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12 agosto 2015

CHERNOBYL, HIROSHIMA E NAGASAKI

Hiroshima e Nagasaki são habitáveis, mas Chernobyl ainda não

Há 70 anos, as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki protagonizaram duas das maiores tragédias mundiais com as bombas lançadas pelos Estados Unidos, que causaram uma devastação e destruição jamais vistas.

Hiroshima, no Japão, após a explosão da bomba atômica em 1945.

Em Hiroshima, viviam cerca de 350.000 pessoas. Calcula-se que a bomba que caiu no dia 6 de agosto de 1945 matou por volta de 80.000 pessoas. Quase 80% dos edifícios foram destruídos ou sofreram danos irreparáveis. Atualmente, em 2015, a cidade tem cerca de 1.170.000 habitantes.

No entanto, ainda é incerto o número de mortes na cidade em decorrência das feridas sofridas depois da explosão e dos efeitos da radiação. Estima-se que o número varie entre 90.000 e 166.000 pessoas (as fontes variam).

Nagasaki, no Japão, após a explosão da bomba atômica em 1945.

Em Nagasaki, viviam cerca de 263.000 pessoas no dia da explosão nuclear, em 9 de agosto de 1945.

Calcula-se que entre 39.000 e 80.000 pessoas tenham morrido menos de um segundo após a detonação da bomba. Atualmente, em 2015, a população da cidade é de cerca de 450.000 pessoas.

Pior desastre nuclear

Agora avancemos 41 anos no tempo. Na madrugada de 26 de abril de 1986, ocorreu o que foi classificado como "pior desastre nuclear da história".

Um dos quatro reatores da usina de Chernobyl, na Ucrânia (que na época era parte da União Soviética), explodiu e causou um incêndio que liberou enormes quantidades de partículas radioativas na atmosfera.

O acidente na usina nuclear de Chernobyl em 1986 na Ucrânia (parte da antiga União Soviética).

Como consequência direta do acidente, morreram 31 pessoas. Mas as investigações sobre os efeitos da radiação a longo prazo (como câncer) continuam até hoje.

Depois do acidente, foi decretada uma zona de exclusão de 30 km ao redor da usina nuclear, que cobre uma área de aproximadamente 2.600 km² na Ucrânia. Ainda há restos de contaminação radioativa na atmosfera.

Reconstrução e exclusão

Como foi possível, então, que Hiroshima e Nagasaki, que sofreram explosões nucleares tão devastadoras e com tantas vítimas fatais, se tornassem cidades prósperas e habitáveis, enquanto Chernobyl virou um lugar completamente inabitado e assim seguirá por muitos anos?

Algumas explicações seguem abaixo.

1 - Quantidade de combustível nuclear

A bomba "Little Boy" (que caiu em Hiroshima) transportava 64 kg de urânio enriquecido. "Fat Man" (a bomba de Nagasaki) continha cerca de 6,2 kg de plutônio.

Hiroshima e Nagasaki foram reconstruídas um ano depois das explosões das 2 bombas atômicas.

O reator número quatro de Chernobyl tinha 180.000 kg de combustível nuclear, dos quais 2% (3.600 kg) eram urânio puro.

Quando o reator explodiu, calcula-se que foram liberadas 7.000 kg de combustível nuclear. No total, o desastre emitiu 100 vezes mais radiação que as bombas que caíram sobre Hirohima e Nagasaki.

2 - Diferenças na reação nuclear

Em Chernobyl, cerca de 7.000 kg de combustível nuclear (com enormes quantidades de partículas radioativas) escaparam para a atmosfera.

Quando o combustível nuclear se fundiu, foram liberados isótopos radioativos que incluíam xenônio, iodo radioativo e césio.

3 - Localização

As bombas que caíram em Hiroshima e Nagasaki foram detonadas no ar, centenas de metros acima da superfície da Terra. Como resultado, os depósitos radioativos se dispersaram como efeito da nuvem criada pela explosão.

Em Chernobyl, no entanto, o reator quatro se fundiu na superfície, produzindo uma ativação de nêutrons que fizeram com que a terra se tornasse radioativa.

4 - Tempo de liberação de energia

Ainda que funcionem na base dos mesmos princípios, a detonação de uma bomba atômica e o colapso de uma usina nuclear são processos muito diferentes.

Uma bomba atômica está baseada na ideia de liberar a maior energia possível da reação de uma fissão nuclear no menor tempo possível. A ideia é criar o maior dano e devastação possíveis para anular as forças inimigas. Assim, os isótopos radioativos que se criam em uma explosão atômica têm um período de vida relativamente curto.

Um reator nuclear está desenhado para produzir energia em um processo de reação lento, isso resulta na criação de materiais de resíduos nucleares que possuem uma vida mais longa, ou seja, a radiação inicial de um acidente nuclear pode ser muito mais baixa que a de uma bomba, mas seu tempo de vida será muito mais longo.

Calcula-se que milhares de anos se passarão (estimativas citam até 20.000 anos) para que a zona de exclusão de Chernobyl possa voltar a ser habitável.

Fonte: UOL (agosto 2015).

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