30 maio 2015

EVOLUÇÃO HUMANA (Parte 6) Homo

Homo

Homo é o gênero que inclui os humanos modernos (Homo sapiens) e espécies estreitamente relacionadas com eles. Estima-se que o gênero tenha se iniciado há cerca de 2,5-3,2 milhões de anos, evoluindo de ancestrais australopitecíneos com o surgimento do Homo habilis. O H. habilis, especificamente, é considerado descendente direto do Australopithecus garhi, que viveu cerca de 2,5 milhões de anos atrás. No entanto, em maio de 2010, o Homo gautengensis foi descoberto, uma espécie que acredita-se ser ainda mais antiga que o H. habilis.

O mais saliente desenvolvimento fisiológico entre as duas espécies é o aumento da capacidade encefálica (ou craniana), de cerca de 450 cm³ no A. garhi para 600 cm³ no H. habilis. Dentro do gênero Homo, a capacidade craniana novamente foi duplicada entre o H. habilis e o Homo ergaster, ou através do H. erectus ao Homo heidelbergensis, de 0,6 milhões de anos atrás. A capacidade craniana do H. heidelbergensis sobrepôs-se com a variação encontrada nos humanos modernos.

Acreditava-se que o advento do gênero Homo tinha coincidido com a primeira evidência do uso ferramentas de pedra (a indústria Olduvaiense) e assim, por definição, com o início do período Paleolítico Inferior. No entanto, uma recente evidência encontrada na Etiópia indicou que a primeira vez que houve a utilização de ferramentas de pedra ocorreu há 3,39 milhões de anos. O surgimento do gênero Homo coincide aproximadamente com o início da glaciação do Quaternário, o início da era do gelo atual.

Todas as espécies desse gênero, exceto o Homo sapiens (os humanos modernos) estão extintas. O Homo neanderthalensis, tradicionalmente considerado o último parente humano vivo, extinguiu-se há cerca de 24 mil anos. No entanto, uma recente descoberta sugere que uma outra espécie, o Homo floresiensis, descoberto em 2003, pode ter vivido tão recentemente como há 12 mil anos. Os outros Homininae sobreviventes - os chimpanzés e gorilas - têm um alcance geográfico limitado. Em contraste, a evolução dos seres humanos é uma história de migrações e miscigenações. De acordo com estudos genéticos, os humanos modernos foram criados a partir de "pelo menos dois grupos" de seres humanos antigos: os Neandertais e os Denisovanos. Os seres humanos deixaram a África várias vezes para ocupar a Eurásia e, finalmente, Américas, Oceania e o resto do mundo.

Etimologia

Nas ciências biológicas, em particular na antropologia e na paleontologia, o nome comum para todos os membros do gênero Homo é "humano".

A palavra homo é latina, no sentido original de "ser humano", ou "homem" (no sentido de gênero-neutro). A palavra "humano" em si vem do latim humanus, um cognato adjetivo para homo, que acredita-se ter sido derivada de uma palavra proto-indo-européia para "terra", reconstruída como *dhǵhem-.

O nome binominal Homo sapiens é atribuído a Carl Linnaeus (1758).

Nomes de outras espécies começaram a ser cunhados na segunda metade do século XIX (H. neanderthalensis - 1864, H. erectus - 1892).

Espécies

O estatuto de espécies como o Homo rudolfensis, H. ergaster, H. georgicus, H. antecessor, H. cepranensis, H. rhodesiensis e H. floresiensis permanece em debate. O H. heidelbergensis e o H. neanderthalensis estão estreitamente relacionados uns aos outros e têm sido considerados como uma subespécie de H. sapiens. Recentemente, o DNA nuclear de um espécime Neanderthal da Caverna Vindija foi sequenciado utilizando dois métodos diferentes que produziram resultados semelhantes em relação às linhagens do Neanderthal e do H. sapiens, com ambas as análises, sugerindo uma data para a divisão entre 460.000 e 700.000 anos atrás, embora uma fração de população de cerca de 370.000 anos seja inferida. Os resultados de DNA nucleares indicam que cerca de 30% dos alelos derivados no H. sapiens também estão na linhagem do Neanderthal. Esta alta frequência pode sugerir algum fluxo gênico entre ancestrais humanos e populações neandertais.

Tabela das espécies Homo (clique na imagem para ampliar).

Espécies Homo:
  • Homo gautengensis
  • Homo habilis
  • Homo erectus (entre eles Pithecanthropus erectus)
  • Homo antecessor
  • Homo ergaster
  • Homo heidelbergensis
  • Homo neanderthalensis
  • Homo floresiensis
  • Homo sapiens (Homo sapiens sapiens)


H. gautengensis: É uma espécie de hominídeo descoberta na África do Sul. Os restos fósseis descobertos em 1977 nas cavernas Sterkfontein, próxima a Johannesburg, só foram descritos em 2010. Viveu entre cerca de 1,9 - 0,6 milhões de anos.

H. habilis: Viveu entre cerca de 2,4 a 1,8 milhões de anos atrás (MAA). O H. habilis, a primeira espécie do gênero Homo, evoluiu no sul e no leste da África no final do Plioceno ou início do Pleistoceno, 2,5 - 2,0 MAA, quando divergiu do Australopithecines. O H. habilis tinha molares menores e cérebro maior que os Australopithecines, e faziam ferramentas de pedra e talvez de ossos de animais.

H. erectus: Viveu entre cerca de 1,8 (incluindo o ergaster) ou de 1,25 (excluindo o ergaster) a 0,70 MAA. No Pleistoceno Inferior, 1,5 - 1,0 MAA, na África, Ásia, e Europa, provavelmente Homo habilis possuía um cérebro maior e fabricou ferramentas de pedra mais elaboradas; essas e outras diferenças são suficientes para que os antropólogos possam classificá-los como uma nova espécie, H. erectus. Um exemplo famoso de Homo erectus é o Homem de Pequim; outros foram encontrados na Ásia (notadamente na Indonésia - antes chamados de Pithecanthropus erectus), África, e Europa. Muitos paleoantropólogos atualmente utilizam o termo Homo ergaster para as formas não asiáticas desse grupo, e a denominação H. erectus apenas para os fósseis encontrados na região da Ásia e que possuam certas exigências esqueléticas e dentárias que diferem levemente das do ergaster.

H. antecessor: É um hominídeo extinto que surgiu há cerca de 1,2 milhão de anos e perdurou, pelo menos, até cerca de 800 mil anos (Pleistoceno inferior). É considerado o hominídeo mais antigo da Europa.

H. ergaster: Viveu entre 1,8 a 1,25 Milhões de anos. Também conhecido como Homo erectus ergaster.

H. heidelbergensis: O Homem de Heidelberg viveu entre cerca de 800 a 300 mil anos atrás. Também conhecido como Homo sapiens heidelbergensis e Homo sapiens paleohungaricus.

H. floresiensis: Viveu há cerca de 12 mil anos (anunciado em 28 de Outubro de 2004 no periódico científico Nature). Apelidado de "hobbit" por causa de seu pequeno tamanho.

H. neanderthalensis: Viveu entre 250 e 30 mil anos atrás. Também conhecido como Homo sapiens neanderthalensis. Há um debate recente sobre se o "Homem de Neanderthal" foi uma espécie separada, Homo neanderthalensis, ou uma subespécie de H. sapiens. As evidências de análises do DNA mitocondrial e do Y-cromosomal DNA, atualmente indicam que não houve fluxo genético entre o H. neanderthalensis e o H. sapiens, e, eram espécies diferentes. Investigações de uma segunda fonte de DNA de Neanderthal confirmaram esses achados. Em 2010 um estudo do Projeto do Genoma do Neandertal foi publicado na revista Science e afirma que ocorreram cruzamentos entre as duas espécies.

Homo sapiens: Surgiu há cerca de 200 mil anos. No período interglacial do Pleistoceno Médio, há cerca de 250 mil anos, a tendência de expansão craniana e a tecnologia na elaboração de ferramentas de pedra desenvolveu-se, fornecendo evidências da transição do H. erectus ao H. sapiens. As evidências sugerem que houve uma migração do H. erectus para fora da África, então uma subsequente especiação para o H. sapiens na África (há poucas evidências de que essa especiação ocorreu). Uma subsequente migração dentro e fora da África eventualmente substituiu o anteriormente disperso H. erectus. Entretanto, a evidência atual não impossibilita a especiação multirregional. Um estudo genético de um grande número de populações humanas atuais, feito desde 2003 na Universidade da Pensilvânia sugere que o "berço da humanidade" ficaria na região dos Khoisan (Hotentotes), mais próxima do litoral da Fronteira Angola-Namíbia.

Migração e Miscigenação

O Homo habilis, que é considerado o primeiro membro do gênero Homo, deu origem ao Homo ergaster. Alguns H. ergaster migraram para a Ásia, onde eles são chamados Homo erectus, e para a Europa com o Homo georgicus. O H. ergaster na África e o H. erectus na Eurásia evoluíram separadamente por quase dois milhões de anos e, presumivelmente, separaram-se em duas espécies diferentes. O Homo rhodesiensis, que era descendente do H. ergaster, migrou da África para a Europa e se tornou o Homo heidelbergensis e, mais tarde (cerca de 250.000 anos atrás), o Homo neanderthalensis e o hominídeo de Denisova na Ásia. O primeiro Homo sapiens, descendente do H. rhodesiensis, surgiu na África cerca de 250.000 anos atrás. Há cerca de 100.000 anos, alguns H. sapiens sapiens migraram da África para o Levante e se reuniram com os neandertais residentes, com alguma miscigenação genética. Mais tarde, cerca de 70.000 anos atrás, talvez depois da catástrofe de Toba, um pequeno grupo deixou o Levante para preencher a Eurásia, Austrália e, mais tarde, as Américas. Um subgrupo entre eles encontrou os Denisovanos e, depois de alguma miscigenação, migraram para preencher a Melanésia. Neste cenário, a maior parte das pessoas não-africanas de hoje têm origem africana ("hipótese da origem única"). Contudo, também houve alguma mistura entre os neandertais e os Denisovanos, que evoluíram localmente (a "evolução multirregional"). Resultados genômicos recentes do grupo de Svante Pääbo também mostram que há 30.000 anos, pelo menos, três subespécies principais co-existiram: os Denisovans, Neandertais e os Cro-magnons. Hoje, apenas o Homo sapiens sapiens sobreviveu, sem outras espécies ou subespécies existentes.

A expansão do Homo sapiens sapiens (clique na imagem para ampliar).

A África aparece como ponto inicial da migração. Ela está na parte superior à esquerda e a América do Sul, na extremidade direita (clique na imagem para ampliar).
Padrões migratórios são baseados em estudos de disfunção mitocondrial (matrilinear) no DNA.
Nesse mapa, os números representam milhares de anos antes do presente. Seus períodos estão identificados na tabela ao lado do mapa.
A linha azul representa área coberta de gelo ou tundra durante a última grande era glacial.
As letras representam grupos que apresentam o DNA mitocondrial (DNA que existe nas mitocôndrias de todas as células dos homens com a característica de terem sido herdados apenas da mãe. Raramente a herança pode ser também paterna). O DNA mitocondrial (Haplogroups) pode ser usado para definir populações genéticas e muitas vezes são orientados geneticamente.
Por exemplo, são comuns as seguintes DE mtDNA Halogroups.
       -   Africano: L, L1, L2, L3, L3;
       -   Próximo Oriente: J, N;
       -   Sul da Europa: J, K;
       -   Geral Européia: H, V;
       -   Europa do Norte: T,U,X;
       -   Ásia: A, B, C, D, E, F e G (nota: M é composto por C, D, E e G);
       -   Native American: A, B, C, D e às vezes X;
No mapa as linhas pretas determinam o caminho da espécie humana a partir da África.
As linhas coloridas determinam o tempo (quantos anos aconteceram as trajetórias).
As letras são resultados das pesquisas através de parte dos genes que são transmitidos pelo lado materno (DNA mitocondrial).

Rotas de grupos de hominídeos "Homo" (clique na imagem para ampliar).

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Fonte principal: Wikipedia.

26 maio 2015

EVOLUÇÃO HUMANA (Parte 5) Paranthropus

Paranthropus

Paranthropus é um gênero extinto de hominídeos bípedes, típicos da África Oriental e meridional, caracterizados por grande robustez das suas mandíbulas e molares. Paranthropus (Paranthropus ou australopitecíneos robustos) provavelmente descenderam do gênero Australopithecus. Alguns paleontólogos porém consideram que os Paranthropus pertencem ao gênero Australopithecus.


Australopithecus X Paranthropus.

Os fósseis encontrados são de espécies que viveram entre 2,6 e 1,1 milhões de anos atrás, no Pleistoceno inferior e Pleistoceno médio. Eles são caracterizados por um aparelho mastigador especializado, compreendendo grandes maxilares e molares com camadas de esmalte muito espessas, incisivos e caninos muito pequenos e pré-molares que se desenvolveram como se fossem molares; poderosos músculos faciais que se inseriam numa crista sagital semelhantes aos dos gorilas atuais. Suas caixas cranianas tinham volumes entre 410 centímetros cúbicos no caso dos mais antigos e cerca de 530 centímetros cúbicos nos mais recentes, evidenciando cérebros de volumes inferiores aos de espécimes do gênero Homo.


Os indivíduos do gênero Paranthropus, eram caracterizados por grande robustez das suas mandíbulas e molares, além de poderosos músculos faciais e crista sagital proeminente.

Etimologia: A palavra Paranthropus foi criada por Robert Broom, em 1938, que encontrou fósseis e classificou-os em uma nova espécie. Significa "ao lado do homem", e conviveram com espécies do gênero Homo por cerca de 1,5 milhão de anos.

Descrevem-se três espécies de Paranthropus:

  • Paranthropus aethiopicus. É a primeira espécie do gênero (surgiu há cerca de 2,5 m.a.). Tinha uma face particularmente sólida. Considera-se que pode ter dado origem às duas espécies posteriores. Ele viveu na África Oriental.
  • Paranthropus boisei. De aparência mais robusta. As características cranianas são especializadas para o consumo de vegetais duros. Eles tinham grande dimorfismo sexual, sendo os corpos dos machos muito maiores que os das fêmeas. Viveu entre 2,3 m.a. e 1,2 m.a. na África Oriental.
  • Paranthropus robustus. Foi caracterizado por ossos particularmente espessos. Seu volume craniano ficava entre 500 centímetros cúbicos e 530 centímetros cúbicos, face alta e alongada. Dentes sólidos. Tendo vivido entre 1,8 m.a. e 1,5 m.a., o Paranthropus robustus coexistiu com espécies do gênero Homo até sua extinção. Viveram na África do Sul.

Nota: os cientistas que divergem quanto à existência do gênero distinto Paranthropus, designam-os como sendo Australopithecus robustus, Australopithecus boisei e Australopithecus aethiopicus.


Localização dos fósseis encontrados de Paranthropus: Paranthropus aethiopicus, Paranthropus boisei, e Paranthropus robustus.


  • Paranthropus aethiopicus (2,8 m. a. - 2,2 m. a.)

O Paranthropus aethiopicus foi um hominídeo bípede do gênero Paranthropus que viveu entre 2,8 e 2,2 milhões de anos atrás no Plioceno. Os fósseis representando o início desse gênero incluem alguns fósseis fragmentados da Etiópia e um crânio encontrado no Lago Turkana sítio no Quênia conhecido como Caveira Negra. Esse crânio tem um volume de cerva de 410 ml, o menor cérebro de adulto já descoberto em um hominídio estabelecido. O crânio também tem a mais definida linha sagital entre os hominídeos, a face mais prognática e molares extremamente grandes (apesar de não ter sido encontrado nenhum dente com o crânio).

Como todos os outros membros de Paranthropus, essa espécie foi uma vez colocada no gênero Australopithecus.

Histórico

O primeiro espécime de Paranthropus aethiopicus foi descoberto no sul da Etiópia pelos arqueólogos franceses Camille Arambourg e Yves Coppens em 1967. Os especialistas o batizaram de Omo 18. Ele é um antecessor do fóssil KNM-WT 17000, descoberto em 1985 por Alan Walker em West Turkana, no Quênia, KNM WT 17000 (conhecido como o "Black Skull", devido à coloração escura do osso, causada por níveis elevados de manganês). Uma característica fundamental do Omo 18 é que ele tem uma mandíbula em forma de "V" ao contrário das espécies de Australopithecus encontradas. O Omo 18 foi o primeiro crânio descoberto desta espécie.

Descrição

O nome P. aethiopicus foi proposto pela primeira vez em 1967 para descrever uma mandíbula desdentada parcial (Omo 18) encontrado na Etiópia por paleontólogos franceses. A mandíbula e os fragmentos de dentes foram descobertos. P. aethiopicus tinha uma crista grande sagital e arco zigomático adaptados para mastigação pesada (como em crânios de gorilas). Não se sabe muito sobre esta espécie desde a melhor evidência vem da "Black Skull" e da mandíbula. Não há material suficiente para fazer uma avaliação precisa, mas eles podem ter tido altura similar ao Australopithecus afarensis. Paranthropus aethiopicus é considerado um hominídeo arcaico megadonte, este termo que se refere ao enorme tamanho dos dentes pós-caninos coroas. A descoberta inicial foi uma mandíbula desdentada de adulto na formação Shungura da região Omo da Etiópia em 1967 (Omo 18). As camadas de cinzas acima e abaixo dos fósseis de dar uma data aproximada entre 2,3 e 2,5 milhões de anos atrás. Há apenas um crânio quase completo para este hominídeo, por isso é difícil fazer inferências adequadas sobre características físicas. No entanto, pode-se dizer que o crânio é similar ao P. boisei, embora os incisivos sejam maiores, e a face mais prognática.


Paranthropus aethiopicus: Réplica do crânio "Black Skull".


Reconstituição da cabeça de um Paranthropus aethiopicus.


Desenho de Paranthropus aethiopicus.


  • Paranthropus boisei (2,0 m. a. - 1,0 m. a.)

O Paranthropus boisei (originalmente chamado Zinjanthropus boisei e depois Australopithecus boisei até recentemente) foi um dos primeiros hominídeos que viveram no leste da África, de cerca de 2 até 1 milhão de anos atrás durante o Pleistoceno. Tinha um crânio altamente especializado à mastigação pesada. P. boisei habitou os pastos secos da savana da África Oriental.

Fóssil de P. boisei

O primeiro fóssil foi descoberto em um sítio arqueológico rico, FLK Zinj, no Oldupai Gorge, por Mary Leakey em 1959, de onde o nome, "Zinj man". O epíteto da espécie "boisei" é uma homenagem a Charles Boise, que contribuiu financeiramente ao trabalho de Louis e Mary Leakey no Olduvai Gorge.

Essa espécie é caracterizada por um crânio grande com uma mandíbula pesada e grandes molares. O cérebro é maior que o dos australopitecos, (cerca de 550 centímetros cúbicos). A mandíbula grande e a dentição pode ter sido uma adaptação à sua dieta. O boisei media 1 metro e meio e pesava 50 quilos. Presume-se que essas espécies lidaram com a mudança para um ambiente mais semelhante à savana que estava tomando lugar ao se especializar em uma dieta baseada em plantas de baixa qualidade. A mesma adaptação ocorreu no sul da África com a evolução do Paranthropus robustus.

Permanece incerto se essa espécie fabricava ferramentas; quando foi descoberta, ela foi tomada como um de nossos ancestrais fabricantes de ferramentas, já que o sítio também havia mostrado evidências de ferramentas de flint. Entretanto, o primeiro fóssil de Homo habilis foi depois encontrado no mesmo sítio.

Após a descoberta do Homo habilis, ele foi visto como o produtor das ferramentas. Por outro lado, é possível que outras espécies produziam ferramentas também. Pesquisas a respeito de ferramentas de mão do Paranthropus robustus, uma espécie que pensava-se ser muito semelhante ao Paranthropus boisei, mostrou que, anatomicamente, eles eram capazes de realizar a tão chamada habilidade de precisão. Então o Paranthropus boisei possuía os requerimentos anatômicos para fabricar ferramentas.


Modelo de crânio de Paranthropus boisei.


Comparação entre esqueletos de Paranthropus boisei e Homo sapiens sapiens (ser humano atual).


Comparação de arcadas dentárias de Chimpanzé atual, Paranthropus boisei (extinto) e ser humano atual.


Paranthropus boisei SKULL 'nutcracker man'.


Paranthropus boisei reconstituído.


  • Paranthropus robustus (2,0 m. a. - 1,2 m. a.)

Paranthropus robustus é um fóssil hominídeo que viveu na África do Sul faz entre 2 e 1,2 milhões de anos no Pleistoceno Inferior e no Pleistoceno Médio. Foi a primeira espécie do gênero Paranthropus a ser descoberta, embora durante algum tempo, considerou-se que a espécie pertencia ao gênero Australopithecus.

Características

O nome robustus foi dado porque os primeiros achados, na África do Sul, eram restos de mandíbula de grande tamanho, o que fez pensar que o seu corpo pudesse ser enorme. Mas descobrimentos posteriores fizeram com que se abandonasse essa hipótese, e verificou-se que o P. robustus tinha um corpo similar ao de seus antepassados Australopithecus.

Tinha um grande aparelho mastigatório, e se pensava era devido a uma especialização alimentar em raízes e sementes. Mas estudos recentes indicam que sua alimentação tinha sido mais variada, com diferentes tipos de gramíneas, sementes e talvez animais.

Seu rosto é achatado, com bochechas mais salientes e mandíbulas menos proeminente do que no Australopithecus afarensis. Tem uma crista óssea na parte superior do crânio, porém menor que a do Paranthropus boisei.

Havia uma grande diferença entre os machos e as fêmeas, especialmente no desenvolvimento das cristas sagitais, ausentes ou muito pouco marcadas no sexo feminino.

Os machos pesavam cerca de 40 quilos e as fêmeas ao redor de 32 quilos. Quanto à sua altura, havia grandes diferenças: o macho tinha estatura em torno de 1,35 m e as fêmeas cerca de 1,10 m.

A espécie Paranthropus robustus somente foi encontrada na África do Sul, e sua especialização parece ter sido menor do que no seu primo o Paranthropus boisei, talvez porque ele não viveu em ambientes tão secos, como este.

O Paranthropus robustus se desenvolveu em um período entre 2 e 1,2 milhão de anos e, portanto, também pode ter coexistido com outras espécies de nossa linhagem.

Depósitos

Os principais depósitos desta espécie são os sítios de Kromdraai, Swartkrans, Drimolen, Gondolin e Coopers. Na gruta de Swartkrans se encontraram os restos de 130 indivíduos; e estudos de suas dentições revelaram que a idade média desse grupo de hominídeos era de somente 17 anos.


Crânio de Paranthropus robustus.


(Paranthropus robustus - face) The original complete skull (without mandible) of a 1,8 million years old Paranthropus robustus (SK-48 Swartkrans (26°00'S 27°45'E), Gauteng,), discovered in South Africa . Collection of the Transvaal Museum, Northern Flagship Institute, Pretoria South Africa.

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Fonte principal: Wikipedia.

25 maio 2015

EVOLUÇÃO HUMANA (Parte 4) Australophitecus

Australopithecus

Os Australopitecos (Australopithecus) (Latim australis "do sul", Grego pithekos "macaco") constituem um gênero de diversos hominídeos extintos, bastante próximos aos do gênero Homo e, dentre eles, o A. afarensis e o A. africanus são os mais famosos. O A. africanus, primeiro descrito por Raymond Dart, com base no "crânio Infantil de Taung", datado em 2,5 a 2,9 milhões de anos, foi considerado durante muito então o ancestral direto do gênero Homo (em especial da espécie Homo erectus).

As descobertas recentes de outros fósseis de hominídeos, mais antigos que o A. africanus e que, contudo, parecem pertencer ao gênero Homo, colocaram em dúvida aquela teoria: ou o gênero Homo se separou do Australopithecus anteriormente do que se pensava (o ancestral comum mais antigo que se conhece pode ser o A. afarensis ou outro ainda mais antigo), ou então ambos se desenvolveram independentemente a partir de um outro ancestral comum, ainda desconhecido.

Os australopitecíneos parecem ter aparecido há cerca de 3,9 milhões de anos. Os cérebros da maior parte das espécies de Australopithecus conhecidas eram sensivelmente 35% menores que o do Homo sapiens e tinham pequeno tamanho, geralmente não mais de 1,2 m de altura.

O registro fóssil parece indicar que o gênero Australopithecus é o ancestral comum do grupo de hominídeos distintos reconhecidos nos gêneros Paranthropus Homo. Ambos gêneros eram formados por seres mais avançados no seu comportamento e hábitos que os Australopithecus, que eram praticamente tão bípedes como os chimpanzés. Contudo, apenas os representantes do gênero Homo viriam a desenvolver a linguagem e a aprender a controlar o fogo.

Apesar de haver diferenças de opinião a respeito das espécies aethiopicus, boisei e robustus deverem ser incluídas no gênero Australopithecus, o consenso atual na comunidade científica é de que eles devem ser colocados no gênero Paranthropus, que se pensa ter-se desenvolvido a partir do ancestral Australopithecus. Paranthropus, que é mais maciço e robusto e também morfologicamente diferente dos Australopithecus, com a sua fisiologia especializada, deve ter tido um comportamento bastante diferente do seu ancestral.

Australopithecus afarensis, Australopiyhecus africanus e Paranthropus robustus (sinônimo: Australopithecus robustus).

A existência do Australopithecus desmente a teoria de que a inteligência humana se desenvolveu primeiro e o bipedalismo depois, uma vez estas espécies tinham um crânio não significativamente maior que o de um chimpanzé atual e, no entanto, eram definitivamente bípedes, o que sugere que foi o bipedalismo que tornou possível a inteligência humana e não o contrário.

Pensa-se ainda que a maior parte das espécies de Australopithecus não era melhor adaptada ao uso de instrumentos que os atuais símios.

Entretanto, Australopithecus garhi parece ter sido o mais avançado nesta linha, uma vez que os seus fósseis têm sido encontrados juntamente com instrumentos e restos de animais retalhados, o que sugere que esta espécie teria iniciado uma indústria primitiva de fabrico de instrumentos. Isto leva muitos cientistas a supor que A. garhi é o ancestral mais próximo do gênero Homo.


O grupo de ancestrais humanos australopitecíneos é chamados de grupo dos Australopithecus, expostos a seguir:

     - Australopithecus anamensis
     - Australopithecus afarensis
     - Australopithecus africanus
     - Australopithecus garhi

Localização geográfica de de fósseis de australopitecíneos encontrados em diversas regiões da África como Etiópia, Quênia e África do Sul.

  • Australopithecus anamensis (4,2 m. a. - 3,9 m. a.)

O Australopithecus anamensis é uma espécie de australopiteco descoberta em 1994 por Meave Leakey no Norte do Quênia. Seu nome deriva de anam que significa "lago" na língua Turkana local.

Os fósseis (21 no total) incluem a mandíbula e maxilar, fragmentos cranianos, e as partes superior e inferior do osso da perna (tíbia). Além disso, um fragmento de úmero encontrado há 30 anos no mesmo sítio em Kanapoi agora é atribuído à esta mesma espécie.

Os fósseis têm sido datados de 3,9 a 4,2 milhões de anos, sendo do início do Plioceno. A dentição é menos parecida com a dos macacos. O fóssil da tíbia indica que o A. anamensis era maior que o A. afarensis e o Ardipithecus ramidus, com um peso estimado entre 46 e 55 quilogramas, apesar de poder ter sido apenas um indivíduo maior da espécie. A anatomia semelhante a dos humanos indica que o A. anamensis era bípede na postura e na locomoção. A descoberta desta espécie forneceu uma nova data para o aparecimento da locomoção bípede, tendo ocorrido 500 mil anos antes da antiga datação, que foi para o A. afarensis.

A estrutura facial lembra a do A. afarensis em sua aparência de macaco. O Australopithecus anamensis poderia, possivelmente, ter sido ancestral do (A. afarensis).

Em 12 de Abril de 2006 foram descobertos fósseis no deserto de Afar, na Etiópia, do Australopithecus anamensis.

O Australopithecus anamensis, tinha uma dieta vegetariana, alimentava-se de frutas, folhas e sementes, vivendo em perfeita harmonia com os animais menores, que poderiam facilmente apanha para se alimentar. Eles eram pacíficos, e não caçavam os animais.

Concepção artística de um Australopithecus anamensis.

Reconstrução de esqueleto de Australopithecus anamensis.

Fragmentos fósseis de Australopithecus anamensis.

  • Australopithecus afarensis (4,0 m. a. - 2,7 m. a.)

Australopithecus afarensis é uma espécie de hominídeo extinto proposta em 1978 por Tim White e Don Johanson, com base no "joelho de Johanson's" encontrado por aquele antropólogo em Hadar, na Etiópia, em 1974. Os vestígios fósseis foram datados em 3,4 milhões de anos. O nome provém da região onde foi encontrado: a Depressão de Afar.

Até ao presente, foram já encontrados fragmentos desta espécie pertencentes a mais de 300 indivíduos, datados entre 4 e 2,7 milhões de anos, todos na região norte do Grande Vale do Rift, incluindo um esqueleto quase completo de uma fêmea adulta, que foi denominada Lucy.

Uma das características marcantes de Lucy é o tamanho de seu cérebro: 450 cm cúbicos. Um pouco maior que o cérebro de um chimpanzé moderno.

A 31 de Março de 1994 o jornal científico Nature reportou o achado do primeiro crânio completo de um Australopithecus afarensis.

Surgiu entre 3,8 e 3,5 milhões de anos atrás, no sul da África, sendo um possível ancestral do homem. Postura bípede, ereta ou semireta, media entre 1 e 1,5 metro, possuía testa pequena e maxilar proeminente.

Australopithecus afarensis (Lucy - fêmea adulta - reconstrução), no Museu de História Natural de Cleveland (Cleveland Natural History Museum).

Modelo de esqueleto de Australopithecus afarensis.

Vistas de modelo de crânio de Australopithecus afarensis.

Reconstituição de Australopithecus afarensis (Lucy).

  • Australopithecus africanus (2,0 m. a. - 3,0 m. a.)


O Australopithecus africanus é uma espécie antiga de hominídeo, um australopitecíneo que viveu entre 2 e 3 milhões de anos atrás, durante o período conhecido como Pleistoceno.1 Foi descrita por Raymond Dart em 1924, com base no "Crânio Infantil de Taung", um crânio de um ser jovem que Dart pensou ser o “elo perdido” da evolução entre os símios e os seres humanos. Dart considerou ser o achado relativo a uma espécie nova, devido ao pequeno volume do seu crânio, mas com uma dentição relativamente próxima dos humanos e por ter provavelmente tido uma postura vertical.

Esta revelação foi muito criticada pelos cientistas da época, entre os quais Sir Arthur Keith, que postulava que não passava do crânio de um pequeno gorila. Como o “crânio Infantil de Taung”, realmente um crânio dum ser jovem, havia espaço para várias interpretações e, mais importante, nessa altura não se acreditava que o “berço da humanidade” pudesse estar na África.

As descobertas de Robert Broom em Swartkrans, na década de 1930 corroboraram a conclusão de Dart, mas algumas das suas ideias continuam a ser contestadas, nomeadamente a de que os ossos de gazela encontrados junto com o crânio podiam ser instrumentos daquela espécie.

Fóssil de um crânio infantil de Australopithecus africanus descoberto na África do Sul em 1924, conhecido como "criança de Taung".

Reconstituição de adulto de Australopithecus africanus.

  • Australopithecus garhi (2,0 m. a. - 3,0 m. a.)


Australopithecus garhi é um hominídeo extinto cujos fósseis foram descobertos em 1996 por um grupo de investigadores, liderado pelo paleontólogo etíope Berhane Asfaw e o antropólogo norte-americano Tim White.

Inicialmente acreditou-se que era o elo perdido entre os gêneros Australopithecus e Homo, e portanto um ancestral da espécie humana. Contudo, A. garhi é mais avançado do que qualquer outro australopiteco e uma espécie contemporânea (ou quase) das espécies ancestrais do gênero Homo, portanto não sendo um provável ancestral humano. Os restos fósseis achados procedem de um lapso temporal com escasso registro fóssil, entre 2 e 3 milhões de anos. Tim White foi o cientista que encontrou o primeiro dos fósseis de A. garhi, em 1996, próximo da cidade de Bouri, no rio Awash, na Depressão de Afar (Etiópia). A espécie foi confirmada e estabelecida como A. garhi em 20 de novembro de 1997 pelo paleontólogo etíope Haile-Selassie. Gahri, na língua afar, significa "surpresa".

Crânio de Australopithecus garhi reconstituído.

Características

Os traços de A. garhi são algo distintos dos tipicamente vistos em A. afarensis e em A. africanus. Um exemplo das diferenças pode ser visto ao serem comparados o maxilar encontrado em Hadar (Etiópia) e o espécime de A. garhi encontrado em Bouri. A capacidade cranial de A. garhi é de 450 cm³, parecida com a de outros australopitecos. A mandíbula achada por Asfaw tem uma morfologia geral compatível com a mesma espécie, ainda que é possível que pertença a outras espécies de hominídeos encontrados nos mesmos depósitos. Os estudos feitos nos pré-molares e molares mostram certa semelhança com os de Paranthropus boisei, que são maiores do que outras formas mais graciosas de australopitecos. Se for sugerido que A. garhi é um ancestral do Homo (ie. Homo habilis), a morfologia maxilar teria de evoluir rapidamente em apenas 200.000 ou 300.000 anos.


Tecnologia

Os poucos artefatos primitivos de pedra descoberto com os fósseis de A. garhi e datados em 2,5-2,6 milhões de anos lembram vagamente a tecnologia olduvaiense. Em 23 de abril de 1999, a revista Science publicou que estas ferramentas são mais antigas que as de Homo habilis, que é considerado um possível ascendente direto dos hominídeos mais modernos.

Durante muito tempo, os antropólogos sustentaram que a habilidade de fabricar ferramentas complexas era exclusiva de espécies próximas ao gênero Homo. Contudo, estas ferramentas antigas (cantos talhados e lascas) mostram o uso de várias técnicas que podem ser observadas nas indústrias mais tardias de Olduvay e St. Acheul. Mesmo assim, foram encontrado 3.000 artefatos toscos de pedra em Bouri, com uma idade estimada em 2,5 milhões de anos.


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Fonte principal: Wikipedia.

19 maio 2015

EVOLUÇÃO HUMANA (Parte 3) Primeiros Hominídeos

Os Primeiros Hominídeos

O tópico mais controverso dentro da teoria de Charles Darwin da evolução através da seleção natural gira em torno da ideia de que os humanos evoluíram de primatas. No entanto, já foram encontradas diversas evidências de que os seres humanos, de fato, se ramificaram a partir de primatas na árvore da vida.


O grupo de ancestrais humanos que são mais estreitamente relacionados com os primatas é chamados de grupo dos Ardipithecus, expostos a seguir:

     - Sahelanthropus tchadensis
     - Orrorin tugenensis
     - Ardipithecus kadabba
     - Ardipithecus ramidus

Localização dos fósseis encontrados dos hominídeos: Sahelanthropus tchadensis, Orrorin tugenensis, Ardipithecus kadabba, e Ardipithecus ramidus.
  • Sahelanthropus tchadensis (7 m. a.)

Apelidado carinhosamente de "Toumai" é uma espécie de hominídeo descrita em julho de 2001 por Michel Brunet, com base num crânio que pode ser o mais antigo da linhagem humana, de mais ou menos 7 milhões de anos e pode ser a representação de um "elo perdido" que separou a linhagem humana da linhagem dos chimpanzés.

O nome genérico refere-se a Sahel, uma região da África que limita o Saara do Sul, no qual os fósseis foram achados.

Esta descoberta poderá mudar o conceito que tínhamos da evolução humana que se iniciou com a descoberta do Australopithecus africanus, o "homem-macaco", em 1925. Porém, alguns pesquisadores, como Wolpoff, disseram ser o crânio de uma fêmea de gorila com traços primitivos. A discussão continuou até 2005, quando mais análises de tipos paleontológicos de Sahelanthropus foram publicadas por Brunet.

Hoje a comunidade científica aceita razoavelmente bem que este é o fóssil do hominídeo mais antigo já encontrado, com 7 milhões de anos. Trata-se de uma indicação de que o bipedalismo humano surgiu não na savana como se acreditava, mas na floresta tropical das imediações do Chade, que hoje são áreas desérticas.

Reconstituição artística do rosto do Sahelanthropus tchadensis.

Vistas: a) Frontal, b) Lateral, c) Dorsal, e d) Basal do crânio do Sahelanthropus tchadensis.

Há distorções no crânio do Sahelanthropus tchadensis. Aqui temos 4 vistas que pertencem a uma completa remodelação morfológica 3D do crânio.

Comparação da posição do orifício occipital em vista basal no chimpanzé atual, humano atual e na reconstituição do crânio fóssil do Sahelanthropus tchadensis:
     - O orifício occipital dos chimpanzés é posicionado posteriormente (para a parte posterior do crânio);
     - Nos humano está em posição anterior (para a frente do crânio);
     - No Sahelanthropus tchadensis está posicionado mais anteriormente do que no chimpanzé e ficando mais próximo da condição humana.
[Brunet (2002, 2005)].

  • Orrorin tugenensis (6,1 m. a. - 5,7 m. a.)

É a única espécie extinta de hominídeo classificada no gênero Orrorin. O nome foi dado pelos descobridores que encontraram os fósseis de Orrorin próximo à cidade de Tugen, Quênia. Eles são datados de, aproximadamente, 6 milhões de anos (Mioceno). Os fósseis encontrados até agora são de, no mínimo, 5 indivíduos. Eles incluem um fêmur, sugerindo que o Orrorin andava de forma ereta; um úmero direito, sugerindo habilidades de escalador, mas não de braquiação; e dentes que sugerem uma dieta parecida com a dos humanos modernos. Os molares maiores e os pequenos caninos sugerem que o Orrorin comia principalmente frutas, vegetais e, ocasionalmente, carne. Essa espécie tinha, aproximadamente, o mesmo tamanho de um chimpanzé.

O grupo que encontrou esses fósseis em 2000 foi liderado por Martin Pickford. Pickford diz que o Orrorin é claramente um hominídeo; baseado nisso, ele data a separação entre hominídeos e outros grandes macacos africanos para aproximadamente 7 milhões de anos atrás. Essa data é muito diferente daquelas derivadas do uso do enfoque do relógio molecular.

Outros fósseis encontrados nessas rochas mostram que o Orrorin viveu em um ambiente arbóreo, mas não na savana como dito por muitas teorias sobre evolução humana e, em particular, sobre as origens do bipedalismo.

Se o Orrorin foi um ancestral do homem moderno, o Australopithecus afarensis estaria em um dos lados do ramo da família dos hominídeos: o Orrorin é mais antigo,tem por volta de 1.5 milhão de anos e é mais similar a nós do que o A. afarensis. Há, porém, significante controvérsia sobre este ponto, e outros pesquisadores afirmam que Pickford argumentaria sobre um número de incertezas.

Fragmentos fósseis do Orrorin tugenensis (no detalhe o fêmur).

  • Ardipithecus kadabba (5,5 m. a. - 5,8 m. a.)

É um hominídeo fóssil descoberto em 2001 pelo paleoantropólogo etíope Yohannes Haile-Selassie na depressão de Affar, noroeste da atual Etiópia. Se estima que esta espécie viveu entre 5,54 e 5,77 milhões de anos atrás.

O doutor Haile-Selassie descreve o A. kadabba como a provável primeira espécie do ramo até os humanos, logo da separação evolutiva da linhagem comum com os chimpanzés.
O Ardipithecus kadabba mostra uma postura ereta, mas com as dimensões de um moderno chimpanzé; possuia grandes caninos.

Alguns especialistas consideram que o A. kadabba é uma subespécie do Ardipithecus ramidus, e a outra subespécie conhecida (ano 2005) é a do Ardipithecus ramidus ramidus.

A dentadura algo mais primitiva do A. kadabba obriga a uma diferença taxonômica com o A. ramidus. Sabe-se, pela análise dos fósseis, que o Ardipithecus kadabba é cerca de um milhão de anos mais antigo que o A. ramidus.

Ilustração de como seria o Ardipithecus kadabba em seu habitat.

Reconstituição artística do rosto de um Ardipithecus kadabba.

  • Ardipithecus ramidus (4,5 m. a. - 4,1 m. a.)

É uma espécie de hominídeo fóssil, provavelmente bípede e que poderá ter sido um dos antepassados da espécie humana. "Ardi" significa solo, ramid raíz, em uma língua (amhárico) do lugar onde foram encontrados os restos, (Etiópia), ainda que "pithecus" em grego signifique macaco. Os primeiros ancestrais do homem viveram na África há mais de 4 milhões de anos. O Ardipithecus ramidus, que existiu há 4,5 milhões de anos, na Etiópia, tinha uma capacidade craniana de 410 cm³, ou seja, três vezes menor que a do Homo sapiens.

Foi descrita por Tim White e sua equipe a partir do descobrimento na África Oriental no ano 1983 por meio de alguns maxilares.

Os restos de pelo menos nove indivíduos classificados como Ardipithecus ramidus, com idades entre 4,5 e 4,1 milhões de anos, foram encontrados, segundo informaram em janeiro de 2005, em As Duma, ao norte da Etiópia, a equipe da Universidade de Indiana dirigido por Sileshi Seaslug. O aspecto de um metatarso (osso correspondente ao pé) encontrado no depósito, demonstra que o animal ao qual pertence provavelmente se deslocava com seus membros inferiores, tal como um hominino.

Subsequentes descobertas de fósseis por Yohannes Haile-Selassie e Giday Wolde Gabriel - identificadas como A. ramidus - levariam a datação para algo em torno de 5.8 milhões de anos atrás.

O Ardipithecus ramidus também se distingue por seus caninos superiores em forma de diamante, que são muito mais parecidos aos humanos que os caninos em "v" dos chimpanzés; além disso os machos Ardipithecus, como os humanos, tinham os dentes caninos de tamanho similar aos das fêmeas, o que para Lovejoy teve relação com mudanças decisivas nos comportamentos sociais. No entanto, a criatura provavelmente se parecia mais a um símio que a um humano.

Se o Ardhipithecus ramidus se encontra dentro da linha filogenética que chega ao Homo sapiens, então é provável que o mesmo seja um antepassado dos Australopithecus. É possível que, por sua vez, tenha sido descendente do Orrorin tugenensis.

Estes restos fósseis têm uma antiguidade de 4,5 milhões de anos e o habitat em que se desenvolveram era arborizado e úmido.

A polêmica em torno destes vestígios se centrou em se esta espécie pertencia ao ramo dos hominídeos bípedes (Homininos) ou se colocava junto com os símios antropomorfos.

"É uma descoberta muito importante porque confirma que os hominídeos definitivamente caminhavam erguidos sobre dois pés há 4,5 milhões de anos", declarou o principal autor do estudo, Sileshi Seaslug.


Fóssil e concepção artística do Ardipithecus ramidus.

Concepção artística do esqueleto do Ardipithecus ramidus.

Crânio do Ardipithecus ramidus.

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Fonte principal: Wikipedia.