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BRAVE NEW WORLD / ADMIRÁVEL MUNDO NOVO / UN MUNDO FELIZ (Part 2 of 2)

THE MIKE WALLACE INTERVIEW - GUEST: ALDOUS HUXLEY - 05/18/1958. ENTREVISTA DE MIKE WALLACE -  CONVIDADO: ALDOUS HUXLEY - 18/05/1958....

30 maio 2013

CRIAÇÕES DE CHESLEY BONESTELL

Ilustrações de Chesley Bonestell / Chesley Bonestell's illustrations

Chesley Bonestell (1888-1986) was a pioneer of astronomical and space art who helped popularize manned space travel. He is well known for his cover art for science fiction magazines, including Astounding Science Fiction (12 covers) and The Magazine of Fantasy and Science Fiction (38 covers); and many books, such as The Conquest of Space; The Exploration of Mars; and Beyond the Solar System, that he illustrated in collaboration with several authors well known in the field of space exploration. Bonestell’s work also includes architectural paintings, scientific illustrations, and special effects matte paintings for films such as Destination Moon (1950), When Worlds Collide (1951) and War of the Worlds (1953).

Chesley Bonestell and Werner Von Braun (NASA).

Bonestell received a bronze medal from the british Interplanetary Socyety, a Special Achievement Hugo Award, and was inducted into the International Space Hall of Fame, and the Science Fiction Hall of Fame. The ASFA's Chesley Award for achievement in science fiction and fantasy art is named for him, and a crater on Mars and asteroid 3129 Bonestell are also named in his honor.

CHESLEY BONESTELL'S ILLUSTRATIONS

Galaxy.

Travel to Mars.

Young Earth and Moon (formation).

Mercury.

The Sun and the Solar System.

Young Earth and Moon.

Imaginary Planet.

Imaginary Binary Sistem.

29 maio 2013

O HOMEM QUE SEMEAVA ÁRVORES (Fábula)

O HOMEM QUE SEMEAVA ÁRVORES

É uma fábula que relata o trabalho paciente e abnegado de Elzéard Bouffier, um pastor de ovelhas que decide plantar árvores em uma região desolada da França. Vencedor do Oscar de Melhor Animação Curta-Metragem em 1988, além de diversos outros prêmios, é um testemunho do poder do espírito humano.

O Homem que Semeava Árvores (30 min. 10 seg.).

"Há cerca de quarenta anos, fiz uma longa caminhada na antiqüíssima região dos Alpes que entra pela Provença, a altitudes então absolutamente desconhecidas dos turistas.

Esta região é delimitada a Sudoeste e a Sul pelo curso médio do rio Durance, entre Sisteron e Mirabeau; a Norte pelo curso superior do rio Drôme, desde a nascente até Die; a Oeste pelas planuras de Comtat Vesaissin e pelos contrafortes de Mon-Ventoux. Compreende toda a parte Norte do departamento dos Alpes-Baixos, o Sul do Drôme e um pequeno enclave de Vaucluse.

Eram, na altura em que empreendi o meu longo passeio por esses desertos, terras nuas e monótonas, a cerca de 1.200 - 1.300 metros de altitude. Apenas alfazemas silvestres cresciam por lá.

Atravessei esta região na sua maior extensão, e, após três dias de marcha, achava-me numa desolação sem par. Acampei ao lado de um esqueleto de aldeia abandonada. Já não tinha água desde a véspera e precisava encontrá-la. Estas casas aglomeradas, embora em ruínas, como um velho ninho de vespas, fizeram-me pensar que devia ter por ali existido, em tempos, uma fonte ou um poço. Havia efetivamente uma fonte, mas seca. As cinco ou seis casas sem telhado, corroídas pelo vento e pela chuva, a pequena capela, de campanário desmoronado, alinhavam-se como as casas e as capelas nas aldeias vivas, mas toda a vida tinha desaparecido.

Era um belo dia de junho cheio de Sol, mas, nestas terras sem abrigo e de altitude, o vento soprava com uma brutalidade insuportável. O seu ribombar na carcaça das casas fazia lembrar o ronco de uma fera perturbada durante o seu repasto.

Árvores.

Vi-me forçado a levantar o acampamento. Ao fim de cinco horas de marcha não tinha ainda encontrado água e nada indicava que a viesse encontrar. Por toda a parte, a mesma secura, as mesmas ervas lenhosas. Pareceu-me entrever, ao longe, de pé, uma pequena silhueta negra. Tomei-a pelo tronco solitário de uma árvore. Ao que desse e viesse, dirigi-me para lá. Era um pastor. Uma trintena de carneiros deitados na terra ardente, repousavam perto dele.

Deu-me de beber de sua cabaça e, pouco depois, conduziu-me ao seu redil, numa ondulação do planalto. Tirava a sua água, excelente, de um poço natural, muito profundo, por cima do qual tinha instalado um sarilho rudimentar.

Era um homem de poucas falas, o que é feitio dos solitários, mas revelava-se seguro de si e confiante nessa segurança. Não deixava de ser insólito numa região desprovida de tudo.

Habitava não numa cabana, mas numa verdadeira casa de pedra, na qual se reconhecia muito bem como, com o seu trabalho pessoal, tinha reconstruído as ruínas que encontrara à chegada. O telhado era sólido, estanque. O vento fazia nas telhas um ruído que lembrava o do mar nas praias.

Todo o interior estava em ordem, a louça lavada, o soalho varrido e a espingarda oleada; uma sopa fervia sobre o fogo. Notei, então, que estava também barbeado de fresco, que todos os botões se apresentavam solidamente cozido e a roupa repassada com o cuidado minucioso que torna os remendos invisíveis. Partilhou comigo a sua sopa e quando, pouco depois, lhe oferecia minha bolsa de tabaco, disse-me que não fumava. O cão dele, silencioso como o dono, era afável sem subserviência.

Combinamos de imediato que eu passaria ali à noite, pois a aldeia mais próxima ficava ainda a mais de dia e meio de marcha. Além disso, eu conhecia bem o gênero de pequenos e raros povoados da região. Haveria quatro ou cinco aldeias, distantes umas das outras e dispersas pelas encostas, nas matas de carvalhos brancos, situadas no extremo das estradas transitáveis por carroças. São habitadas por lenhadores que fazem carvão de madeira. Trata-se de locais onde se vive mal. As famílias confinadas umas contra as outras, neste clima excessivamente rude, tanto no verão como no inverno, dão largas ao seu egoísmo. A ambição cega torna-se desmedida, na expectativa continuada de fugir da região.

Os homens vão levar o carvão à cidade nos seus caminhões, depois regressam. As mais sólidas virtudes esboroam-se sob a ação deste perpétuo banho escocês. As mulheres fervilham rancores. Há concorrência sem tréguas em tudo, tanto na venda de carvão como pelo banco na Igreja; há concorrência nas virtudes, que se combatem entre si; nos vícios, que se combatem também entre si, e há concorrência ainda na confusão geral de vícios e virtudes. Ainda por cima, o vento, que sopra sem descanso, irrita os nervos. Acontecem epidemias de suicídios e os casos de loucura, quase sempre assassina, são numerosos.

O pastor que não fumava, foi buscar um pequeno saco e espalhou sobre a mesa um monte de landes. Pôs-se a examiná-las, uma após outra, com toda a atenção, separando as boas das más, enquanto eu fumava meu cachimbo. Propus-me ajudá-lo. Disse-me que era tarefa sua. Com efeito, vendo o cuidado que ele punha na sua escolha, não insisti. E a nossa conversa ficou-se por aí. Quando juntou do lado das boas um monte de landes bastante grande, contou-as em conjuntos de dez. Ao mesmo tempo, examinando-as de perto. Eliminava os frutos menores ou que estavam ligeiramente estalados. Quando acabou de juntar, diante de si, cem landes perfeitas, parou e fomo-nos deitar.

A companhia deste homem transmitia paz. No dia seguinte, pedi-lhe que me autorizasse a descansar em sua casa por mais uma jornada, o que ele achou muito natural. Ou, mais exatamente, deu-me a impressão de que nada o poderia incomodar. Esta pausa não me era absolutamente necessária, mas eu estava intrigado e queria saber mais. Fez sair o rebanho e conduziu-o à pastagem. Antes de partir, molhou num balde de água o pequeno saco onde tinha posto as landes cuidadosamente escolhidas e contadas.

Reparei que, em jeito de cajado, levava um varão de ferro de grossura de um polegar e com cerca de metro e meio de comprimento. Fiz de conta que passeava para descansar e fui seguindo um caminho paralelo ao dele. A pastagem dos seus animais era no fundo de um pequeno vale.

Deixando o rebanho à guarda do cão, subiu em direção ao sítio onde eu me encontrava. Receei que viesse censurar-me pela minha indiscrição, mas nada disso: era esse o seu caminho e convidou-me a acompanhá-lo, caso não tivesse nada de melhor para fazer. Dirigia-se a uma elevação, duzentos metros mais acima.

Chegando ao local almejado, pôs-se a espetar o varão de ferro na terra, fazendo assim um buraco em que depunha uma lande, e depois tapava o buraco. Ele semeava carvalhos! Perguntei-lhe se o terreno lhe pertencia. Respondeu-me que não. Sabia de quem a terra era? Não sabia. Supunha que se tratasse de uma área comunal, ou então de propriedade abandonada pelos donos. Era questão que não o preocupava. Assim, semeou as suas cem landes, com um cuidado extremo.

Após a refeição do meio-dia, recomeçou a escolher as suas sementes. Fui, penso, bastante insistente nas minhas perguntas, pois se deu ao trabalho de me responder. Há três anos que semeava árvores nesta solidão. Tinha, entretanto, semeado cem mil. Dessas cem mil, vinte mil tinham vingado. E destas vinte mil contava perder ainda metade, devido aos roedores ou por força de tudo quanto há de imprevisível nos desígnios da Providência. Restavam dez mil carvalhos que iriam crescer neste lugar onde dantes nada havia.

Foi então que quis saber a idade deste homem. Tinha visivelmente mais de cinqüenta anos. Cinqüenta e cinco, disse-me. Chamava-se Elzéard Bouffier. Tivera uma quinta na planície. Aí vivera em plenitude a sua vida. Tinha perdido o seu único filho, depois a mulher. Retirara-se para esta solidão, onde se dava o prazer de viver vagarosamente, com suas ovelhas e o seu cão. Parecera-lhe que esta região morria por falta de árvores. Não tenho ocupações muito importantes, acrescentou, tinha decidido remediar tal estado de coisas.

Vivendo eu próprio nessa época e apesar de ser ainda jovem, uma vida solitária, eu sabia tocar com delicadeza as almas solitárias. No entanto, cometi um deslize. A minha juventude, precisamente, levava-me a imaginar o futuro em função de mim mesmo e de uma certa busca da felicidade. Disse-lhe que, dentro de trinta anos, esses dez mil carvalhos seriam magníficos. Ao que ele me replicou, muito simplesmente que, se Deus lhe concedesse vida, dentro de trinta anos, teria semeado tantas outras árvores que aqueles dez mil carvalhos seriam como que uma gota de água no mar.

Estudava já, de resto, a reprodução das faias e tinha perto de casa um viveiro delas; os exemplares que aí cresciam, protegidos dos seus carneiros por uma cerca que ele construíra, eram de grande beleza. Pensava igualmente em bétulas, para os fundos, onde me dizia ele, uma certa umidade se esconderia a alguns metros abaixo da superfície do solo.

Separamo-nos no dia seguinte.

Um ano depois, começou a guerra de quatorze, na qual estive mobilizado durante cinco anos. Um soldado de infantaria não podia, em tal situação, refletir muito sobre árvores. E para falar com verdade, o fato não me tinha marcado; tinha-o considerado como algo de pueril, uma coleção de selos, e esquecido.

Saído da guerra, vi-me na posse de um prêmio de desmobilização minúsculo, mas com um grande desejo de respirar um pouco de ar puro. Assim, foi sem qualquer idéia preconcebida, salvo esse simples objetivo, que retomei o caminho dessas paragens desertas. A região não tinha mudado. Contudo, passada a aldeia morta, divisei ao longe uma espécie de nevoeiro cinzento que cobria as elevações como um tapete. Desde a véspera, tinha recomeçado a pensar naquele pastor que semeava árvores. Dez mil carvalhos ocupam realmente um espaço muito grande.

Tinha visto morrer muita gente, durante cinco anos, para não imaginar facilmente a morte de Elzéard Bouffier, tanto mais que, quando se tem vinte anos, consideram-se aqueles que têm cinqüenta anos como velhos a quem não resta senão morrer. Mas Elzéard Bouffier não tinha morrido. Tinha mesmo rejuvenescido e mudara de ocupação. Ficara apenas com quatro ovelhas e, em compensação, cuidava de uma centena de colméias. Desfizera-se dos carneiros que punham em perigo as suas árvores. Porque, disse-me (e eu constatava-o), sem dar qualquer atenção à guerra, continuava imperturbavelmente a semear árvores.

Os carvalhos de 1910 tinham então dez anos e estavam mais altos que qualquer um de nós. O espetáculo era impressionante. Eu sentia-me literalmente sem palavras e, como ele não falasse, passamos todo o dia em silêncio a passear na sua floresta. Esta tinha, em três troços, onze quilômetros na sua maior extensão. Se considerar que tudo era obra das mãos e da alma de um só homem, sem meios técnicos, compreende-se que os seres humanos poderiam ser tão eficazes como Deus, em domínios diferentes da destruição.

Ele tinha posto em prática a sua idéia e as faias, que chegavam à altura dos meus ombros e se espalhavam a perder de vista, eram bem testemunho disso. Os carvalhos eram fortes e tinham passado a idade de estarem à mercê dos roedores. Quanto aos desígnios da própria Providência, para destruir a obra assim criada, precisaria lançar mão dos ciclones. Mostrou-me admiráveis bosquezinhos de bétulas que, com os seus cinco anos, haviam sido semeados em 1915, altura em que eu combatia em Verdum. Tinha-as semeado nos terrenos fundos, onde, com razão, ele suspeitava haver umidade quase à flor da terra. Tinham o porte tenro e decidido de adolescentes.

A criação tinha, aliás, o ar de se repercutir em cadeia. Ele não dava atenção a isso; prosseguia obstinadamente a sua tarefa muito simples. Ao descer de novo para a aldeia, vi correr água em riachos que a memória dos homens sempre recordara secos. Era a mais formidável reação natural em cadeia que me tinha sido dado observar. É que esses riachos, em tempos recuados, haviam transportado água. Algumas das tristes aldeias de que falei, no início desta narrativa, haviam sido construídas sobre as ruínas de antigas aldeias galo-romanas de que ainda subsistiam vestígios, postos a descoberto por arqueólogos. Entre tais vestígios, constavam anzóis, encontrados em sítios onde, no século XX, era forçoso recorrer a cisternas para recolher alguma água.

O vento, por sua vez, dispersava determinadas sementes. Assim, com a água, ressurgiram também os salgueiros, os vimes, os prados, as hortas, as flores e uma certa razão de viver. A transformação operava-se tão lentamente que entrara nos hábitos sem suscitar espanto. Os caçadores que subiam às tais solidões, em perseguição de lebres ou javalis, bem tinham constatado o pulular de pequenas árvores, mas atribuíram-nas aos caprichos naturais da terra. Por isso ninguém tocava na obra daquele homem. Se tivessem suspeitado dele, tê-lo-iam contrariado. Só que ele era absolutamente insuspeito. Quem poderia imaginar, nas aldeias e nas repartições, uma tal obstinação na generosidade mais magnífica?

A partir de 1920, não deixei nunca de passar mais de um ano sem visitar Elzéard Bouffier. Jamais o vi recuar ou duvidar. Mas Deus saberá, se é que Deus cresce em semelhantes paragens. Não cheguei nunca a inventariar os seus dissabores. Pode-se bem imaginar, no entanto, que para chegar a um tal sucesso, há de ter sido forçoso vencer a adversidade; que, para assegurar a vitória de uma tal paixão, terá sido inevitável bater-se com o desespero. Semeara, durante um ano, mais de dez mil olmos. Morreram todos. Um ano depois, abandonou os olmos para retomar as faias, que vingaram ainda melhor que os carvalhos. Para ter uma idéia aproximada deste caráter excepcional, é necessário ter presente que se manifestava numa solidão total; tão completa que, perto do fim da vida, Elzéard Bouffier tinha perdido o hábito de falar. Ou talvez não visse necessidade disso!

Em 1933, recebeu a visita de um guarda florestal aparvalhado. Este funcionário intimou-o a não fazer fogo ao ar livre, para que não pusesse em perigo aquela floresta natural! Era a primeira vez, disse-lhe aquele homem ingênuo, que se via uma floresta crescer sozinha. Por essa época, ele ia semear faias a doze quilômetros de sua casa. Para se poupar tal caminhada de ida e volta, pensava em construir uma cabana de pedra na própria área de suas plantações. Foi um ano mais tarde.

Em 1935, uma verdadeira delegação administrativa veio inspecionar a floresta natural. Compunham-na um alto funcionário das Águas e Florestas, um deputado e técnicos. Pronunciaram-se muitas palavras inúteis. Decidiu-se fazer alguma coisa, mas, felizmente, nada se fez, a não ser a única coisa útil - pôr a floresta sob a proteção do Estado e proibir que se fizesse carvão no seu perímetro. É que era impossível não se ser subjugado pela beleza destas árvores jovens e cheias de saúde. E essa beleza não deixou de seduzir o próprio deputado.

Um dos responsáveis florestais que fizera parte da delegação era meu amigo. Expliquei-lhe o mistério. Na semana seguinte, fomos ambos à procura de Elzéard Bouffier. Encontramo-lo em pleno trabalho, a vinte quilômetros do sítio onde tivera lugar a inspeção. Este responsável florestal não era um amigo qualquer. Ele conhecia o valor das coisas e soube guardar silêncio. Ofereci alguns ovos que tinha levado de presente. Partilhamos os três uma merenda frugal e passamos algumas horas em contemplação silenciosa da paisagem.

O lado de onde viéramos estava coberto de árvores de seis a sete metros de altura. Eu lembrava-me bem do aspecto da região em 1913 - o deserto... O trabalho pacífico e regular, o ar vivo das alturas e, sobretudo, a serenidade da alma tinham dado a este ancião uma saúde quase solene. Era um atleta de Deus. E eu perguntava-me quantos hectares iria ele ainda cobrir de árvores?

Antes de partir, o meu amigo fez simplesmente uma breve sugestão a propósito de certas espécies arbóreas às quais o terreno, ali, parecia ser conveniente. Não insistiu. "Por uma boa razão", disse-me ele depois, "é que este bom homem sabe mais do que eu". Ao fim de uma hora de marcha, tendo nele amadurecido o pensamento, acrescentou: "Ele sabe muito mais do que todos nós. Descobriu um meio fabuloso de ser feliz".

Foi graças a este responsável que não só a floresta, mas a felicidade desse homem foram protegidas. Providenciou para que fossem nomeados três guardas florestais que assegurassem essa proteção e atemorizou-os de tal forma que eles permaneceram insensíveis a todas as tentativas de corrupção por parte dos lenhadores.

A obra só correu um risco sério durante a guerra de 1939. Os automóveis moviam-se então a gasogênio, e não havia madeira que chegasse. Começaram a fazer-se cortes nos carvalhos de 1910, mas a região ficava tão longe de todas as redes de estradas que a iniciativa se revelava péssima do ponto de vista financeiro, sendo por isso abandonada. O pastor nem se apercebeu do que tinha se passado. Andava, então, a trinta quilômetros de distância, prosseguindo a sua tarefa e ignorando a guerra de 1939 como já ignorara a de 1914.

Vi Elzéard Bouffier, pela última vez, era junho de 1945. Tinha ele, então, 87 anos. Retornara eu, pois, uma vez mais, a estrada do deserto, mas, agora, apesar do descalabro em que a guerra tinha deixado o país, havia um carro a fazer serviço entre o vale de Durance e a montanha. Atribuí a este meio de transporte relativamente rápido o fato de não reconhecer os lugares das minhas primeiras caminhadas. Parecia-me, também, que o itinerário me levava por sítios novos. Foi-me necessário ver o nome de uma aldeia para concluir que me encontrava, de fato, na mesma região que eu conhecera, outrora, desolada e em ruínas. O carro deixou-me em Vergons.

Em 1913, esta aldeola com dez ou doze casas tinha três habitantes. Eram selvagens, detestavam-se, viviam da caça com armadilhas, mais ou menos no estado físico e moral dos homens das cavernas. A vegetação devorava, então, as casas abandonadas. Não havia esperança, na sua contradição. Para eles não havia mais nada a esperar senão a morte, situação que, de modo algum, predispõe às virtudes.

Tudo mudara. Até o próprio ar. Em lugar das ventanias secas e brutais que me acolhiam outrora, soprava uma brisa doce e carregada de odores. Um rumor semelhante ao da água vinha das alturas: era o soprar do vento nas florestas. Por fim, coisa mais espantosa, ouvi o ruído da própria água a correr para uma represa. Reparei, então, que tinham construído uma fonte donde a água corria abundantemente e, fato que me comoveu ainda mais, alguém plantara nas proximidades uma tília que deveria ter já quatro anos, vigorosa, símbolo incontestável de uma ressurreição.

Além disso, Vergons apresentava sinais de atividade para a qual a esperança é requisito indispensável. A esperança tinha, pois, voltado. As ruínas tinham sido removidas, os troços de muros instáveis haviam sido desmontados e cinco casas tinham sido restauradas. O lugarejo albergava agora vinte e oito habitantes entre os quais se contavam quatro jovens casais. As casas novas, caiadas de fresco, estavam rodeadas de hortas onde cresciam misturados, mas alinhados, os legumes e as flores, as couves e as roseiras, os alhos-porros e as bocas-de-lobo, os aipos e as anêmonas. Era, agora, um local onde apetecia viver.

A partir daí, fiz o meu caminho a pé. A guerra de que mal aspiramos não possibilitava o desenvolvimento completo da vida, mas Lázaro levantara-se do túmulo. Sobre os flancos menos declinosos da montanha, podia ver pequenos campos de cevada e de centeio; e no fundo de vales estreitos verdejavam alguns prados.

Bastaram os oito anos que nos separam dessa época para que toda a região resplandecesse de saúde e prosperidade.

Sobre as ruínas que tinha visto em 1913, erguiam-se agora quintas bem cuidadas, caiadas, que denotavam uma vida feliz e confortável. As antigas nascentes, alimentadas pela água das chuvas e das neves, que as florestas armazenavam, tinham voltado a jorrar. E as águas tinham sido canalizadas. Ao lado de cada quinta, os bosques transbordavam sobre tapetes de fresca hortelã. As aldeias foram sendo reconstruídas pouco a pouco. Uma população vinda de planície, onde o preço da terra é elevado, fixou-se na região, trazendo-lhe juventude, movimento, espírito de aventura.

Encontram-se nos caminhos homens e mulheres bem alimentados, rapazes e raparigas que sabem rir e retomaram o gosto pelas festas campesinas. Contrastando com a antiga população, agora irreconhecível, porque vive com gosto, com os novos residentes, mais de dez mil pessoas devem a sua felicidade a Elzéard Bouffier.

Quando penso em que um só homem, apenas com os seus recursos físicos e morais, foi capaz de fazer surgir de deserto esta terra Canaã, descubro que, apesar de tudo, a condição humana é admirável. Mas ao constatar quanto terá sido necessário de constância na grandeza de alma e de perseverança na generosidade, para alcançar tal resultado, sou tomado de um imenso respeito por este velho camponês iletrado que soube levar a cabo esta obra digna de Deus.

Elzéard Bouffier morreu em paz, em 1947, no Hospital de Banon."

Árvores.

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28 maio 2013

HISTÓRICO DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE PROJECIOLOGIA E CONSCIENCIOLOGIA

IIPC

1941. Ciências. A sistematização de informações sobre as ciências Projeciologia e Conscienciologia teve início com as pesquisas independentes do médico brasileiro, Waldo Vieira, projetor consciente desde os 9 anos de idade. Ainda na adolescência, o pesquisador organizou uma biblioteca especializada em fenômenos parapsíquicos, com mais de 1200 volumes anotados em 5 idiomas, dentre eles a projeção lúcida ou a experiência da consciência para fora do corpo físico e as bioenergias.


1981. Projeciologia. A Projeciologia foi proposta na condição de ciência por Waldo Vieira em 1981, com a publicação do livro Projeções da Consciência - Diário de Experiências Fora do Corpo Físico. No mesmo período, na cidade do Rio de Janeiro, foi criado o Centro da Consciência Contínua (CCC), grupo informal de pesquisa que reunia pesquisadores pioneiros interessados no estudo da projeção consciente e das bioenergias utilizando o neoparadigma científico proposto por Vieira, o paradigma da consciência ou consciencial.

1986. Tratado. Para consolidar a proposta da Projeciologia, em 1986 foi publicada a obra considerada o mais completo tratado sobre projeção consciente, fruto de 19 anos de trabalho. O livro Projeciologia: Panorama de experiências da consciência fora do corpo humano, com 900 páginas e 1907 referências bibliográficas com Edição do Autor, teve 5.000 exemplares distribuídos gratuitamente aos interessados e às bibliotecas de diversos países.

1988 - Fundação do IIP (atualmente IIPC).

1988. IIP. A publicação do tratado Projeciologia, de referência internacional, foi o agente catalisador da fundação do Instituto Internacional de Projeciologia (IIP), em 16 de janeiro de 1988, que absorveu as atividades do CCC no Rio de Janeiro. Instituição científica pioneira nos estudos e pesquisas da projeção consciente, laica, universalista, sem fins de lucro, desde a sua criação contou com equipe de voluntários das mais diversas áreas profissionais no Brasil. As atividades parapedagógicas desenvolvidas nos laboratórios-escola do IIP nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, logo foram estendidas às principais cidades brasileiras e posteriormente, do Exterior.

1992. Expansionismo. A expansão da Projeciologia para outros países iniciou-se pela Argentina, com a implantação do Centro Educacional de Autopesquisa IIPC na Capital Federal, Buenos Aires. Na oportunidade, o IIPC levou a sua representatividade a outros diversos países da América do Norte e da Europa.

1994. Conscienciologia. O crescente interesse pela Projeciologia justificou a publicação de um novo tratado em 1994. Nele a Conscienciologia surge na condição de campo científico específico para o estudo integral da consciência, agente do fenômeno projetivo. A obra 700 Experimentos da Conscienciologia, resultado de quase 4 décadas de pesquisas foi lançado no Brasil e na Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha. Com o lançamento do novo livro o IIP expande a sua razão social para Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC).

CEAEC - Fundado em 1995.

1995. CEAEC. A partir do grupo de pesquisas (GPC) Socin Conscienciológica, os colaboradores do IIP fundaram a Cooperativa de Colaboradores do IIP e o Centro de Altos Estudos da Consciência (CEAEC). Posteriormente, o Campus CEAEC, como se tornou conhecido em nível internacional, também mudou a sua razão social para Associação do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (CEAEC).

1998. UPF. Em 25 de maio de 1998 o IIPC foi reconhecido como instituição de Utilidade Pública Federal (UPF) pelo governo brasileiro, através de Decreto publicado no Diário Oficial da União (Dou 26.05.98).

1999-2001. Direção. Em dezembro de 1999, Waldo Vieira deixa a presidência do IIPC, função mantida por mais de 1 década e transfere a direção do Instituto para o médico Alexander Steiner, pesquisador e co-fundador do IIPC. Em 2001, passando a dedicar-se inteiramente às pesquisas e à elaboração da Enciclopédia da Conscienciologia, Vieira transferiu sua residência para a cidade de Foz do Iguaçu, PR.

2002. IAC. A ampliação das atividades parapedagógicas sobre a projeção consciente e as bioenergias nas unidades internacionais do IIPC resultou na fundação da International Academy of Consciousness (IAC), em maio de 2002. A IAC atua hoje (Ano-base: 2010), em 9 países e 13 cidades ao redor do mundo.

2004. Transferência. O IIPC manteve sua representação em Buenos Aires, Argentina e em 2004, estendeu suas atividades técnico-científicas para a cidade de Montevidéu, Uruguai. No mesmo ano, transferiu a sua sede matriz do Rio de Janeiro, para Foz do Iguaçu, PR, contribuindo para a consolidação do campus de pesquisa já implantado pelo CEAEC. O complexo científico formado por outras novas Instituições Conscienciocêntricas (ICs) já instaladas na Tríplice Fronteira (Trifron), formou o Bairro Cognópolis. Em outubro do mesmo ano, o IIPC renova sua estrutura organizacional e pessoa jurídica para atender à nova legislação brasileira, transformando-se em Associação.

2006. Coordenação. Em fevereiro de 2006, Alexander Steiner passa a direção do IIPC para o economista Marcelo Silva, professor universitário e pesquisador que assume a coordenação-geral. No mesmo ano foram iniciadas as atividades parapedagógicas na cidade de Luanda, Angola, no continente africano.

2007-2008. Megafoco. Com a realização do I Congresso Internacional de Parapedagogia (ICIP)/ IV Jornada de Educação Conscienciológica, em junho de 2007, o IIPC fortalece as diretrizes institucionais (materpensenes), transferindo a matriz da parapedagogia para nova IC, Reaprendentia, nascida do seu Colegiado de Educação. Com o megafoco na Projeciologia e no Empreendedorismo evolutivo interassistencial que marca as suas realizações desde a fundação, o IIPC e seus voluntários dão início ao processo de descentralização administrativo-financeira estendido a mais de uma dezena de Centros Educacionais de Autopesquisa IIPC, situados no Brasil e no Exterior.

2009-2010. Projetos e Programas. Em fevereiro o educador e engenheiro pesquisador, Frederico Ganem recebe a função de coordenador-geral das mãos de Marcelo Silva. Na atual gestão, os principais projetos do IIPC estão focalizados na materialização do Campus de Projeciologia na Cognópolis de Foz do Iguaçu, PR e na retomada de expansão das unidades nacionais e internacionais. Em função da posição geopolítica estratégica trinacional, o IIPC dará continuidade às parcerias educativo-científicas com os países vizinhos através dos seus Programas Parassociais (PPs), já atuantes no Paraguai, Argentina e Peru, visando a expansão da Projeciologia no Planeta.

24 maio 2013

JUBILEU DE PRATA IIPC (1988-2013)

IIPC – Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia.

Jubileu de Prata do IIPC (1988-2013).

O IIPC comemora seu Jubileu de Prata (1988-2013). Para marcar as datas festivas, foi lançado do Discernimentum (sede do IIPC) em Foz do Iguaçu, um selo comemorativo em parceria com os Correios.

Fundado em 16 de janeiro de 1988, no Rio de Janeiro, RJ, Brasil, o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC), hoje instalado em Foz do Iguaçu, fundado pelo médico e pesquisador da consciência Waldo Vieira, é uma instituição de educação e pesquisa, voltada para a divulgação da Projeciologia (EFCs) e da Conscienciologia.

Ao longo de seus 25 anos, o IIPC promoveu a divulgação das EFCs e outros assuntos relacionados ao parapsiquismo e a evolução da consciência para milhares de pessoas que frequentaram seus cursos, palestras e congressos, assim como por meio de diversas obras publicadas.

Linha do Tempo

1988. A publicação do tratado Projeciologia, escrito por Waldo Vieira foi o agente catalisador da fundação do Instituto Internacional de Projeciologia (IIP), em 16 de janeiro de 1988, que absorveu as atividades do CCC (Centro da Consciência Contínua) no Rio de Janeiro. As atividades desenvolvidas pelo IIP na cidade do Rio de Janeiro e de São Paulo, logo foram estendidas às principais cidades brasileiras e posteriormente, ao Exterior.

1992. A expansão da Projeciologia para outros países iniciou-se pela Argentina, com a implantação do Centro Educacional de Autopesquisa IIPC na Capital Federal, Buenos Aires.

1994. Com o lançamento de uma nova obra, 700 Experimentos da Conscienciologia, Waldo Vieira lança as bases da Conscienciologia e o IIP muda sua razão social para Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC).

1995. Colaboradores do IIPC fundaram a Cooperativa de Colaboradores do IIPC e o Centro de Altos Estudos da Consciência (CEAEC) em Foz do Iguaçu, Paraná.

1998. O IIPC foi reconhecido como instituição de Utilidade Pública Federal (UPF).

1999. Em dezembro de 1999, Waldo Vieira deixa a presidência do IIPC e transfere a direção do Instituto para o médico Alexander Steiner.

2002. A ampliação das atividades nas unidades internacionais do IIPC resultou na fundação da International Academy of Consciousness (IAC).

2004. O IIPC transferiu a sua sede matriz do Rio de Janeiro, para Foz do Iguaçu. No mesmo ano, o IIPC renova sua estrutura organizacional e pessoa jurídica para atender à nova legislação brasileira, transformando-se em Associação.

2007. O IIPC transfere a matriz curricular de suas atividades para nova Instituição Conscienciológica, Reaprendentia, e inicia um processo de descentralização administrativo-financeira estendido para seus Centros Educacionais situados no Brasil e no Exterior.

Acesse o IIPC: www.iipc.org.br e saiba mais.

21 maio 2013

ANIMAIS COM MAIOR EXPECTATIVA DE VIDA

Qual animal tem a maior expectativa de vida?

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(1) Turritopsis nutricula.
(2) Arctica islandica.


Entre os animais mais longevos estão jabutis, um tipo de molusco e uma água-viva que teria vida eterna. Os jabutis vivem 200 anos, enquanto os moluscos "Arctica islandica" chegam aos 500. Já a água-viva "Turritopsis nutricula" consegue voltar a ser jovem após chegar à fase adulta.

Nós humanos temos uma das menores expectativas de vida do mundo animal. Entre os mais longevos estão os jabutis, uma espécie de baleia e uma água-viva que teria a chave da vida eterna.

As tartarugas gigantes de Aldabra, a maior espécie de jabuti que se conhece, têm registro de vida de mais de 200 anos – mesma expectativa de vida da baleia do Ártico, a espécie de mamífero que vive mais tempo.

Já o molusco bivalve da espécie Arctica islandica é o animal com a maior expectativa de vida. Há registros de exemplares com mais de 500 anos.

Existe ainda uma espécie de água-viva chamada Turritopsis nutricula, que é conhecida por ser imortal. Na verdade, ela tem um ciclo de vida que reverte o processo de envelhecimento e se torna jovem novamente. Mas o pequeno animal não está livre de ser morto ao ser engolido por um predador ou vítima de uma doença.

Em dado momento, a Turritopsis nutricula, que tem 4,5 milímetros de diâmetro e é encontrada no litoral do Brasil, volta a traduzir os genes que codificam o pólipo (jovem) e deixa de traduzir os da medusa (animal adulto).


Jabuti pode ser o mais velho animal terrestre do planeta

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(3) O jabuti Jonathan (à esquerda), numa foto tirada em 1900.
(4) Habitantes locais dizem que Jonathan permanece bastante ativo.


Duas fotos tiradas com um intervalo de mais de cem anos indicam que o jabuti gigante Jonathan, habitante do arquipélago britânico de Santa Helena, no sul do Atlântico, tem 175 anos de idade - o que o tornaria o animal terrestre mais velho do planeta.

Originário das ilhas Seicheles, o animal chegou em Santa Helena em 1882, quando já tinha cerca de 50 anos de idade.

Jonathan foi fotografado pela primeira vez em 1900, quando tinha cerca de 70 anos de idade. A nova foto foi tirada recentemente, nos jardins do governador de Santa Helena, onde o jabuti continua morando.

De acordo com habitantes locais, Jonathan ainda tem energia para posar para fotografias de turistas e copular frequentemente com as três jabutis fêmeas da ilha.

A tartaruga Harriet era apontada como o animal terrestre mais velho do mundo. Harriet morreu em 2005, aos 175 anos de idade, na Austrália.

Jabutis e tartarugas são considerados símbolos de longevidade em algumas culturas. Freqüentemente, os animais vivem mais de 150 anos.

O réptil do gênero que se tem registro de que tenha vivido por mais tempo foi a tartaruga Tu'I Malila, que morreu em 1965, aos 188 anos de idade.


20 maio 2013

RUÍNAS NA LÍBIA (APOLLONIA)

APOLLONIA (Líbia)
Apollonia era uma antiga colônia grega de Cirenaica cujas ruínas encontram-se na cidade líbia de Marsa Susa (atual).

Geografia
Apollonia era um porto e ficava a cerca de 13 km da cidade vizinha de Cirene. Fazia parte da Cirenaica, na atual região nordeste da Líbia, e abastecia a região.

História
A fundação da cidade remonta ao século VII a.C. através do trabalho de colonos de origem helênica. A cidade faz parte do chamado "Pentápolis Cirenaica", de origem grega, juntamente com Cirene, Hespérides-Berenice (Benghazi moderna), Tauchira-Arsinoe (hoje Tocra) e de Barca (atual Al Marj) cuja porto era então Ptolemais. Em 331 a idade foi conquistada por Alexandre, o Grande, mas permaneceu na esfera de influência helenística do reino ptolemaico. No primeiro século da era cristã, foi conquistada por Roma e tornou-se um município independente em relação a Cirene. Em 300, por Diocleciano, foi elevada à categoria de capital da província romana recém-formada da "Líbia Superior". Naquela época, ela foi renomeada Sosouza ("salvadora") pela divindade que era adorada na época (provavelmente Isis).

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(1) Mapa de Apollonia com nomes das partes engolidas pelo mar durante o terremoto de 365 (clique na imagem para ampliar).

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(2) Mapa atual de Apollonia na Líbia, indicando as principais ruínas existentes (clique na imagem para ampliar).

No ano de 365 sofreu grandes danos devido ao terremoto que atingiu a Cirenaica. Uma grande parte da cidade foi engolida pelo mar, como mostra o mapa acima. No início do século V experimentou um renovado esplendor, tornando-se um porto estratégico da frota bizantina. No século VI foi ainda revivida durante a chamada "Ananeosis" (Ἀνανέωσις), ou seja, o renascimento de Cirenaica, ordenado pelo imperador Justiniano. No entanto, após a conquista árabe do século VII, a cidade foi progressivamente sendo despovoada até seu total abandono durante a Idade Média. Somente no século XIX, foi repovoada por refugiados muçulmanos da ilha de Creta, que lhe deram o nome "Marsa Susa", extraído do antigo nome "Sosouza".

Vídeo feito por mim em 2010 num final de tarde, que dá uma vista geral da antiga colônia grega de Apollonia na atual Líbia. Ao fundo o Mar Mediterrâneo (Time 00 min 25 sec).

A Basílica Bizantina (Império Romano do Oriente) Central, às margens do Mar Mediterrâneo (Foto tirada por mim em 2010).

Interior do Palácio do Governador (Foto tirada por mim em 2010).

A Basílica Bizantina (Império Romano do Oriente) a Leste, às margens do Mar Mediterrâneo (Foto tirada por mim em 2010).
 
Basílica Bizantina (Império Romano do Oriente) a Leste, outra vista (Foto tirada por mim em 2010).

O Teatro Grego esculpido na rocha e próximo ao Mar Mediterrâneo (Foto tirada por mim em 2010).

Monumentos
Os restos arqueológicos de Apollonia (ruínas) incluem prédios e edificações que remontam as três civilizações que governaram a cidade: civilização grega, civilização romana e civilização bizantina (império romano do oriente). Da época grega ficaram os muros construídos no século III, e o teatro grego escavado na rocha, que também foi reconstruído pelo imperador Domiciano. Da época romana restaram as termas romanas, construídas pelo imperador Adriano. Da época bizantina restaram as basílicas bizantinas a oeste, centro e leste; e o Palácio do Governador. No mar, perto o suficiente da costa, há alguns naufrágios e restos de colunas gregas e romanas.

16 maio 2013

RUÍNAS NA LÍBIA (CIRENAICA - Κυρήνη)

Cirene ou Cirena (em  grego: Κυρήνη, transl. Kyrénē) foi uma antiga colônia grega na atual Líbia, a mais antiga e mais importante das cinco cidades gregas da região. A cidade deu o nome à região oriental da Líbia, Cirenaica.

Cirene foi fundada em um vale fértil nas terras altas de Jebel Akhdar. Batizada em homenagem a uma fonte, Kyre, que os gregos consagraram a Apolo, a cidade foi no século III a.C. sede de uma famosa escola de filosofia fundada por Aristipo, um discípulo de Sócrates.

MITOLOGIA

Segundo Diodoro Sículo, a cidade foi fundada pelo deus Apolo, em honra a Cirene, filha de Hipseu, uma jovem muito bela da Tessália que ele raptou e levou para a Líbia.

PERÍODO GREGO

Cirene foi fundada em 630 a.C.. Era uma colônia dos gregos lacedemônios vindos da ilha grega de Thera (antigamente chamada de Calliste, e atualmente de Santorini), liderados pelo rei Bato, a dez milhas do seu porto, Apolônia.

A cidade cresceu bastante durante o reinado de Bato II, neto do fundador Bato, quando vários colonos da Grécia chegaram, e derrotou um exército egípcio. Logo tornou-se a principal cidade da Líbia, e estabeleceu relações comerciais com todas as cidades gregas, atingindo o auge de sua prosperidade sob seus próprios reis no século V a.C..

Logo depois de 460 a.C. tornou-se uma república, e depois da morte de Alexandre III da Macedônia (323 a.C.), quando passou para a dependência dos lágidas.

Ofelas, o general que ocupou a cidade em nome de Ptolomeu I Sóter, governou-a de forma quase independente até a sua morte, quando o genro de Ptolemeu, Magas, recebeu o governo do território. Em 276 a.C. Magas coroou-se o rei e declarou a independência, casando-se com a filha do rei selêucida e formando com ele uma aliança para invadir o Egito. A invasão foi mal-sucedida e, em 250 a.C., após a morte de Magas, a cidade foi reintegrada ao Egito ptolomaico.

A Cirenaica tornou-se parte do império Ptolemaico, controlado a partir de Alexandria, e passou para o domínio romano em 96 a.C. quando Ptolomeu Ápion legou a Cirenaica a Roma. Em 74 a.C. o território foi formalmente transformado em província romana.

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(1) Cirene (Atual Líbia) - Vista interna do Ginásio Helenístico. Foto tirada por mim em 2010.
(2) Cirene (Atual Líbia) - Teatro Grego. Foto tirada por mim em 2010.
(3) Cirene (Atual Líbia) - Outro Teatro Grego. Foto tirada por mim em 2010.
Clique nas imagens para ampliar.

PERÍODO ROMANO

Os habitantes de Cirene na época de Sula (cerca de 85 a.C.) estavam divididos em quatro classes: cidadãos, fazendeiros, estrangeiros residentes e judeus, que formavam uma inquieta minoria. Ptolemeu Ápion, antigo governante da cidade, a legara aos romanos, mas ela manteve sua autonomia. A Cirenaica tornou-se uma província romana dez anos mais tarde; e se sob os Ptolemeus a população judaica da cidade gozava de direitos iguais aos do resto da população, agora ela se encontrava cada vez mais oprimida pela população grega. As tensões chegaram em seu ponto máximo com as insurreições dos judeus durante os períodos de Vespasiano (73 d.C.) e, especialmente, no de Trajano (117 d.C.). Esta revolta foi debelada por  Márcio Turbo, mas não sem que antes morresse um grande número de pessoas. De acordo com Eusébio de Cesaréia a violência do episódio deixou a Líbia despovoada a tal ponto que alguns anos mais tarde novas colónias tiveram de ser estabelecidas ali pelo imperador Adriano para que se mantivesse a viabilidade de um estabelecimento humano contínuo na região.

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(4) Cirene (Atual Líbia) - Impressionante vista geral das ruínas da cidade, onde pode-se encontrar construções dos períodos grego e romano. Foto tirada por mim em 2010.
(5) Cirene (Atual Líbia) - Vista da região do Mar Mediterrâneo ao fundo. Foto tirada por mim em 2010.

DECADÊNCIA

O principal produto de exportação de Cirene através de boa parte de sua história, o sílfio, uma erva medicinal que ilustrava a maioria das moedas de Cirene, acabou sendo colhido até a extinção, e a competição comercial de Cartago e Alexandria reduziu o comércio da cidade. Cirene, com o seu porto de Apolônia (Marsa Susa), permaneceu um importante centro urbano até o terremoto de 262. Após o desastre o imperador Cláudio, o Gótico restaurou Cirene, dando-lhe o nome de Cláudiopolis, mas o restauro foi pobre e precário e a decadência atingiu Cirene de forma irremediável. Catástrofes naturais e um profundo declínio económico ditam a sua morte, e no ano de 365 um sismo particularmente devastador destruiuas suas poucas esperanças de recuperação. Amianto Marcelino a descreveu no século IV como uma cidade deserta, e Sinésio, um nativo de Cirene, a descreveu no século seguinte como uma vasta ruína à mercê dos nômades.

O capítulo final ocorreu em 643, com a conquista árabe. Das opulentas cidades romanas do norte de África e da Cirenaica pouco restará. As ruínas de Cirene se encontram próximas à cidade moderna de Shahhat, em território líbio.

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(6) Cirene (Atual Líbia) - Templo de Artêmis. Foto tirada por mim em 2010.
(7) Cirene (Atual Líbia) - Templo de Demétrio (Deméter). Foto tirada por mim em 2010.
(8) Cirene (Atual Líbia) - Outra vista do Templo de Demétrio. Foto tirada por mim em 2010.
Clique nas imagens para ampliar.

ARQUEOLOGIA

Cirene hoje é um sítio arqueológico perto da vila de Shahhat. Uma de suas atrações mais importantes é o templo de Apolo, que teria sido construído inicialmente no século VII a.C.. Outras estruturas antigas incluem um templo de Deméter e um templo de Zeus, ainda parcialmente por escavar (teria sido danificado intencionalmente por ordens de Muammar Gaddafi no verão de 1978). Há também uma grande necrópole, a aproximadamente 10 km entre Cirene e o seu antigo porto de Apolônia.