05 dezembro 2011

ACIDENTE DE LE MANS 1955 / 1955 LE MANS DISASTER (Part 1 of 3)

24 Horas de Le Mans, em 11 de junho de 1955

Na edição das 24 horas de Le Mans de 1955, entre os pilotos das várias equipes, reina grande animação. A competição de resistência não conta para o campeonato do mundo. Mas estão lá os melhores ases do mundo, entre os quais JUAN MANUEL FANGIO que, nesse ano de 1955, também está à frente do campeonato do mundo.

LE MANS, cenário de morte: Nada parecia fazer pressentir o que iria acontecer em Le Mans, antes da prova.

FANGIO continua na equipa da MERCEDES, com ele estão KLING, LEVEGH, e o jovem MOSS que 3 semanas antes venceu brilhantemente as 1000 MILHAS, seguido de FANGIO. Os Flechas de Prata estão seguros quanto a uma nova vitória em Le Mans. Porém a alegria dos primeiros dias fica escurecida, quando começam os treinos, celebrados de noite.

Na 1ª noite , MOSS sofre um acidente , arrastando consigo um grupo de pessoas. Ele sai incólume mas ficam 3 feridos, entre eles JEAN BEHRA. Nos últimos treinos nova nota de tristeza. ELIE BAYOL morre num acidente. Esta morte deixa um ambiente de angústia e nervosismo, entre os pilotos.

O dia 11 de Junho, surge radioso. A cidade parece um formigueiro humano. As ruas, os bares, tudo está cheio. Na hora do grande espectáculo, toda aquela gente se despeja para as grades do circuito. Desde o princípio se supõe que será um duelo entre a MERCEDES e JAGUAR, que tem HAWTHORN como principal piloto.

Vai começar a corrida, diante dos estão os ases do volante. FANGIO é o 1º a ocupar seu carro nº 19, que depois de algumas horas passará ao seu co-piloto MOSS, LEVEGH leva o nº 20 e KLING o nº 21. A bandeira dá o sinal de partida. Os pilotos correm para os seus carros e CASTELLOTI é o 1º a arrancar com seu FERRARI vermelho.

FANGIO tem pouca sorte na partida. Ao saltar, as suas calças engancham-se na alavanca de velocidades e perde uns segundos. Quando os corredores passam, depois da 1ª volta, CASTELLOTI continua a liderar, seguido de HAWTHORN. FANGIO vai em 14º e pisa o acelerador, disposto a ganhar os lugares perdidos.

E consegue-o, antes de uma hora de corrida, o seu MERCEDES vai já a uma pequena distância dos líderes. FANGIO até aí já conseguira a volta mais rápida, a uma média de 195,3 km/h. CASTELLOTI começava a atrasar-se e HAWTHORN acelera para não ser passado por FANGIO. A 2ª hora é caracterizada por luta lado a lado entre FANGIO e HAWTHORN. Ambos lutam, sem deixar um milímetro entre si, para conservar o comando.

O inglês, num esforço desesperado supera o record de FANGIO e faz 196,96 km/h. O público está entusiasmado e procura animar os dois ases. Às 6h15 da tarde, HAWTHORN está alguns metros à frente de FANGIO. Já tem mais de 2 horas de corrida e preparam-se para se aproximar dos stands, descansar e passar o volante.

Mas alguns, contagiados pela velocidade, seguem calcando o acelerador, e conservando o volante entre as mãos. HAWTHORN, no seu JAGUAR, é um destes. Não está disposto a reduzir a velocidade quando vai à frente e parece disposto a aumentar a vantagem aos mais atrasados, como KLING e LEVEGH, que tem mais de uma volta de atraso.

LEVEGH, apesar do seu atraso, confiado no carro que lhe deram, continua também ao volante. Na volta 42, HAWTHORN nota falta de gasolina e decide parar para prosseguir, mas não quer perder um segundo. Sem travar até ao último momento, passa à frente de LEVEGH, junto aos stands, fazendo o mesmo a KLING e MACKLIN.

É então quando o inglês pára bruscamente, diante da equipe JAGUAR, com uma manobra rápida e perigosa. MACKLIN não tem tempo de refletir ao ver HAWTHORN à sua frente. Calca rapidamente o acelerador para evitar o choque, mas suas rodas patinam e o carro fica quase atravessado na pista.

LEVEGH vem atrás, a 260 km/h. FANGIO segue-o de muito perto. FANGIO não podia ver o que se passava, mas LEVEGH levanta o braço para o avisar do perigo. FANGIO freia mas, sem tempo para parar; ao chegar ao local do acidente, apenas deu conta do que passou. Vê sair o carro de LEVEGH pela direita, enquanto o AUSTIN de MACKLIN, sai pela esquerda. FANGIO, numa rápida manobra, descreve um esse e quase sem se dar conta encontra-se livre de perigo.

Entretanto, em breves segundos a morte projetou-se sobre Le Mans. Quando LEVEGH levantou o braço, para advertir FANGIO do perigo, não podendo frear, procurou passar pelo reduzido espaço livre deixado pelo carro de MACKLIN. Mas não conseguiu. O paralamas de seu MERCEDES chocou com a traseira do AUSTIN e o carro de LEVEGH saiu disparado a toda velocidade sobre o talude de proteção.

Dali foi projetado contra um poste, voltando a cair sobre o talude, para ficar preso num muro de concreto. Foi então que o motor, libertado da força da inércia, se desprendeu do resto do carro e saíu, sobre 200 cabeças, para no fim rebentar no meio do público.

MACKLIN, entretanto, consegue sair incólume de seu carro e FANGIO continua sua corrida, sem saber na realidade o que se tinha passado. Mas a realidade estavam lá, mais de 80 mortos e 100 feridos. A corrida continua para não alarmar o público e evitar maiores complicações. Mas 3 horas depois a equipe MERCEDES manda retirar seus carros.

Só então FANGIO se inteira da tragédia. Durante uns minutos, parece desnorteado. Não diz uma palavra; os seus lábios movem-se recitando uma prece e os seus olhos enchem-se de lágrimas ao ouvir a voz do locutor que profere friamente estas palavras:

- A morte passou; a corrida continua.

Por fim FANGIO consegue falar:

- LEVEGH salvou-me a vida. Levantou a sua mão para me avisar de um perigo que eu não via. Mas ele... E esses pobres espectadores, que culpa tiveram? Naquela tarde de Le Mans, as corridas ficam marcadas com o selo da morte.

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