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BRAVE NEW WORLD / ADMIRÁVEL MUNDO NOVO / UN MUNDO FELIZ (Part 2 of 2)

THE MIKE WALLACE INTERVIEW - GUEST: ALDOUS HUXLEY - 05/18/1958. ENTREVISTA DE MIKE WALLACE -  CONVIDADO: ALDOUS HUXLEY - 18/05/1958....

23 dezembro 2015

FIGURA DE ANALEMA

ANALEMA

Analema é o termo usado em astronomia para designar um desenho da posição do Sol no firmamento num determinado lugar, marcada à mesma hora em dias sucessivos (com intervalos aproximados de 24 horas ou seus múltiplos) ao longo de um ciclo anual. A figura gerada no caso do planeta Terra assemelha-se a um 8 ligeiramente assimétrico. O 8 estará quase vertical se a posição do sol à hora escolhida for próxima do meridiano do lugar (por volta do meio-dia solar verdadeiro), inclinando-se progressivamente para a esquerda ou direita com o seu afastamento (esquerda de manhã; direita à tarde).

Analema calculado no hemisfério norte (olhando para leste).

Origem do analema

Se a Terra girasse em torno de um eixo perpendicular ao plano da sua órbita e descrevesse a sua translação em torno do Sol numa órbita circular com velocidade constante, a posição aparente do Sol no firmamento seria, à mesma hora de cada dia, a mesma. Logo o grafo (desenho) da variação anual dessa posição seria um mero ponto e não o analema que conhecemos. Assim, o analema resulta da combinação de dois efeitos interdependentes:

O efeito da inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano da sua órbita em torno do Sol, que, ao provocar um movimento aparente do Sol em altura, dá origem ao eixo vertical da figura em forma de 8 que constitui o analema. Repare-se que o analema tem como limite superior e inferior a posição do Sol nos dias solsticiais (21/22 de Junho e 21/22 de Dezembro).

O efeito da excentricidade da órbita terrestre, já que a Terra, segundo as leis de Kepler, descreve, na sua translação em torno do Sol, uma elipse. Em resultado, a conservação do momento angular obriga a um aumento da velocidade do planeta quando este está mais próximo do Sol (em torno do periélio) e um correspondente abrandamento quando está mais afastado (em torno do afélio). Como consequência desta configuração da órbita, surge o desvio para leste e oeste (caso o eixo da Terra não fosse inclinado, o analema seria, devido apenas à elipticidade, uma linha paralela ao equador terrestre). Por sua vez, a variação da velocidade provoca a ligeira assimetria entre a parte superior e inferior da figura 8. Uma ligeira assimetria lateral resulta da não coincidência entre apsides e pontos solsticiais.

Os solstícios e equinócios não coincidem (alinhamento) com o periélio e afélio da elipse da órbita terrestre. Isso auxilia a gerar assimetrias na figura de analema (veja no final da postagem uma tabela de datas de Equinócios, Solstícios, Periélio e Afélio).

Exagerando a escala horizontal do analema realça a ligeira assimetria entre a parte direita e esquerda da figura resultante da não coincidência dos apsides com os solstícios.

Figuras de EXCENTRICIDADE e OBLIQUIDADE que combinadas resultam na figura de ANALEMA.
 
Em conclusão, o analema é o resultado combinado dos 23º 27’ de obliquidade do eixo da Terra em relação ao plano da eclíptica, que provoca a subida e a descida do Sol ao longo da altura da figura em forma de 8 (sendo o fator dominante), e de elipticidade da órbita, que provoca a variação da posição aparente do Sol em torno do eixo do 8, dando origem às duas argolas que constituem a sua parte superior e inferior. A assimetria é devida à variação da velocidade da Terra na sua translação, acrescida, no que respeita à assimetria lateral, do efeito de não coincidência da linha dos apsides com a linha dos solstícios.

O movimento aparente do Sol ao longo do eixo vertical do analema é igual à variação, para o correspondente período, da declinação do Sol. O deslocamento lateral em relação ao eixo vertical do analema dá, quando medido em tempo (1º = 15 minutos), o valor da equação do tempo naquele dia, indicando se o tempo solar aparente está atrasado (Sol a leste do eixo) ou adiantado (Sol a oeste do eixo) em relação ao tempo solar médio.

Devido às leis de Kepler, todos os demais planetas exibem analemas, dependendo, contudo, da forma da figura, da inclinação do eixo de rotação e da maior ou menor elipticidade da órbita do planeta. Por exemplo, o analema de Marte, em vez da forma em 8, assemelha-se a uma gota. O analema se Júpiter assemelha-se a uma elipse.

Vídeos sobre figura de analema

Sun and Earth Analemma (Time: 04 min. 12 seg.).

Na astronomia, o analema (ἀνάλημμα do grego "pedestal de um relógio de sol") é a curva que descreve a posição do Sol no céu se todos os dias do ano na mesma hora do dia (hora civil) do mesmo lugar de observação. O analema forma uma curva aproximadamente com o formato de um oito (8).

Imagine que a sua cabeça é o Sol e que a Terra se move em torno de você, mostrando a mesma face. Se você olhar para o globo terrestre ao longo de sua órbita ele aparecerá variando, é um efeito aparente que se move com seu eixo de rotação fixo (escala fixa de um ano). A animação desempenha várias órbitas da Terra em um "loop" traçando o analema ao meio-dia de uma cidade como Recife, no leste do Brasil. A inclinação fixa (escala anual) do eixo de rotação, faz com que o ângulo de visão do sol de qualquer lugar na superfície do planeta varie todos os dias à mesma hora.
Errata: Esta animação, indica no vídeo um ponto para cada 15 dias ao meio-dia, mas pode-se verificar que existem cerca de 52 pontos para a figura de analema completa, o que corrigindo-se dá cerca de um ponto para cada 7 dias ao meio-dia.


Figuras de analema em outros planetas do sistema solar

Analema em alguns outros planetas: Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.


Tabela de Equinócios, Solstícios, Periélio e Afélio

Tabela de Equinócios, Solstícios, Periélio e Afélio (1992 - 2025).
(clique para ampliar).




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22 dezembro 2015

VAN HALEN (Dance the Night Away)

O álbum Van Halen II é o segundo de estúdio da banda norte-americana de Hard Rock Van Halen, lançado em 23 de Março de 1979. A gravação do álbum aconteceu em menos de um ano depois do lançamento de seu álbum de debutação. Muitas das faixas contidas em Van Halen II já estavam originalmente incluídas (de muitas formas) nas demos gravadas em 1976 e nas de 1977.

Van Halen: Michael Anthony, David Lee Roth e Eddie Van Halen (além do baterista Alex Van Halen).

"Dance the Night Away" do álbum Van Halen II (Estúdio).

"Dance the Night Away" do álbum Van Halen II (Ao Vivo).

"Dance The Night Away"

Have you seen her?
So fine and pretty. Fooled me with her style and ease.
And I feel her from across the room.
Yes, it's love in the third degree.
Ooh, baby, baby.
Won'tcha turn your head my way?
Ooh, baby, baby.
Come on, take a chance.
You're old enough to dance the night away.
Oh, come on, baby, dance the night away.
A live wire.
Barely a beginner, but just watch that lady go.
She's on fire, 'cause dancing gets her higher than anything else she knows.
Ooh, baby, baby.
Won'tcha turn your head my way?
Ooh, baby, baby.
Well, don't skip romance, 'cause you're old enough to dance the night away.
Oh, come on, baby, dance the night away.
Dance the night away.
Dance, dance, dance the night away.
[Repeat and fade]


11 dezembro 2015

ASSIM CAMINHOU A HUMANIDADE (Livro)

'Assim Caminhou a Humanidade' é uma obra que visa sanar uma deficiência na literatura de divulgação científica do país, a de um livro atualizado, em língua portuguesa, sobre evolução humana. O último foi publicado há 16 anos e é uma tradução de um autor norte-americano, que foi, inclusive, revista por Walter Neves (Evolução humana, de Roger Lewin, São Paulo, Atheneu, 1999).

Este novo livro surgiu a partir de um curso de pós-graduação, sendo os próprios alunos, auxiliados pelos seus docentes, os autores dos capítulos. Não há nele, no entanto, a heterogeneidade tão comum em obras multiautorais, pelo que seus organizadores estão de parabéns: o livro é enxuto e altamente didático.

Assim caminhou a humanidade.

O livro tem uma apresentação do jornalista Reinaldo José Lopes, uma introdução e sete capítulos. Walter Neves participou diretamente da elaboração de dois capítulos, enquanto Miguel Rangel Junior e Rui Murrieta contribuíram no preparo de um cada. Além disso, Rangel Junior foi responsável por 65 das 91 figuras. Essas ilustrações são mais um aspecto positivo da obra, sendo em boa parte reproduções da maior coleção de réplicas fósseis da América Latina, a coleção Thomas van der Laan. Além deles, 14 outros pesquisadores participaram  na redação dos textos, que se originaram no Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da Universidade de São Paulo, núcleo de excelência e reconhecimento internacional por pesquisas de ponta na área.

Duas outras características positivas são: (a) a seção O que há de novo no front?, em que são abordadas novidades que podem levar a mudanças significativas no rumo desses estudos e (b) referências a 36 obras gerais sobre os assuntos abordados, 34 de autores estrangeiros, mas duas publicadas em português: Chimpanzés não amam! Em defesa do significado, de Eliane S. Rapchan e Walter A. Neves (Revista de Antropologia (USP), v. 48, 2005); e Pegando fogo: como cozinhar nos tornou humanos, de Richard Wrangham (São Paulo: Zahar, 2010).

Para compreender a caminhada do título do livro, é necessária uma longa incursão no tempo. É bom destacar que nossa espécie é especial apenas em determinados aspectos. A comparação taxonômica nos coloca dentro de uma ordem especial, os primatas, sendo os chimpanzés os nossos parentes mais próximos. Mas, como surgiram os primatas? Aparentemente, eles eram apenas um dos muitos grupos de pequenos mamíferos que passaram a explorar os vários nichos eco- lógicos abertos com a extinção dos dinossauros. O uso de ferramentas, que alcançou sua expressão mais alta no Homo sapiens, não é privilégio da espécie: elas são utilizadas por outros primatas e, surpreendentemente, estudos recentes indicam  que os corvos são tão inteligentes quanto os primatas. Mais uma desilusão para quem imaginava uma diferença qualitativa entre humanos e não-humanos.

A radiação evolutiva (fenômeno pelo qual se formam, em curto período de tempo, várias espécies a partir de um mesmo ancestral) que deu origem aos primatas ocorreu há 10 milhões de anos, e existem pelo menos três hipóteses para explicar seu surgimento: (a) arborícola: a mudança da vida no solo para  as árvores colocou em movimento pressões seletivas que culminaram no primata ancestral; (b) predação visual: a caça de pequenas presas necessitou de um aparelho visual especializado e boa coordenação  motora; e (c) a aparição das angiospermas, plantas frutíferas importantes para a dieta desses organismos ancestrais. Possivelmente todos esses fatores agiram em conjunto para condicionar  essa nova linhagem evolutiva.

Quando surgiu a capacidade de comportamento humano moderno? Calcula-se que ela já estaria pronta há 170 mil anos, e é por essa época que aparecem os neandertais, linhagem que só se extinguiu há 30 mil anos e que deve ter convivido com o homem anatomicamente moderno. Cerca de 200 mil anos atrás surgiu o Homo sapiens, originado na África, de onde se espalhou por todo o mundo. Em termos de indústria lítica, costuma-se relacionar dois períodos: o Paleolítico e o Neolítico. No classificado como Paleolítico Superior, há 50 mil anos, houve uma transição fundamental: a vida e os objetos passaram a ter significados abstratos.

Por outro lado, no Neolítico, iniciado há 12 mil anos, ocorreram revoluções importantes, que resultaram na domesticação de plantas e animais, enquanto a vida social tornava-se gradativamente mais complexa. Desenvolveram-se, então, articulações sociopolíticas e ecológicas, que condicionaram a origem de estados e impérios. Isso nos conduz à época atual. Somos uma espécie extremamente dominadora, que tem  modificado de maneira muitas vezes irreversível o ambiente. Mesmo sociedades com economias simples alteraram a paisagem da região, levando ao chamado ‘imperialismo ecológico’. Espera-se que, com um desenvolvimento tecnológico ecologicamente mais consciente, alcancemos uma situação de equilíbrio com o ambiente e de eliminação (ou pelo menos diminuição) das desigualdades sociais que hoje afligem indivíduos e nações por toda parte.

A única falha deste livro é a ausência de um índice remissivo de assuntos e autores, que tornaria uma busca específica mais eficiente e rápida. Mas, pelo que foi mencionado antes, esta obra deve ser leitura  obrigatória nos cursos universitários de graduação e pós-graduação, bem como para o leigo inteligente, que procura se informar sobre a nossa fascinante história biológica e cultural. Vou adotá-lo na disciplina que ministro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Assim Caminhou a Humanidade: Walter Alves Neves, Miguel José Rangel Junior e Rui Sergio S. Murrieta (Org.) - São Paulo, Palas Athena, 318 p.

Fonte principal: Revista CIÊNCIA HOJE
Esta resenha foi publicada na revista Ciência Hoje CH 331 - Clique aqui para acessar uma versão parcial da revista e ler outros textos.

10 dezembro 2015

BREAKING ALL THE RULES (Peter Frampton)

"Breaking All The Rules" de 1981, ultrapassou todas as barreiras. Na gravação desse álbum Frampton foi acompanhado por nomes do nível de Steve Lukather, John Regan, Arthur Stead e Jeff Porcaro. O disco é puro rock and roll! Na faixa-título, Frampton demonstra toda a sua habilidade não só como guitarrista mas também como vocalista. O som pesado é comandado pela guitarra de Frampton e a sua voz mais "quente" e forte dá um tom mais Blues à música. "Breaking All the Rules" é o melhor disco de Peter Frampton em toda sua carreira.



Breaking All The Rules
Peter Frampton

We are the people one and all                      
From deliverance to the fall                        
From the battle and the heat                          
To our triumph and defeat                            

We are the young ones crying out
Full of anger, full of doubt  
And we're breaking all of the rules    
Never choosing to be fools      

We are tired of being used                      
We are constantly excused                        
In the battle and the heat                          
In the shadow of retreat                            

We are the young ones crying out
Full of anger, full of doubt  
And we're breaking all of the rules    
Never choosing to be fools      

We are the people one and all                      
From deliverance to the fall                        
From the bitter to the brave                          
From the cradle to the grave                            

We are the young ones crying out
Full of anger, full of doubt  
And we're breaking all of the rules    
Never choosing to be fools      

09 dezembro 2015

PROGRAMA ESPACIAL SOVIÉTICO

Programa Espacial Soviético (советской космической программы)

O Programa Espacial Soviético (советской космической программы) é a designação dada para o conjunto de projetos e missões executados pela antiga União Soviética (URSS) para exploração do espaço, tanto por meio de sondas e vôos não tripulados, quanto com espaçonaves tripuladas, desde a década de 30 até a sua dissolução em 1991.

O Museu Estatal Tsiolkovsky de História da Cosmonáutica e algumas das realizações do Programa Espacial Soviético .

SUMÁRIO

Ao longo dos seus sessenta anos de história, esse programa originalmente militar e secreto, foi responsável por um grande número de metas pioneiras alcançadas na conquista do espaço, incluindo: o primeiro míssil balístico intercontinental, o primeiro satélite artificial (1957), o primeiro animal no espaço (1957), o primeiro homem no espaço (1961), a primeira mulher no espaço, a primeira caminhada no espaço, o primeiro veículo a entrar em órbita solar (1959), o primeiro impacto na Lua (1959), a primeira imagem do lado escuro da Lua (1959), o primeiro pouso suave na Lua (1966), o primeiro satélite artificial da Lua (1966), o primeiro rover na Lua (1970), a primeira estação espacial e a primeira sonda interplanetária a atingir a superfície de outro planeta. Estas iniciativas pioneiras acabaram comprovando que era possível enviar artefatos humanos para o espaço exterior e, mais importante, enviar homens ao espaço.

O programa espacial e de foguetes da União Soviética, que teve no seu início a ajuda de cientistas alemães recrutados, que trabalharam no avançado programa alemão de foguetes, foi conduzido em sua maior parte por cientistas e engenheiros soviéticos depois de 1955, e era baseado em teorias únicas e exclusivas desenvolvidas desde o Império Russo, muitas delas derivadas do trabalho de Konstantin Tsiolkovsky, muitas vezes chamado de "pai da teoria aeroespacial". Sergei Korolev (também traduzido como Sergey Korolyov) foi o líder do principal grupo de projetistas. Seu título oficial era "desenhista chefe" (um título padrão para posições similares na URSS). Foi ele quem concebeu todo o programa e trabalhou para torna-lo realidade, convencendo a alta cúpula soviética, particularmente o líder Nikita Khrushchov, da importância da conquista do espaço. Diferente do seu competidor Norte americano na "corrida espacial", que tinha a NASA como única agência de coordenação, o programa da URSS era dividido entre vários grupos de projetistas liderados por Korolev, Mikhail Yangel, Valentin Glushko, and Vladimir Chelomei.

Devido ao fato do programa ser secreto, e por seu valor estratégico como propaganda, os anúncios dos resultados das missões eram adiados até que o sucesso fosse certo, e as falhas eram em geral mantidas em segredo. Devido à política de glasnost de Mikhail Gorbachev na década de 80, muitos fatos até então desconhecidos sobre o programa espacial foram divulgados. Entre os principais segredos que finalmente foram revelados, constam: as mortes de Korolev, Vladimir Komarov (na queda da Soyuz 1), e Yuri Gagarin (em treinamento de rotina num avião de caça) entre 1966 e 1968, além de falhas desastrosas com o enorme foguete foguete N1 que deveria ser usado na missão de pouso tripulado na Lua, que explodiram logo após o lançamento em cada um dos quatro testes não tripulados.

O programa espacial soviético foi descontinuado com a queda da União Soviética, com a Rússia e a Ucrânia se tornando os seus principais herdeiros. A Rússia criou a "Agência de Aviação e Espaço Russa", hoje conhecida como Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos), enquanto a Ucrânia criou a Agência Espacial do Estado da Ucrânia (NSAU).

A Rússia continua a desenvolver um consistente programa espacial, que inclui experimentos de longa permanência no espaço, para determinar os efeitos da falta de gravidade sobre o organismo humano. Estas experiências tornaram-se a base do conhecimento que está sendo aplicado hoje na Estação Espacial Internacional.

ORIGENS

O pré-guerra

Estátua de Konstantin Tsiolkovsky, um pioneiro da ciência de exploração do espaço e um selo de 1986 em sua homenagem.

A teoria da exploração espacial foi bem estabelecida no Império Russo antes da Primeira Guerra Mundial a partir dos escritos de Konstantin Tsiolkovsky, que publicou estudos pioneiros ao final do século 19, início do século 20 e em 1929 introduziu o conceito do foguete multi estágios. Os aspectos práticos de toda essa teoria foram estabelecidos pelos experimentos pioneiros conduzidos pelo Grupo de Estudo do Movimento à Reação (GIRD) nos anos 20 e 30, onde muitos pioneiros como Sergei Korolev e Friedrich Zander trabalharam.

Em 18 de Agosto de 1933, o GIRD lançou o primeiro foguete soviético movido a combustível líquido, o GIRD-9, e em 25 de Novembro de 1933, o primeiro foguete híbrido, o GIRD-X. Entre 1940 e 1941, um outro avanço no campo da propulsão reativa foi conquistado: o desenvolvimento e produção em série do lançador de foguetes Katyusha.

Os alemães

Durante os anos 30, a tecnologia de foguetes soviética era comparável à alemã, mas o "Grande Expurgo" de Stalin comprometeu seriamente esse progresso. Muitos dos principais engenheiros foram mortos, e Korolev e outros foram presos nos Gulags. Apesar da efetividade dos mísseis Katyusha na Frente Oriental da Segunda Guerra, os avanços do programa de foguetes alemão impressionou muito os engenheiros soviéticos, que inspecionaram os seus restos em Peenemünde e Mittelwerk depois do fim da guerra. Apesar dos Norte americanos terem levado secretamente os mais importantes cientistas alemães e material para construir cerca de 100 foguetes V-2 para os Estados Unidos na Operação Paperclip, o programa soviético se beneficiou muito dos registros, centros de produção e cientistas remanescentes.

Após a Segunda Guerra Mundial, a URSS recrutou diversos engenheiros alemães que trabalharam na V-2. Pouco tempo depois a URSS já estava lançando os seus próprios foguetões. Este desenvolvimento inicial acabou resultando no desenvolvimento dos foguetes espaciais (e de misseis balísticos intercontinentais).

Sob a direção de Dimitri Ustinov, Korolev e outros inspecionaram os documentos alemães. Ajudados pelo engenheiro Helmut Gröttrup e outros técnicos alemães recrutados até o início dos anos 50, eles construíram uma réplica do V-2 chamado R-1, apesar do peso das bombas nucleares soviéticas da época, exigirem foguetes mais potentes. Devido a isso, o escritório de projetos Korolev, o OKB-1 se dedicou ao desenvolvimento de um foguete que atendesse a esse requisito, o que levou ao projeto do ICBM R-7 Semyorka, que foi testado com sucesso em Agosto de 1957.

O programa espacial soviético começou com uma grande vantagem sobre o dos EUA. Devido a problemas técnicos para fabricar ogivas nucleares mais leves, os mísseis lançadores intercontinentais da URSS eram imensos e potentes se comparados com seus similares estadunidenses. Logo, os foguetes para seu programa espacial já estavam prontos como resultado do esforço militar soviético resultante da guerra fria. Assim, na época em que a Sputnik 1 foi lançada, a capacidade de lançamento da URSS era de 500 kg, enquanto que a dos EUA era de 5 kg.

A base dos lançadores soviéticos (e a base para o desenvolvimento do lançador Proton usado até hoje pela Rússia) foi o missil balístico intercontinental R.7 (ou "Sputnik"), desenvolvido pela equipe chefiada por Sergei Korolev. Foi usando um R.7 que a URSS realizou a façanha de enviar o satélite artificial Sputnik 1 para a orbita da Terra.

O treinamento dos cosmonautas soviéticos era rígido e bem planejado. Os soviéticos supunham que as condições de um voo espacial eram severas e que só "super-homens" poderiam suporta-la.

O Sputnik e a Vostok

Sputnik I o primeiro satélite artificial.

O programa espacial soviético, estava ligado aos seus planos quinquenais e desde o início recebia apoio dos militares. Apesar de Korolev ser motivado "por um sonho único de viagens espaciais", ele geralmente mantinha isso em segredo quando tratava de projetos militares. Depois do primeiro teste de bomba atômica na URSS em 1949, um míssil capaz de carregar uma ogiva daquele tamanho aos Estados Unidos se torna necessário, e com ele a disposição, Korolev e outros insistiam na ideia de satélites e naves tripuladas. Apesar disso, o primeiro foguete com animais a bordo foi lançado em 1951; os dois cães foram recuperados vivos depois de chegar a 101 km de altitude. Dois meses antes de os Estados Unidos efetuar um experimento semelhante. Esse e outros voos subsequentes, deram aos soviéticos uma valiosa experiência em medicina espacial.

Devido ao seu alcance global e grande capacidade de carga (cerca de 5 toneladas), o míssil R-7 Semyorka não era apenas efetivo como arma nuclear, mas também uma base excelente para um veículo lançador espacial. O anúncio dos Estados Unidos em Julho de 1955 dos seus planos de lançar um satélite durante o Ano Internacional da Geofísica ajudou muito Korolev a persuadir o líder soviético Nikita Khrushchev a patrocinar seus planos a partir de Janeiro de 1956, com o objetivo de suplantar os Estados Unidos. Foram aprovados planos para um satélite artificial de observação da Terra (o Sputnik I) para adquirir conhecimento sobre o espaço além de quatro satélites de reconhecimento (da série Zenit). Foram planejados mais tarde, novos desenvolvimentos, como: missões não tripuladas à Lua e missões tripuladas em órbita da Terra.

Depois que o primeiro Sputnik provou ser um ótimo elemento de propaganda, Korolev, então apenas conhecido como o misterioso "Desenhista chefe de foguetes espaciais", foi encarregado de acelerar o programa de missões tripuladas, cujo projeto foi combinado com o programa Zenit para criar a espaçonave Vostok. Influenciado pelas ideias de Tsiolkovsky, que escolheu Marte como o objetivo mais importante das viagens espaciais no início dos anos 60, o programa espacial soviético sob a liderança de Korolev criou grandes planos para viagens a Marte para o período entre 1968 e 1970. Com um sistema de suporte de vida em circuito fechado e motores de foguete elétricos e lançados a partir de grandes estações espaciais orbitando a Terra, esses planos eram muito mais ambiciosos que os do Projeto Apollo.

Orçamento e Apoio

O orçamento militar soviético estava focado nos ICBMs da Força Estratégica de Mísseis, e o programa espacial "pegava uma carona". Enquanto no ocidente se acreditava que Khrushchev em pessoa encomendava cada nova missão espacial com objetivo de propaganda, e que o líder soviético tinha um relacionamento próximo a Korolev e outros projetistas, ele "estava mais preocupado com dinheiro e mísseis do que astronautas e o espaço... Ele nunca esteve particularmente interessado em competir com o projeto Apollo".

Enquanto o governo e o partido comunista usavam os sucessos do programa espacial como ferramenta de propaganda depois que eles aconteciam, planos sistemáticos para missões baseados em razões políticas eram raros, uma exceção foi a missão da primeira mulher no espaço, Valentina Tereshkova na Vostok 6 in 1963. As missões eram planejadas de acordo com a disponibilidade dos foguetes e razões eventuais, e não por objetivos científicos. Por exemplo, em Fevereiro de 1962 o governo repentinamente ordenou uma missão ambiciosa envolvendo duas espaçonaves Vostok simultaneamente, lançadas num intervalo de 10 dias para ofuscar o feito de John Glenn com o Mercury-Atlas 6 naquele mês; o programa no entanto, só conseguiu realizar o feito com a Vostok 3 e a Vostok 4 em Agosto.

COMPETIÇÃO INTERNA

Sergei Korolev

Sergei Korolev.

Diferente do programa espacial dos Estados Unidos, que tinha a NASA como única instituição coordenadora dirigida pelo seu administrador, James Webb durante a década de 60, o programa soviético estava dividido entre vários escritórios de projeto competindo entre si. Apesar do enorme sucesso dos Sputniks entre 1957 e 1961 e as Vostok entre 1961 e 1964, depois de 1958, o escritório de projetos de Korolev, o OKB-1 enfrentou uma concorrência crescente dos seus rivais, os projetistas chefes: Mikhail Yangel, Valentin Glushko, e Vladimir Chelomei. Korolev planejou seguir adiante com o desenvolvimento da espaçonave Soyuz e do foguete pesado N-1 que deveria ser a base para uma estação espacial tripulada permanente e exploração tripulada da Lua. No entanto, Ustinov o orientou a se concentrar em missões próximas da Terra com a espaçonave Voskod, uma versão melhorada da Vostok, e também missões não tripuladas a outros planetas, como Vênus e Marte.

Yangel foi assistente de Korolev mas com o apoio dos militares ele conseguiu seu próprio escritório de projetos em 1954 para trabalhar primordialmente dedicado ao programa espacial militar. Ele contava com a equipe mais forte no projeto de motores, incluindo o uso de combustíveis hipergólicos, mas depois da "Catástrofe de Nedelin" em 1960, Yangel foi orientado a concentrar seus esforços no desenvolvimento de mísseis intercontinentais. Ele continuou a desenvolver seus próprios desenhos de grandes veículos lançadores, similares ao N-1 de Korolev, tanto para fins militares quanto para o transporte de cargas pesadas ao espaço para a construção de futuras estações espaciais.

Glushko era o desenhista chefe dos motores de foguete, mas ele tinha um atrito pessoal com Korolev e se recusou a desenvolver motores criogênicos maiores com uma única câmara de combustão que Korolev precisava para desenvolver lançadores maiores.

Chelomei se beneficiou do apadrinhamento de Khrushchev e em 1960 lhe foi dada a incumbência de desenvolver um grande foguete capaz de enviar uma espaçonave tripulada ao redor da Lua e uma estação espacial tripulada para os militares. Com sua limitada experiência na área espacial esse desenvolvimento foi demasiado lento.

O progresso do Projeto Apollo estava preocupando os desenhistas chefes soviéticos, que no entanto tentavam cada um levar adiante o seu próprio projeto como resposta aos Norte americanos. Com isso, vários projetos redundantes foram aprovados, o que acabou comprometendo ainda mais os projetos já aprovados. Apesar disso, e devido à "persistência incomum" de Korolev, em Agosto de 1964, mais de três anos depois que os Estados Unidos declarou sua intenção de levar um homem à Lua, a União Soviética finalmente decidiu entrar na competição. Ele determinou a meta de um pouso lunar em 1967 (ano do 50º aniversário da Revolução de Outubro), ou 1968. Num determinado momento dos anos 60, o programa espacial soviético estava desenvolvendo cerca de trinta projetos diferentes para foguetes lançadores e espaçonaves. Com a queda de Krushchev em 1964, Korolev recebeu o controle completo do programa espacial tripulado.

Depois de Korolev

Korolev morreu em Janeiro de 1966 depois de uma operação de rotina (que acabou revelando um câncer de colo), devido a uma doença cardíaca e hemorragia grave. Kerim Kerimov, que anteriormente foi um dos criadores da Vostok 1, foi nomeado presidente da Comissão Nacional de Voos Tripulados e a liderou pelos próximos 25 anos (1966–1991). Ele supervisionou cada estágio do desenvolvimento e operação tanto dos complexos voltados ao desenvolvimento de missões tripuladas quanto aos voltados a estações interplanetárias não tripuladas. Uma das maiores realizações de Kerimov foi o lançamento da Mir em 1986.

Estação Espacial Mir.

A chefia do escritório de projetos OKB-1 foi entregue a Vasili Mishin, que recebeu a tarefa de executar as missões lunares soviéticas (colocar um homem na órbita da Lua em 1967 e pousar um homem na Lua em 1968). Mishin não tinha a influência política de Korolev e ainda enfrentava competição de outros desenhistas chefes. Sob pressão, Mishin aprovou o lançamento da Soyuz 1 em 1967, apesar de a espaçonave nunca ter passado por um teste em voo não tripulado. A missão ocorreu com conhecidos problemas de desenho e terminou com a queda do veículo matando o cosmonauta Vladimir Komarov. Esta foi a primeira fatalidade em voo do programa.

Depois desse desastre e sob ainda mais pressão, Mishin acabou se tornando alcoólatra. Os soviéticos foram batidos no objetivo de orbitar um homem na Lua em 1968 pela Apollo 8, como reação, Mishin apressou ainda mais o desenvolvimento do problemático foguete super pesado N1 na esperança de que os Norte americanos tivessem algum problema, deixando algum tempo para que o N-1 se tornasse operacional e pudessem fazer um homem pousar na Lua primeiro. Houve um sucesso no voo conjunto entre a Soyuz 4 e a Soyuz 5 em Janeiro de 1969, que testou as manobras de aproximação, o acoplamento e técnicas de transferência de tripulação que seriam usadas no pouso na Lua e o módulo lunar foi testado com sucesso em órbita da Terra. Mas depois que quatro lançamentos não tripulados do N-1 terminaram em falha, o projeto do lançador pesado foi abandonado, acabando com qualquer chance de os soviéticos pousarem um homem na Lua usando um único lançamento.

Além do projeto de pousar um homem na Lua, outros projetos soviéticos abandonados incluíam: a construção de uma base lunar multifunção, a Zvezda, projetos detalhados e modelos de veículos para esse complexo foram produzidos. Outros programas de expedições tripuladas à Lua foram propostos, como o "Vulkan-LEK" mas não foram implementados por razoes econômicas.

Depois desse revés, Chelomei convenceu Ustinov a aprovar um programa em 1970 para avançar com o projeto da sua estação espacial militar Almaz como meio de bater os Estados Unidos na sua já anunciada Skylab. Mishin permaneceu no controle do projeto que se tornou a Salyut, mas a opção escolhida por Mishin, que poderia ter sido a de uma tripulação de dois com trajes pressurizados, acabou sendo por uma tripulação de três sem trajes pressurizados para a Salyut 1 in 1971, o que se mostrou mais uma vez fatal, quando a capsula de reentrada despressurizou matando a tripulação no seu retorno à Terra. Mishin foi retirado de vários projetos e Chelomei retomou o controle da Salyut. Depois de trabalhar com a NASA na missão Apollo-Soyuz, a liderança soviética decidiu que uma nova abordagem de gerenciamento era necessária e em 1974, o N-1 foi cancelado e Mishin dispensado. Um único escritório de projetos, o NPO Energia foi criado para conduzir o programa a partir de então, liderado por Glushko.

Apesar da falha no programa de missões tripuladas à Lua, a URSS conseguiu sucesso significativo em duas importantes primazias: o Programa Lunokhod que colocou os priemiros rovers na Lua e o Programa Luna, que entre outras coisas, retornaram amostras do solo lunar. Também o Programa Marte teve continuidade com pequenos sucessos, enquanto a exploração de Venus e a Missão Vega para o cometa Halley foram mais efetivas.

Um programa secreto

Essa imagem foi obtida pelos astronautas do ônibus espacial Atlantis quando ele se aproximou da estação espacial Russa Mir antes do acoplamento durante a missão STS-76.

Os cidadãos da União Soviética acreditavam que o programa espacial soviético era capaz de suplantar qualquer desafio. Essa sua crença vinha, entre outras razões, do fato de que o programa era secreto. Sabendo menos, principalmente em relação às falhas, o futuro parecia sem limites. O programa espacial soviético não liberou nehuma informação a respeito dos seus projetos antes do bem sucedido Sputnik I. De fato, quando o projeto Sputnik foi aprovado, uma das primeiras ações do Politburo foi considerar o que deveria ser anunciado ao Mundo em relação a ele. A TASS estabeleceu padrões para todos os comunicados oficiais do programa espacial soviético. As informações eventualmente liberadas não forneciam qualquer detalhe sobre quem construiu ou de onde foi lançado ou o motivo do satélite ter sido lançado. Mesmo quando houve a liberação de informações elas esclareciam como não revelavam nada significativo: "existe uma quantidade abundante de informações científicas exóticas...como se para mergulhar o leitor nas altas matemáticas sem nenhuma foto do objeto".

Claramente, o tratamento secreto do programa espacial soviético serviu a dois objetivos: evitar o vazamento de informações classificadas entre países e criar uma barreira de mistério entre o programa espacial e o povo soviético. A natureza da divulgação do programa, trazia mensagens ambíguas em relação a seus objetivos, sucessos e valores. O programa em si, era tão secreto que um cidadão soviético comum, nunca conseguiu ter acesso a uma simples imagem, mesmo que superficial sobre a sua história, atividades correntes ou empreendimentos futuros. De acordo com o autor/historiador Dominic Phelan "Lançamentos não eram anunciados até que eles ocorressem. Nomes dos cosmonautas não eram liberados até que eles voassem. Detalhes das missões eram esparsos. Nós não sabíamos o tamanho ou forma dos foguetes ou das cabines das espaçonaves, exceto os primeiros Sputniks, sondas lunares e sondas de Vênus".

Essa ambiguidade gerava um paradoxo: de um lado os funcionários públicos tentavam promover o programa espacial conectando os seus sucessos à força do socialismo. Por outro lado, eles entendiam a importância de manter o sigilo devido à Guerra Fria. Essa obsessão por segredo na URSS pode ser entendida como uma forma de resguardar tanto seus pontos fortes quanto as suas fraquezas, devido ao desejo de proteger informações críticas à segurança nacional. Um desejo de promover de maneira positiva a imagem da União Soviética para o Mundo exterior, limitando a divulgação de conteúdo que pudesse comprometer a sua imagem, de acordo com o controle que o governo exercia sobre as ideias, tecnologias e invenções soviéticas.

A influência militar no programa espacial, pode explicar o nível de confidencialidade que cercava o programa. Os sucessos iniciais do programa: Sputnik, Laika, Yuri Gagarin orquestrados pelo OKB-1 (Escritório de Projetos Esperimentais-1), foram sem dúvida um fator crítico. O OKB-1 estava subordinado ao Ministério Geral de Construção de Máquinas. Esse Ministério era responsável por um complexo industrial altamente secreto que foi alvo das forças de inteligência ocidentais durante a Guerra Fria. Originalmente, o objetivo primário do OKB-1 era a produção e posterior desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais. Isso mudou nos anos 60 com a prioridade alterada para a "Corrida Espacial", mas a associação com o projeto de mísseis militares continuou e as conquistas do programa espacial foram cobertas por uma nova camada de segredo. Os interesses militares no desenvolvimento de armas como os ICBMs, operavam sob um conjunto de práticas clandestinas. Os funcionários públicos ligados a projetos militares, criaram por exemplo, uma política de identificação de armas usando uma combinação de letras e números completamente aleatória: por exemplo a espaçonave Vostok era identificada como "objeto IIF63", enquanto o foguete lançador de mesmo nome, era o "objeto 8K72K". Até mesmo os trabalhadores das fábricas envolvidas nos projetos de artefatos para o programa espacial, não tinham a visão do todo. Regras de acesso e divisões de trabalho em equipes separadas, impediam os trabalhadores de uma sessão ter conhecimento do que se passava na outra.

A origem do alto nível de confidencialidade dos militares, que eventualmente influenciaram o programa espacial tiveram início como medida temporária adotada ainda na época da Guerra Civil. Essa política de identificação aleatória foi reeditada em 1927, quando as fábricas foram identificadas por um conjunto de números. Essa prática seria adotada em projetos de pesquisa e desenho dentro das fábricas, e a tradição continuou para confundir os adversários sobre os objetivos soviéticos. Apesar disso, houve um entendimento errado de que os departamentos de inteligência ocidentais conseguiram "decifrar" esse código. Os trabalhadores, técnicos e cientistas eram proibidos de mencionar o código em público, devendo usar nas comunicações com fábricas, institutos e departamentos, um outro código. Na verdade, um código postal especial era usado nesses casos.

Numa retrospectiva, pode-se observar o padrão que surgiu à medida que as missões espaciais soviéticas se tornavam mais frequentes. O programa não mencionava problemas em seus anúncios ao público. O povo tinha a impressão que o programa espacial soviética jamais experimentou falhas. De acordo com o autor/historiador James Andrews, "Praticamente sem exceção, a cobertura da exploração espacial soviética, especialmente no caso de missões tripuladas, omitiam registros de falhas ou problemas". Ao invéz de admitir qualquer falha, os relatórios de missões tripuladas exageravam no tom positivo e otimista sem nenhum compromisso com os fatos.

Citação: Dominic Phelan escreveu: «A URRS foi descrita por Winston Churchill como "uma charada envolvida em mistério, dentro de um enigma" e nada foi maior exemplo disso que a busca por informações verdadeiras sobre o seu programa espacial durante a Guerra Fria. Apesar da Corrida espacial acontecer literalmente sobre as nossas cabeças, ela era sempre envolvida por uma cortina de mistério muito difícil de ser ultrapassada.».

O que precisa ser compreendido no entanto, é que a demanda por segredo em torno do programa espacial, foi muito influenciada por exigência dos militares soviéticos.

PROJETOS E REALIZAÇÕES

Projetos completados

  • Almaz (estações espaciais)
  • Buran (ônibus espacial)
  • Energia
  • Fóton (satélites)
  • Kosmos (satélites)
  • N1-L3 (programa lunar tripulado)
  • Luna (sondas lunares)
  • Marte (sondas marcianas)
  • Meteor (satélites)
  • Molniya (satélites)
  • Mir (estação espacial)
  • Phobos
  • Proton (satélites)
  • Salyut (estações espaciais)
  • Soyuz (missões espaciais tripuladas)
  • Sputnik (satélites)
  • TKS (nave de reabastecimento)
  • Vega (sondas ao cometa Halley)
  • Venera (sondas de Vênus)
  • Voskhod (missões espaciais tripuladas)
  • Vostok (missões espaciais tripuladas)
  • Zond (sondas interplanetárias e lunares)

Principais primazias

Dois dias depois que o governo dos Estados Unidos anunciou sua intenção de lançar um satélite artificial em 31 de Julho de 1956, a União Soviética anunciou sua intenção de fazer o mesmo. O Sputnik I, lançado em 4 de Outubro de 1957, bateu os Estados Unidos e surpreendeu as pessoas ao redor do Mundo.

O programa espacial soviético foi pioneiro em vários aspectos da exploração espacial:

  • 1957: Primeiro míssil balístico intercontinental, R-7 Semyorka
  • 1957: Primeiro satélite artificial, Sputnik I
  • 1957: Primeiro animal em órbita da Terra, a cadela Laika na Sputnik 2
  • 1959: Primeira ignição de motor foguete em órbita da Terra, primeiro objeto feito pelo homem a escapar da gravidade da Terra, Luna 1
  • 1959: Primeira comunicação de dados, ou telemetria, de e para o espaço exterior, Luna 1.
  • 1959: Primeiro objeto feito pelo homem a passa perto da Lua, primeiro objeto feito pelo homem em órbita heliossíncrona, Luna 1
  • 1959: Primeira sonda a cair na Lua, Luna 2
  • 1959: Primeiro conjunto de imagens do lado oculto da Lua, Luna 3
  • 1960: Primeiro retorno de animais em segurança da órbita da Terra, os cães Belka e Strelka na Sputnik 5.
  • 1961: Primeira sonda lançada em direção a Vênus, Vênera 1
  • 1961: Primeira pessoa no espaço, e em órbita da Terra, Yuri Gagarin na Vostok 1
  • 1961: Primeira pessoa a passar mais de 24 horas no espaço, Gherman Titov, na Vostok 2 (também a primeira pessoa a dormir no espaço).
  • 1962: Primeiro voo tripulado de duas naves em paralelo, Vostok 3 e Vostok 4
  • 1962: Primeira sonda lançada para Marte, Marte 1
  • 1963: Primeira mulher no espaço, Valentina Tereshkova, na Vostok 6
  • 1964: Primeira missão com tripulação de mais de uma pessoa (3), na Voskhod 1
  • 1965: Primeira atividade extra veicular, por Aleksei Leonov, na Voskhod 2
  • 1965: Primeira sonda a cair em outro planeta do sistema solar (Vênus), Venera 3
  • 1966: Primeira sonda a fazer um pouso suave e transmitir da superfície lunar, Luna 9
  • 1966: Primeira sonda a entra em órbita lunar, Luna 10
  • 1967: Primeira manobra e acoplamento de espaçonaves não tripuladas, Kosmos 186/Kosmos 188.
  • 1968: Primeiro conjunto de seres vivos (tartarugas) a orbitar a Lua e retornar a salvo a Terra, na Zond 5
  • 1969: Primeiro acoplamento entre espaçonaves tripuladas em órbita da Terra com troca de tripulações, Soyuz 4 e Soyuz 5
  • 1970: Primeira amostra de solo extraído e retornado automaticamente da Lua para a Terra, Luna 16
  • 1970: Primeiro rover robótico na Lua, Lunokhod 1
  • 1970: Primeiro conjunto de dados recebido da superfície de outro planeta do sistema solar (Vênus), Venera 7
  • 1971: Primeira estação espacial, Salyut 1
  • 1971: Primeira sonda a cair na superfície de Marte, Marte 2
  • 1971: Primeira sonda a pousar em Marte, Marte 3
  • 1975: Primeira sonda a orbitar, pousar e retornar as primeiras imagens da superfície de Vênus, Venera 9
  • 1980: Primeiro hispânico e afrodescendente no espaço, Arnaldo Tamayo Méndez na Soyuz 38
  • 1984: Primeira mulher a efetuar atividade extraveicular, Svetlana Savitskaya na estação espacial Salyut 7
  • 1986: Primeira tripulação a visitar duas estações espaciais distintas: a Mir e a Salyut 7
  • 1986: Primeiro conjunto de sondas a enviar balões robóticos na atmosfera de Vênus e retornar imagens de um cometa durante um voo de proximidade, Vega 1 e Vega 2
  • 1986: Primeira estação espacial premanentemente tripulada, Mir, 1986–2001, com presença permanente a bordo entre 1989 e 1999
  • 1987: Primeira tripulação a parmanecer por mais de um ano no espaço, Vladimir Titov e Musa Manarov a bordo da Soyuz TM-4 - Mir

Principal fonte: Wikipédia.

CARTAZES DO PROGRAMA ESPACIAL SOVIÉTICO

Cartazes do tempo do programa espacial soviético

A "Corrida Espacial" envolveu bastante os dois lados do oceano. Aqui alguns cartazes antigos que marcam essa era, que exaltavam as conquistas da União Soviética no campo da exploração espacial.

советской космической программы







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