várias datas e horas do dia:


Princípio de funcionamento de um Heliodon.


Heliodon de Analemas.


A terra é uma esfera no espaço que intercepta constantemente um cilindro de raios (radiação) paralelos oriundos do Sol. Estes raios, ao atingirem a crosta terrestre, formam os ângulos solares que são determinados em função:

  • das coordenadas de latitude e longitude do local, que dá sua posição no globo terrestre;
  • da hora no local (fuso horário);
  • da data ou estação do ano.

O uso principal de um heliodon, em arquitetura, é como um facilitador no entendimento do fenômeno do movimento aparente do Sol.

Pode ser usado também em outras áreas tais como na geografia, física, astronomia, navegação e muitas outras, que necessitem ou simular ou se orientar pela posição solar ou ainda seu efeitos, ou seja, a iluminação natural ou as sombras projetadas pelo Sol.

  • Diz-se que é movimento aparente do Sol porque do ponto de observação dos habitantes da Terra, esta parece estática, dando a impressão de que é o Sol que se movimenta em relação a ela, quando na realidade ocorre o contrário. Os movimentos da Terra são a rotação - giro em torno de seu eixo, que dura 24 horas e leva à existência de dias e noites, e a translação - órbita elíptica em torno do Sol, que dura um ano, e, junto com a inclinação do eixo terrestre, leva à existência das diferentes estações.



*     **     ***     **     *

12 novembro 2025

BRAÇOS DE GALÁXIAS ESPIRAIS

Braços de galáxias espirais


As galáxias espirais são caracterizadas por seus braços. A maioria das galáxias espirais têm 2 ou 4 braços.


NGC1097 [NASA, JPL-Caltech, SINGS Team (SSC)].



NGC1097 [NASA, JPL-Caltech, SINGS Team (SSC)].


M101 [Adam Block, Mt. Lemmon SkyCenter, U. Arizona].


Nas galáxias espirais, as estrelas e o gás que estão no disco, giram em torno do centro galáctico com a mesma velocidade em km/s. Assim, as estrelas mais próximas do centro completam uma volta mais rapidamente do que as estrelas mais distantes. Isto é chamado de rotação diferencial.


Os braços não são compostos pelas mesmas estrelas. Se fossem, eles se enrolariam sempre e acabariam desaparecendo devido à rotação diferencial das estrelas do disco.

Na animação ao lado, cada braço tem uma cor diferente para facilitar sua identificação.


A espiral em uma galáxia é como uma onda que se propaga no disco. A forma da espiral não muda, isto é, o padrão espiral gira como um corpo sólido (mas não é sólido!).


Os braços espirais e as estrelas não giram da mesma forma. Na região mais central, as estrelas giram mais rápido do que os braços. Na região mais externa o braço gira mais rápido do que as estrelas. Onde os braços e as estrelas giram com a mesma velocidade é chamado corrotação.


Os braços espirais podem ser vistos como um congestionamento de órbitas. As órbitas das estrelas não são exatamente circulares. Podemos decompor o movimento das estrelas em um movimento circular principal e oscilações radiais, tangenciais e verticais menores. A composição destes movimentos resulta em uma órbita elíptica.

Se estas órbitas elípticas forem giradas, uma em relação às outras, podemos ter uma situação onde as trajetórias das estrelas se aproximam mais. Com isto podemos ter um padrão espiral.


As estrelas, seguindo suas órbitas elípticas e precessionadas uma em relação às outras, vão se acumular formando o padrão. Note que a espiral não é feita pelas mesmas estrelas.

Na região central, as estrelas passam pelos braços, ultrapassando-os. Na região externa, as estrelas vão ficando para trás em relação aos braços, que nesta posição longe do centro, giram mais rápido do que as estrelas.


A simulação, de uma galáxia espiral com bojo, disco e halo, foi feita com aproximadamente 100 mil partículas.

Podemos comparar o desenvolvimento de braços espirais em uma galáxia isolada e outra com um satélite (40% da massa do disco).

Esta simulação representa cerca de 1,2 bilhão de anos de evolução.



*     *     *     *     *

11 novembro 2025

◙ ROTAÇÃO DIFERENCIAL DO SOL

Rotação Diferencial / Differential Rotation


A rotação diferencial do Sol significa que ele não gira como um corpo rígido, mas de forma desigual, pois sua natureza de gás e plasma permite que diferentes partes girem em velocidades diferentes. A região equatorial completa uma rotação mais rapidamente (cerca de 24,5 dias) do que as regiões polares (cerca de 38 dias). Esse movimento assimétrico estica e distorce as linhas do campo magnético solar, o que está relacionado à atividade solar, como manchas solares, erupções solares e ejeções de massa coronal. 


Pela sua composição gasosa, o Sol gira como corpo fluído (não rígido). O período de rotação varia com a latitude: mínimo no equador (onde a velocidade de rotação é máxima); máximo nos polos (onde a velocidade de rotação é mínima).


A rotação diferencial é observada quando diferentes partes de um objeto em rotação se movem com diferentes velocidades angulares (ou taxas de rotação) em diferentes latitudes e/ou profundidades do corpo e/ou ao longo do tempo. Isso indica que o objeto não é rígido. Em objetos fluidos, como discos de acreção, isso leva ao cisalhamento. Galáxias e protoestrelas geralmente apresentam rotação diferencial; exemplos no Sistema Solar incluem o Sol, Júpiter e Saturno.

Por volta do ano de 1610, Galileu Galilei observou manchas solares e calculou a rotação do Sol. Em 1630, Christoph Scheiner relatou que o Sol tinha diferentes períodos de rotação nos polos e no equador, em boa concordância com os valores modernos.


Causa

Estrelas e planetas giram, em primeiro lugar, porque a conservação do momento angular transforma a deriva aleatória de partes da nuvem molecular da qual se formam em movimento rotacional à medida que se aglutinam. Dada essa rotação média de todo o corpo, a rotação diferencial interna é causada pela convecção em estrelas, que é um movimento de massa devido a gradientes acentuados de temperatura do núcleo para fora. Essa massa carrega uma parte do momento angular da estrela, redistribuindo assim a velocidade angular, possivelmente até mesmo para longe o suficiente para que a estrela perca velocidade angular em ventos estelares. A rotação diferencial, portanto, depende das diferenças de temperatura em regiões adjacentes.


Medição

Existem muitas maneiras de medir e calcular a rotação diferencial em estrelas para verificar se diferentes latitudes têm velocidades angulares diferentes. A mais óbvia é rastrear pontos na superfície estelar.

O alargamento das linhas de absorção no espectro óptico é uma manifestação do efeito Doppler, que permite medir a velocidade de rotação do Sol. A rotação diferencial solar, onde diferentes latitudes giram em velocidades diferentes, também é observada e confirmada através do movimento de estruturas magnéticas, como as manchas solares, em magnetogramas. 


Alargamento das Linhas de Absorção e Rotação

  • Princípio do Efeito Doppler: Devido à rotação do Sol, o lado que se aproxima do observador tem sua luz deslocada para comprimentos de onda mais curtos (azul), enquanto o lado que se afasta tem sua luz deslocada para comprimentos de onda mais longos (vermelho).
  • Alargamento da Linha: Como a superfície visível do Sol (fotosfera) tem partes se movendo em diferentes velocidades relativas à linha de visada, a superposição de todos esses deslocamentos Doppler resulta em um alargamento das linhas de absorção no espectro óptico.
  • Componente da Velocidade de Rotação (Vrot . sin(i)): Apenas a componente da velocidade de rotação na direção da linha de visada, dada por Vrot . sin(i) [onde (i) é o ângulo entre a linha de visada e o eixo de rotação], pode ser medida diretamente.


Rotação Diferencial em Magnetogramas

  • Magnetogramas: São imagens especializadas que mapeiam a intensidade e a polaridade dos campos magnéticos na superfície do Sol (fotosfera).
  • Observação da Rotação Diferencial: Estruturas magnéticas, como manchas solares e regiões ativas, estão presas ao plasma solar. Ao rastrear essas estruturas nos magnetogramas ao longo de vários dias, observa-se que as feições próximas ao equador (baixas latitudes) movem-se mais rapidamente do que as feições em latitudes mais altas (próximas aos polos).
  • Períodos de Rotação: O período de rotação no equador solar é de aproximadamente 25 dias terrestres, enquanto perto dos polos é de cerca de 36 dias.

Portanto, tanto a análise espectroscópica do alargamento das linhas de absorção quanto o rastreamento de feições em magnetogramas são métodos complementares que confirmam a natureza da rotação diferencial do Sol.


Efeitos

Espera-se que os gradientes na rotação angular causados ​​pela redistribuição do momento angular dentro das camadas convectivas de uma estrela sejam o principal fator na geração do campo magnético em larga escala, por meio de mecanismos magneto-hidrodinâmicos (dínamo) nos envelopes externos. A interface entre essas duas regiões é onde os gradientes de rotação angular são mais fortes e, portanto, onde se espera que os processos de dínamo sejam mais eficientes.

  • A rotação diferencial interna é uma parte dos processos de mistura em estrelas, misturando os materiais e o calor/energia das estrelas.
  • A rotação diferencial afeta os espectros de linhas de absorção óptica estelar por meio do alargamento das linhas causado por linhas com diferentes deslocamentos Doppler na superfície estelar.
  • A rotação diferencial solar causa cisalhamento na chamada taquoclina. Esta é uma região onde a rotação muda de diferencial na zona de convecção para uma rotação quase de corpo sólido no interior, a 0,71 raio solar do centro.


Nível de superfície

Para manchas solares observadas, a rotação diferencial pode ser calculada como:



Sol / Sun


Formato das linhas de campo solar no decorrer do tempo.


No Sol, o estudo das oscilações revelou que a rotação é aproximadamente constante em todo o interior radiativo e variável com o raio e a latitude dentro do envelope convectivo. O Sol tem uma velocidade de rotação equatorial de ~2 km/s; sua rotação diferencial implica que a velocidade angular diminui com o aumento da latitude. Os polos realizam uma rotação a cada 34,3 dias e o equador a cada 25,05 dias, conforme medido em relação a estrelas distantes (rotação sideral).

A natureza altamente turbulenta da convecção solar e as anisotropias induzidas pela rotação complicam a dinâmica da modelagem. As escalas de dissipação molecular no Sol são pelo menos seis ordens de magnitude menores que a profundidade do envelope convectivo. Uma simulação numérica direta da convecção solar teria que resolver toda essa gama de escalas em cada uma das três dimensões. Consequentemente, todos os modelos de rotação diferencial solar devem envolver algumas aproximações relativas ao momento e ao transporte de calor por movimentos turbulentos que não são explicitamente computadas. Assim, as abordagens de modelagem podem ser classificadas como modelos de campo médio ou simulações de grandes turbilhões, de acordo com as aproximações.


Discos Galácticos

Discos Galácticos não giram como corpos sólidos, mas sim de forma diferencial. A curva de rotação galáctica é frequentemente interpretada como uma medida do perfil de massa de uma galáxia, pois a velocidade de rotação de suas estrelas em diferentes distâncias do centro é usada para inferir a quantidade e distribuição de massa presente. A discrepância entre as curvas de rotação observadas e as previsões baseadas apenas na matéria visível levou à hipótese da existência de matéria escura, que compõe uma parte significativa da massa total da galáxia e se estende até o halo. 

  • Diferença com o Sistema Solar: Ao contrário do Sistema Solar, onde a velocidade orbital diminui à medida que a distância do Sol aumenta (seguindo as leis de Kepler), as estrelas nas partes externas das galáxias espirais giram muito mais rápido do que o esperado. Isso indica que há mais massa do que a matéria visível (estrelas, gás e poeira) pode explicar.
  • Matéria escura: A presença de matéria escura, que não emite luz, mas possui massa, é a explicação mais aceita para a velocidade de rotação observada.
  • Distribuição de massa: A curva de rotação de uma galáxia pode ser decomposta nas contribuições individuais do bojo, disco e halo para determinar a massa de cada componente e seu perfil de massa.
  • Cálculo da massa: A relação entre a velocidade orbital (v), a distância ao centro (r) e a massa contida dentro dessa órbita (M) é dada pela lei da gravitação de Newton: M(r) = (v² . r) / G, onde (G) é a constante gravitacional. Analisando a curva de rotação observada, os astrônomos podem calcular o perfil de massa e deduzir a distribuição de matéria visível e escura.



*     *     *     *     *

10 novembro 2025

09 novembro 2025

KANSAS (1982) Play the game tonight


PLAY THE GAME TONIGHT (KANSAS)

Band: Kansas - Album: Vinyl Confessions - Country: USA


You think that something's happening

And it's bigger than your life

But it's only what you're hearing

Will you still remember

When the morning light has come?

Will the songs be playing over and over

'Til you do it all over again?


       Play (play), play the game tonight

       Can you tell me if it's wrong or right?

       Is it worth the time? Is it worth the price?

       Do you see yourself in a white spotlight?

       Then play the game tonight


And when the curtains open

To the roaring of the crowd

You will feel it all around you

Then it finally happens

And it's all come true for you

And the songs are playing over and over

'Til you do it all over again


       Play (play), play the game tonight

       Can you tell me if it's wrong or right?

       Is it worth the time? Is it worth the price?

       Do you see yourself in the white spotlight?

       Then play the game tonight


              Play (play), play the game tonight

              Can you tell me if it's wrong or right?

              Is it worth the time? Is it worth the price?

              Do you see yourself in the white light?

              Play (play), play the game tonight

              Can you tell me if it's wrong or right?

              Is it worth the time? Is it worth the price?

              Do you see yourself in the white spotlight?


VINYL CONFESSIONS (1982).


KANSAS

John Elefante – keyboards, lead vocals

Kerry Livgren – guitar, keyboards, Synclavier programming

Robby Steinhardt – violin, vocals, lead vocals on "Crossfire"

Rich Williams – guitar

Dave Hope – bass

Phil Ehart – drums



*   *   *   *   *

05 novembro 2025

POSTAGEM Nº 800

POSTAGEM Nº 800

Abaixo o estereograma do selo comemorativo da postagem n° 800, octingentésima, que eu fiz usando o Power Point, isso mesmo, dá para fazer estereogramas usando recursos mistos do Power Point e do aplicativo Paint, sem usar softwares especiais específicos para fazer estereogramas. Quase ninguém sabe dessa possibilidade.


SELO DA 800ª POSTAGEM.


Estereograma do Selo Comemorativo da "Postagem n° 800 do PORTAL FURNARI", usando o Ícone do Portal como inspiração (clique na imagem para ampliar e veja o selo em 3D). Fique com os olhos perpendiculares à imagem. Junte as duas figuras do selo no centro "cruzando os olhos" para visualizar. O fundo escuro serve para facilitar a visualização.


Para comemorar a Postagem n° 800, segue uma listagem de alguns links de posts interessantes do site.


LISTA COMEMORATIVA:


LÍBIA 2011 - EU ESTIVE LÁ / LIBYA 2011 - I WAS THERE;

COSMOS (Parte 1 de 13);

HYPERCUBE (Tesseract, Penteract, Hexeract...);

ESPIRAL DE FIBONACCI / PROPORÇÃO ÁUREA;

PALEONTOLOGIA (Livros: vol. 1, vol. 2 e vol. 3);

UM BINÓCULO PARA VER OBJETOS CELESTES;

RAIZ QUADRADA (Método de Newton);

CLASSICAL MUSIC / MÚSICA CLÁSSICA;

ESCALA DA CONSCIÊNCIA CONTÍNUA;

The World We Live In (O Mundo em que Vivemos).



*     *     *

04 novembro 2025

O MÍNIMO SOBRE LITERATURA

Visão geral do livro


O MÍNIMO SOBRE LITERATURA - LIVRO DE RODRIGO GURGEL.


Não há melhor maneira de compreender as paixões e os comportamentos do que imergir na obra dos grandes escritores. Se o objeto da literatura é a própria condição humana, aquele que lê as grandes obras e as compreende se tornará um conhecedor de si próprio e também do ser humano.

"O Mínimo Sobre Literatura" de Rodrigo Gurgel não é um guia de obras clássicas, mas sim uma reflexão sobre o essencial para entender a literatura e o seu papel na vida humana. O livro defende que a literatura é uma forma de auto-conhecimento e crítica da realidade, que nos permite entender os dramas humanos, o que nos move e questionar o mundo através das histórias e personagens.


  • Não é um manual: o livro não é um guia de movimentos literários ou uma lista de clássicos a serem lidos.
  • Foco no "porquê": explora o que a literatura é de verdade e qual a sua importância fundamental, indo além da sala de aula.
  • Ferramenta de autoconhecimento: ajuda a compreender a si mesmo e o mundo ao se colocar no lugar de personagens com diferentes realidades e sentimentos.
  • Crítica da realidade: através da ficção, a literatura permite que o leitor tenha uma visão mais ampla da vida e da condição humana.
  • Conexão com o "ser": a leitura de grandes obras é apresentada como uma forma de conhecer a alma dos autores, entendendo os dramas humanos e seus motivos.
  • Um despertar: o livro propõe que a literatura é um meio para se despertar para a realidade e para o "verdadeiro ser", indo além de percepções limitadas. 


Website do Rodrigo Gurgel.



*       *       *

01 novembro 2025

Cornucópia - cornu copiæ - horn of plenty - κέρας Ἀμαλθείας

CORNUCÓPIA



(Do latim cornu copiæ). Vaso em forma de chifre que representa a prosperidade e a abundância.



A cornucópia, também conhecida como chifre da abundância, é um símbolo de prosperidade e fartura que remonta ao século V a.C.

Na mitologia grega, a cabra Amaltheia amamentava Zeus (Júpiter na mitologia romana). Quando criança, Zeus quebrou acidentalmente um dos chifres da cabra enquanto brincava com um de seus raios. Para compensar Amaltheia, ele concedeu ao chifre quebrado o poder de dar ao seu possuidor qualquer coisa que desejasse. Daí surgiu a lenda da cornucópia. Representações originais mostravam o chifre da cabra cheio de frutas e flores: diversas divindades, especialmente Fortuna, eram representadas com o chifre da abundância. Imagens mais modernas, como as usadas em murais de Ação de Graças, mostram uma cesta de vime em forma de chifre cheia de frutas e legumes.



*   *   *   *   *

27 outubro 2025

A ERUPÇÃO DO VULCÃO VESÚVIO EM 79 d.C.

VESÚVIO EM 79 d.C.


Antes da erupção vulcânica de 79 d.C., o Vesúvio era uma montanha adormecida, sem nome. As cidades ao seu redor, como Pompeia, viviam uma era de prosperidade, com uma vida urbana vibrante, arquitetura avançada e atividades comerciais e culturais intensas. Embora não soubessem que era um vulcão, as cidades já tinham experimentado terremotos como o de 63 d.C., que foram sinais de alerta ignorados pelos habitantes.


O pior dia de Pompeia e Herculano.


LINHA DO TEMPO

Erupção (13h00)

A pressão acumulada na câmara magmática levou à formação de um material semelhante à espuma dentro da rocha derretida. Quando essa pressão se tornou insuportável, a rocha que selava a boca do Vesúvio explodiu e o vulcão irrompeu em uma coluna de gás super aquecido e pedra-pomes que alcançou altitudes de até vinte milhas.

A coluna era visível em toda a Baía, mas muitos em Pompeia continuaram suas atividades cotidianas sem perceber a gravidade da situação. Em Herculano, no entanto, os habitantes sentiram com maior intensidade os tremores e foram os primeiros a testemunhar relâmpagos vulcânicos decorrentes da explosão.


30 minutos após a erupção (13h30)

À medida que a erupção prosseguia, os detritos lançados pela coluna começaram a perder força. Embora normalmente o vento levasse as cinzas para longe da cidade, nesse dia específico, as nuvens começaram a se deslocar diretamente sobre Pompeia. Com o aumento da altura da coluna, as cinzas ferventes se misturaram ao ar fresco e solidificaram-se em pedras de pedra-pomes que começaram a cair sobre a cidade.

A chuva contínua de pedra-pomes durou quase todo o período da erupção. Embora essas pedras leves causassem pouco dano imediato, elas cobriram ruas e telhados com uma camada espessa de cinzas. Por serem flutuantes na água, podiam ser vistas nos poços e fontes públicas, levando os cidadãos a acreditar que eram inofensivas. Contudo, entre as pedras mais leves estavam rochas vulcânicas densas e frias que caíam com velocidades superiores a duzentas milhas por hora — essas causaram as primeiras fatalidades entre os habitantes.

Conforme as nuvens avançavam pelo céu, o sol foi encoberto gradualmente por escuridão crescente. A cidade de Stabiae observava ansiosamente enquanto se aproximava a nuvem ameaçadora; Herculano permaneceu livre das chuvas de pedra-pomes, mas ficou sob efeito dos terremotos que aterrorizavam seus cidadãos.

No outro lado da Baía, Plínio, o Jovem foi despertado por sua mãe ao observarem juntos a imensa coluna que agora tomara forma semelhante à de um pinheiro-ombra. Seu tio Plínio, o Velho era almirante da frota baseada em Misenum e também um naturalista curioso. Assim que avistou a erupção, ordenou que um pequeno barco fosse preparado para estudar o fenômeno mais de perto.


1 hora após a erupção (14h00)

Pouco depois da explosão inicial, Pompeia mergulhou na escuridão total enquanto continuava a chuva incessante das pedras-pomes. O pânico tomou conta dos cidadãos que tentavam desesperadamente deixar a cidade pela Porta Marina. A quantidade massiva de pessoas tentando escapar obstruiu completamente os portões.

No acampamento naval em Misenum, Plínio estava prestes a lançar seu barco quando recebeu notícias alarmantes por meio de um mensageiro enviado por Rectina. Ela pedia ajuda, pois estava presa em Stabiae junto com outros moradores incapazes de fugir pelo mar devido às más condições climáticas.

Diante dessa urgência, Plínio ordenou que toda sua frota estivesse pronta para lançar-se ao mar e ajudar nas operações de resgate.


3 horas após a erupção (16h00)

No céu acima do Vesúvio, partículas de magma colidiam gerando relâmpagos vulcânicos visíveis à distância.


4 horas após a erupção (17h00)

A primeira estrutura começou a desabar sob o peso das pedras acumuladas nas coberturas das casas em Pompeia. O fornecimento de água tornou-se escasso; os poços estavam obstruídos pelas cinzas deixadas pela erupção e não havia acesso à água potável.

No porto em Misenum, Plínio lançou sua frota ao mar; seu sobrinho decidiu ficar para continuar seus estudos — uma escolha pela qual seu tio ficou desapontado inicialmente, mas cujas anotações seriam cruciais para registrar os eventos da tragédia.


5 horas após a erupção (18h00)

A frota cruzou pela Baía enfrentando tempestades compostas por cinzas e detritos ardentes ao passar por Herculano, onde os cidadãos tentavam sinalizar por socorro. Apesar das condições adversas no mar devido aos ventos contrários e chuvas intensas dos detritos vulcânicos acumulados no ar sobre eles.


6 horas após a erupção (19h00)

A coluna acima do Vesúvio havia alcançado alturas inimagináveis; nas ruas desertas de Pompeia restavam apenas animais abandonados amarrados nas calçadas. Aqueles que haviam decidido buscar abrigo nas casas agora estavam presos sob os escombros à medida que as estruturas começaram a sucumbir sob o peso das cinzas.


8 horas após a erupção (21h00)

Pela manhã seguinte, Plínio chegou ao porto em Stabiae onde encontrou seu amigo Pomponianus pronto para partir, mas impossibilitado pela força do vento contrário — assim como todos os demais na costa.


13 horas após a erupção (01h00)

A coluna começou então sua queda; parte dela desabou enviando uma onda quente e mortal rumo Herculano, onde muitos habitantes aguardavam socorro na praia sem saber do perigo iminente — sendo incinerados instantaneamente sob temperaturas extremas quando as nuvens quentes os alcançaram.


16 horas após a erupção (04h00)

A segunda onda colapsou totalmente; novas camadas sufocaram Herculano enquanto outra onda tóxica atingiu Pompeia — criando um cenário apocalíptico onde qualquer sobrevivente remanescente sucumbiu aos gases venenosos ou às cinzas sufocantes.


A Tragédia Final

Pelo amanhecer seguinte muito pouco restava das vidas outrora vibrantes nessas cidades: recursos foram mobilizados desde Roma para tentar auxiliar aqueles que haviam sobrevivido aos desastres naturais, mas encontraram apenas ruínas onde antes havia vida — fazendo com que esse evento fosse não apenas uma tragédia humana mas também uma lição histórica eterna sobre as forças poderosas da natureza.


"O Último Dia de Pompeia", pintura de Karl Brullov, 1830 - 1833.



*     *     *


A ERUPÇÃO DO VESÚVIO / THE ERUPTION OF VESUVIUS;


*     *     *

20 outubro 2025

FÓRMULA 1 80's

FÓRMULA 1 - anos 80


Senna, Prost, Mansell e Piquet em 1986.


Anatomie d'un départ é um curta-metragem produzido pela empresa petrolífera Elf no ano de 1986, sobre os preparativos para uma corrida de Fórmula 1. O filme foca nos detalhes da preparação dos carros e das equipes.


Anatomie d'un départ - F1 80's.


O curta metragem foi lançado em meados da década de 80 e pode ser encontrado em sites de vídeos na internet.


Detalhes do curta-metragem:

  • Título: Anatomie d'un départ (Anatomia de uma partida);
  • Produção: Elf;
  • Década: Anos 80;
  • Tema: Preparação e bastidores da Fórmula 1.



*       *       *       *       *

15 outubro 2025

◙ NETUNO / NEPTUNE (Part 1 of 3)

◙ NETUNO / NEPTUNE


Netuno é o oitavo planeta do Sistema Solar, o último a partir do Sol desde a reclassificação de Plutão para a categoria de planeta anão em 2006. Pertencente ao grupo dos gigantes gasosos, possui um tamanho ligeiramente menor que o de Urano, mas maior massa, equivalente a 17 massas terrestres. Netuno orbita o Sol a uma distância média de 30,1 unidades astronômicas.


A observação do planeta em infravermelho evidencia a emissão de energia térmica do planeta, muito superior à energia recebida do Sol.


O planeta é formado por um pequeno núcleo rochoso ao redor do qual encontra-se uma camada formada possivelmente por água, amônia e metano sobre a qual situa-se sua turbulenta atmosfera, constituída predominantemente de hidrogênio e hélio. De fato, notáveis eventos climáticos ocorrem em Netuno, inclusive a formação de diversas camadas de nuvens, tempestades ciclônicas visíveis, como a já extinta Grande Mancha Escura, além dos ventos mais rápidos do Sistema Solar, que atingem mais de 2 000 km/h. A radiação solar recebida por Netuno não seria suficiente para fornecer tamanha energia à turbulenta atmosfera, pelo que descobriu-se que o calor irradiado do centro do planeta possui um papel importante na manutenção destes eventos meteorológicos extremos. A pequena quantidade de metano nas camadas altas da atmosfera é, em parte, responsável pela coloração azul do planeta.

Ao redor de Netuno orbitam quatorze satélites naturais conhecidos, dos quais destaca-se Tritão, de longe o maior. Um tênue e incomum sistema de anéis também existe, exibindo uma estrutura irregular com concentrações de material que formam arcos. Sua influência gravitacional afeta as órbitas de corpos menores situados além, no Cinturão de Kuiper, entrando em ressonância orbital.

Visto da Terra, Netuno apresenta uma alta magnitude (quanto mais brilhante o astro, menor sua magnitude), sendo impossível observá-lo a olho nu. Suspeitou-se de sua existência somente após a observação cuidadosa da órbita de Urano, que apresentava ligeiras irregularidades por conta da perturbação gravitacional de Netuno. Após análise matemática com conclusões obtidas independentemente por John Couch Adams e Urbain Le Verrier, obtiveram as posições aproximadas de onde o planeta deveria estar na esfera celeste. Após diversas buscas com o auxílio de telescópios, em 23 de setembro de 1846 encontraram o planeta, cujo nome escolhido posteriormente homenageia o deus romano dos mares. Até o presente momento, a única sonda espacial que visitou o planeta foi a Voyager 2, em 1989, cuja passagem permitiu obter fotografias e informações sem precedentes, ainda sendo a principal fonte de dados sobre o que atualmente se conhece sobre o planeta.


CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

O planeta mais distante do Sol pertence ao grupo dos gigantes gasosos, sendo o quarto maior do Sistema Solar, mas sua massa é superior à de Urano. Seu raio é equivalente a 3,91 raios terrestres (cerca de 24 mil quilômetros), enquanto que sua massa corresponde a 17,14 massas terrestres. Embora esteja no grupo dos gigantes gasosos, Netuno, assim como Urano, são bem mais densos e menos massivos que Júpiter e Saturno. Contudo, seu tamanho ainda é bastante superior às dimensões dos planetas telúricos.


A impressionante imagem de Netuno com seus anéis captada pelo supertelescópio James Webb.


Na visão ampla, é possível ver as formas ovais e espirais das galáxias além da nossa Via Láctea.


Em virtude de sua rápida rotação (cerca de 16 horas e sete minutos), o planeta possui um ligeiro achatamento. Por isso, o raio equatorial (24 764 km) é maior do que o raio polar (24 340 km). A aceleração da gravidade no planeta é de 11,15 m/s2 (pouco maior que a da Terra) e a velocidade de escape é de 23,5 km/s.



*            *            *

14 outubro 2025

◙ URANO / URANUS (Part 3 of 3)

ANÉIS PLANETÁRIOS

Urano tem um complexo sistema de anéis planetários, que foi o segundo a ser descoberto no Sistema Solar após os de Saturno. Os anéis são compostos de partículas extremamente escuras, cujo tamanho varia de micrômetros a frações de um metro. Atualmente são conhecidos treze anéis, sendo o mais brilhante o anel ε. Com exceção de dois, os anéis são muito estreitos, com poucos quilômetros de extensão. São provavelmente jovens; considerações dinâmicas indicam que eles não se formaram com o planeta. A matéria dos anéis pode ter sido parte de um planeta gelado cerca de uma a três vezes a massa da Terra que se fragmentou em um impacto de alta velocidade. Dos inúmeros fragmentos que se formaram como resultado deste impacto, somente poucas partículas sobreviveram em zonas estáveis limitadas, correspondentes aos atuais anéis.


Sistema de anéis uraniano.


William Herschel descreveu um possível anel em torno de Urano em 1789. Esta observação é geralmente considerada duvidosa, pois os anéis são relativamente fracos, e nos dois séculos seguintes nenhum outro foi registrado por observadores. Todavia Herschel fez uma precisa descrição do tamanho do anel ε, seu ângulo relativo à Terra, cor vermelha, e mudanças aparentes enquanto Urano transitava em torno do Sol. O sistema de anéis foi definitivamente descoberto em 10 de março de 1977 por James L. Elliot, Edward W. Dunham, e Douglas J. Mink no Kuiper Airborne Observatory. A descoberta foi acidental; eles planejavam utilizar a ocultação da estrela SAO 158687 por Urano para estudar a atmosfera do planeta. Quando suas observações foram analisadas, eles descobriram que a estrela tinha desaparecido rapidamente cinco vezes antes e depois de ser ocultada pelo planeta. Eles concluíram que deveria existir um sistema de anéis ao redor do planeta. Mais tarde, eles detectaram quatro outros anéis. Os anéis foram fotografados diretamente quando a Voyager 2 passou pelo planeta. A sonda também descobriu outros dois anéis fracos, elevando o número para onze.


Anéis interiores de Urano. O anel brilhante externo é o anel ε; oito outros anéis estão presentes.


Em dezembro de 2005, o Telescópio Espacial Hubble detectou um par de anéis desconhecidos. O maior é localizado no dobro da distância do planeta do que os outros anéis conhecidos. Estes dois anéis estão tão longe do planeta que foram denominados sistema de anéis "exteriores". O Hubble detectou também dois pequenos satélites, um dos quais, Mab, compartilha a órbita com o anel exterior recém-descoberto. Os novos anéis aumentaram a quantidade total para treze. Em abril de 2006, imagens dos novos anéis feitas com o Observatório Keck revelaram as suas cores: o mais externo é azul e o outro, vermelho. Uma hipótese a respeito do anel exterior azul é de que seja composto por minúsculas partículas de gelo da superfície de Mab que são pequenas o suficiente para espalhar a luz azul. Em contraste, os anéis interiores parecem ser cinza.


CAMPO MAGNÉTICO

Antes da chegada da Voyager 2 não havia sido feita nenhuma medição da magnetosfera uraniana, portanto sua natureza permanecia um mistério. Antes de 1986, astrônomos esperavam que o campo magnético de Urano fosse alinhado ao vento solar, uma vez que estaria alinhado com os polos do planeta que estão situadas na eclíptica.

As observações da Voyager revelaram que o campo magnético é peculiar por não ser originado no centro geométrico do planeta e porque tem uma inclinação de 59º em relação ao eixo de rotação. De fato, o dipolo magnético é deslocado do centro em direção ao polo sul rotacional por quase um terço do raio planetário. Esta geometria incomum resulta em uma magnetosfera altamente assimétrica, na qual o campo magnético na superfície no hemisfério sul pode ser tão baixa quanto 0,1 gauss (10 µT), enquanto que no hemisfério norte pode ser tão forte quanto 1,1 gauss (110 µT). O campo magnético na superfície é de 0,23 gauss (23 µT). Em comparação, o campo magnético terrestre é quase igualmente forte em qualquer dos polos, e o "equador magnético" é aproximadamente paralelo ao equador geográfico. O momento de dipolo de Urano é 50 vezes o terrestre. O campo magnético de Netuno tem um deslocamento e inclinação similar, sugerindo que esta pode ser uma característica dos gigantes de gelo. Uma hipótese é que, ao contrário dos campos magnéticos dos planetas telúricos e gigantes gasosos, que são gerados dentro de seus núcleos, os campos magnéticos dos gigantes de gelo são gerados pelo movimento em profundidades relativamente baixas de, por exemplo, o oceano de água-amônia.


O campo magnético de Urano conforme observado pela Voyager 2 em 1986. S e N são os polos magnéticos sul e norte.


Apesar do seu curioso alinhamento, outros aspectos da magnetosfera uraniana são como os de outros planetas: ela tem um choque em arco localizado a aproximadamente 23 raios planetários à frente, uma magnetopausa a 18 raios uranianos, e uma magnetocauda e cinturão de radiação completamente desenvolvidos. Em geral, a estrutura da magnetosfera de Urano é diferente da jupiteriana e mais similar à de Saturno. A magnetocauda arrasta-se por trás do planeta para dentro do espaço por milhões de quilômetros e é deformada pelo movimento lateral de rotação formando um grande saca-rolhas.

A magnetosfera contém partículas carregadas: prótons e elétrons com uma pequena quantidade de íons  de H2+. Nenhum íon pesado foi detectado. Muitas destas partículas provavelmente derivam da coroa atmosférica quente. A energia dos íons e elétrons podem ser de até 4 e 1,2 megaeletronvolt, respectivamente. A densidade de íons de baixa energia (1 kiloelétrovolt) na magnetosfera interior é de aproximadamente 2 cm−3. A população de partículas é fortemente afetada pelas 28 luas uranianas que varrem a magnetosfera deixando notáveis lacunas. O fluxo de partículas é forte o suficiente para causar o escurecimento ou erosão espacial da superfície das luas em uma escala astronômica relativamente rápida de 100 000 anos. Isto pode ser a causa da cor escura das luas e anéis. Urano tem uma aurora relativamente bem desenvolvida, que é vista como arcos brilhantes em volta de ambos os polos magnéticos. Ao contrário de Júpiter, a aurora uraniana parece ser insignificante no balanço de energia da termosfera planetária.


CLIMA

Nos comprimentos de onda visível e ultravioleta, a atmosfera uraniana é notavelmente uniforme em comparação aos outros gigantes gasosos, inclusive Netuno, que de outros modos se assemelha a Urano. Quando a Voyager 2 sobrevoou o planeta em 1986, observou um total de dez formações de nuvens em todo o planeta. Uma explicação para essa escassez de detalhes é que o calor interno parece ser acentuadamente menor que o de outros planetas gigantes. A menor temperatura registrada na tropopausa de Urano foi de 49 K, tornando-o o planeta mais frio do Sistema Solar.


Estruturas de faixas, ventos e nuvens

Em 1986 a Voyager 2 descobriu que o hemisfério sul visível de Urano pode ser dividido em duas regiões: uma calota polar brilhante e uma faixa equatorial escura (ver figura ao lado). Sua fronteira está localizada a aproximadamente -45 graus de latitude. Um faixa estreita de -45 a -50 graus de latitude é a mais brilhante grande característica visível na superfície do planeta. É chamada de "colar" do sul. Acredita-se que a calota e o colar seja uma região densa de nuvens de metano localizadas dentro de uma faixa de pressão de 1,3 a 2 bar (ver acima). Além da estrutura de faixas em larga escala, a Voyager 2 observou dez pequenas nuvens brilhantes, a maioria situada vários graus ao norte do colar. Em todos os outros aspectos Urano parecia, em 1986, um planeta dinamicamente morto. Infelizmente a sonda chegou durante o verão do hemisfério sul e não pôde observar o hemisfério norte. No início do século XXI, quando a região polar norte tornou-se visível, o Telescópio Espacial Hubble e o telescópio Keck inicialmente não observaram nenhum colar ou calota polar no hemisfério norte. Urano parecia então ser assimétrico: brilhoso perto do polo sul e uniformemente escuro na região norte do colar sul. Em 2007, quando Urano passou pelo seu equinócio, o colar sul quase desapareceu, enquanto um fraco colar surgiu ao norte próximo a 45 graus de latitude.


A primeira mancha negra observada em Urano. Imagem obtida pela Advanced Camera for Surveys do Hubble em 2006.


Na década de 1990, o número de nuvens brilhantes observadas aumentou consideravelmente, em parte por causa das novas técnicas disponíveis de imagem em alta resolução. A maioria foi encontrada no hemisfério norte conforme ele se tornou visível. Uma explicação preliminar - que as nuvens brilhantes são mais fáceis de serem identificadas na parte escura do planeta, pois no hemisfério sul o colar brilhante as disfarça - mostrou ser incorreta: de fato, o número verdadeiro de nuvens brilhantes aumentou consideravelmente. Mesmo assim havia diferenças entre as nuvens em cada hemisfério. As nuvens no norte são menores, mais nítidas, mais brilhantes e parecem residir em altitudes mais altas. O tempo de vida das nuvens varia em várias ordens de magnitude. Algumas pequenas duram horas enquanto pelo menos uma ao sul pode ter persistido desde o sobrevoo da Voyager 2 em 1986. Observações recentes também revelaram que tais nuvens têm muito em comum com as de Netuno. Por exemplo, a mancha escura observada em Netuno nunca tinha sido observada em Urano antes de 2006, quando a primeira mancha desse tipo foi fotografada. Especula-se que Urano se torne mais parecido com Netuno durante sua estação equinocial.


Velocidade do vento em diferentes zonas de Urano. Áreas sombreadas mostram o colar do sul e sua futura contraparte ao norte. A curva vermelha é um ajuste simétrico para os dados.


O rastreamento de várias nuvens permitiu a determinação de ventos de latitude na troposfera superior de Urano. No equador os ventos são retrógrados, o que significa que seu sentido é oposto ao movimento de rotação do planeta, com velocidades de −100 a −50 m/s. A velocidade do vento aumenta com a distância do equador alcançando o valor zero perto da latitude de ±20°, onde está a temperatura mínima da troposfera. Perto dos polos, os ventos mudam para a direção prógrada, fluindo com a rotação do planeta. A velocidade continua a aumentar atingindo o máximo na latitude de ±60° antes de retornar a zero nos polos. A velocidade do vento na latitude de -40° varia entre 150 e 200 m/s. Uma vez que o colar oculta todas as nuvens abaixo deste paralelo, é impossível medir velocidades entre ele e o polo sul. Por outro lado, no hemisfério norte velocidades máximas de até 240 m/s são observadas perto da latitude de 50°.


Variação Sazonal

Por um curto período entre março e maio de 2004, várias nuvens grandes surgiram na atmosfera de Urano, dando ao planeta uma aparência semelhante a Netuno. As observações incluíram uma quebra do recorde de velocidade do vento de 229 m/s (824 km/h) e uma persistente tempestade com trovões apelidada de "fogos de artifício de quatro de julho". Em 23 de agosto de 2006 pesquisadores do Space Science Institute (Boulder, CO) e da Universidade de Wisconsin observaram uma mancha negra na superfície, fornecendo aos astrônomos uma maior compreensão da atividade atmosférica do planeta. Não é compreendido como esta repentina elevação na atividade surgiu, mas parece que a inclinação axial extrema resulta em variações sazonais extremas no tempo. Determinar a natureza das variações sazonais é difícil porque dados satisfatórios da atmosfera existem há menos de 84 anos, ou um ano uraniano completo. Um grande número de descobertas tem sido feito. A fotometria ao longo de metade do ano uraniano (começando na década de 1950) tem demonstrado uma variação regular de brilho em duas áreas do espectro, com o máximo ocorrendo nos solstícios e o mínimo nos equinócios. Uma variação periódica similar, com os máximos nos solstícios, tem sido observada nas medições de micro-ondas da troposfera profunda. Medições de temperatura na estratosfera iniciadas na década de 1970 também mostraram valores máximos perto do solstício de 1986. Acredita-se que a maioria desta variabilidade ocorre devido a mudanças na geometria de observação.

Existem razões para acreditar que estão acontecendo mudanças físicas sazonais em Urano. Enquanto o planeta é conhecido por ter uma brilhante região polar no sul, o polo norte é escuro, o que é incompatível com o modelo de mudanças sazonais descrito acima. Durante o anterior solstício do norte, em 1944, Urano mostrava elevados níveis de brilho, o que sugere que o polo norte não foi sempre escuro. Esta informação implica que o polo visível clareia antes do solstício e escurece após o equinócio. Análises detalhadas de dados de micro-ondas e luz visível revelaram que as mudanças periódicas de brilho não são completamente simétricas nos solstícios, que indicam também mudanças nos padrões meridionais de albedos. Finalmente, na década de 1990, à medida que Urano se afastava do seu solstício, o Hubble e telescópios terrestres revelaram que a calota polar no sul escureceu consideravelmente (exceto o colar sul, que permanece brilhante), enquanto o hemisfério norte demonstrou aumento de atividade, tais como formação de nuvens e ventos mais fortes, sustentando a expectativa de que deveria clarear em breve. Isto de fato aconteceu em 2007 quando o planeta passou pelo equinócio: um fraco colar no norte surgiu, enquanto o colar no sul se tornou praticamente invisível, embora o perfil das zonas de ventos tenha permanecido levemente assimétrico, com os ventos do norte sendo mais lentos que os do sul.

O mecanismo de mudanças físicas ainda não é compreendido. Perto dos solstícios de verão e inverno, os hemisférios uranianos situam-se alternadamente ou no brilho total dos raios solares ou diante do espaço profundo. Acredita-se que o aumento de brilho do hemisfério iluminado seja resultado do espessamento de nuvens de metano e camadas de névoa localizadas na troposfera. O colar brilhante na latitude -45º também é associado com nuvens de metano. Outras mudanças na região polar sul podem ser explicadas pelas mudanças nas camadas inferiores de nuvens. A variação da emissão de micro-ondas do planeta é provavelmente causada pela mudança na circulação da troposfera profunda, porque nuvens polares compactas e névoa podem inibir a convecção. Agora que os equinócios de outono e primavera estão próximos, as dinâmicas estão mudando e a convecção pode ocorrer novamente.


FORMAÇÃO

Muitos argumentam que as diferenças entre os gigantes de gelo e os gigantes gasosos se estendem à sua formação. Acredita-se que o Sistema Solar tenha se formado a partir de uma bola gigante de gás e poeira conhecida como nebulosa pré-solar. Grande parte dos gases da nebulosa, principalmente hidrogênio e hélio, formaram o Sol, enquanto os grãos de poeira se aglutinaram para formar os primeiros protoplanetas. Conforme os planetas cresciam, alguns eventualmente sofreram acreção de matéria suficiente para a sua gravidade prender o resto de gás remanescente da nebulosa. Quanto mais gás prendiam, maiores se tornavam; quanto maiores se tornavam, mais gás conseguiam prender até chegar a um ponto crítico, e seu tamanho começou a crescer exponencialmente. Os gigantes de gelo, com apenas algumas massas terrestres de gás da nebulosa, nunca alcançaram este ponto crítico. Simulações recentes de migração planetária têm sugerido que ambos os gigantes de gelo se formaram mais perto do Sol do que suas atuais posições, e se moveram para o exterior mais tarde, uma hipótese detalhada pelo modelo de Nice.


SATÉLITES

Urano tem 29 satélites naturais conhecidos, os nomes dos quais foram escolhidos a partir de personagens das obras de William Shakespeare e Alexander Pope. Os cinco principais são Miranda, Ariel, Umbriel, Titânia e Oberon A massa total dos satélites uranianos é a menor entre os gigantes gasosos; de fato, a massa combinada dos cinco maiores seria menor que a de Tritão, o maior satélite de Netuno. O maior dos satélites, Titânia, tem um raio de somente 788,9 km, menos da metade do raio da Lua mas um pouco maior que Reia, a segunda maior lua de Saturno, fazendo de Titânia a oitava maior lua do Sistema Solar. Os satélites têm albedos relativamente baixos, variando de 0,20 para Umbriel a 0,36 para Ariel. As luas são conglomerados compostos por aproximadamente de 50% de gelo e 50% de rocha, do qual o gelo pode incluir amônia e dióxido de carbono.



Ariel parece ter a superfície mais jovem e tem menor quantidade de crateras de impacto, enquanto a de Umbriel parece ser a mais velha. Miranda é um dos corpos mais estranhos do Sistema Solar com cânions de 20 km de profundidade e uma mistura característica de superfícies antigas e novas. Acredita-se que sua atividade geológica tenha sido orientada por aquecimento de marés numa época em que sua órbita era mais excêntrica que a atual, provavelmente como resultado da ressonância orbital de 3:1 anteriormente mantida com Umbriel. Processos de rifte associados com a ascensão de diapiros são provavelmente a origem da sua corona com aparência de pista de corrida. Do modo similar, acredita-se que Ariel tenha tido ressonância de 4:1 com Titânia.


EXPLORAÇÃO

Em novembro de 1985, a sonda interplanetária Voyager 2 iniciou o sobrevoo do planeta atingindo a distância mais próxima em 24 de janeiro de 1986, chegando a 81 500 km do planeta, antes de continuar sua jornada para Netuno. A sonda estudou a estrutura e composição química da atmosfera uraniana incluindo o clima, único entre os planetas do sistema solar, provocado pela inclinação axial de 97,77°, os cinco maiores satélites e os nove anéis até então conhecidos. A sonda também estudou o campo magnético, sua estrutura irregular e a inclinação que formam uma magnetocauda em forma de saca-rolha por causa de sua orientação. A Voyager 2 também descobriu outros dez satélites e mais dois anéis, nomeados posteriormente como lambda (λ) e Zeta (ζ).

A possibilidade de enviar a sonda Cassini a Urano foi avaliada em 2009 num plano de prolongar a missão da sonda. Ela levaria cerca de 20 anos para chegar ao sistema uraniano após deixar Saturno. Uma sonda e satélite uranianos foram recomendados pelo projeto Planetary Science Decadal Survey de 2013-2022 publicado em 2011; a proposta inclui o lançamento entre 2020-2023 e uma viagem de 13 anos até o planeta. A Agência Espacial Europeia avaliou uma missão de "classe-média" chamada Uranus Pathfinder.

Em agosto de 2004 o Telescópio Espacial Hubble foi utilizado para observação do planeta tendo descoberto mais dois satélites e dois anéis. Observações posteriores feitas por telescópios em solo registraram imagens em infravermelhos de somente um dos anéis recém descobertos. Cientistas sugerem que esta diferença de observação indique uma origem diferente para os dois anéis recém descobertos. O externo, não visualizado pelas observação terrestre em infravermelho, teria sido formado pela colisão de asteróides no satélite Mab enquanto o interno seria composto de partículas menores semelhantes a poeira e com uma coloração vermelha.


*            *            *


Veja também / See also:

◙ URANO / URANUS (Part 1 of 3);

◙ URANO / URANUS (Part 2 of 3).



*            *            *