25 outubro 2011

LÍBIA 2011 - EU ESTIVE LÁ / LIBYA 2011 - I WAS THERE

Fui para a Líbia trabalhar e lá vivi o ano de 2010, ficando até 02 de março deste ano de 2011 quando cheguei em São Paulo. Eu e meus 200 amigos, a maioria brasileiros e portugueses, conseguimos finalmente fugir de Benghazi, que era a cidade onde havia começado o foco principal das manifestações contra o ditador Muammar Kadhaffi. Fugimos em direção a Atenas na Grécia, através do Mar Mediterrâneo em um navio "ferry-boat" grego. Tudo isso foi devido aos confrontos violentos entre os rebeldes e as forças de Kadhafi que já duravam 15 dias em Benghazi e em outras cidades da Líbia. Segundo o calendário líbio, lá estávamos no ano de 1379.



Ainda no Porto de Benghazi, na Líbia, quando estávamos chegando em comboio ao "ferry-boat" grego da "Hellenic Seaways" que literalmente nos tirou de uma grande situação de perigo na Líbia durante esse período inicial dos conflitos contra Kadhaffi. O pessoal agradece.



Todos com as bagagens acessando o navio da maneira mais rápida que nos foi possível. Até esse momento nós não sabiamos se poderíamos levar as bagagens ou não.



No dia seguinte chegamos ao Porto de Atenas na Grécia. Estávamos finalmente seguros. Na manhã seguinte fomos de avião com escala para Portugal e em seguida ao Brasil.


Um resumo do que aconteceu na Líbia durante o período de conflitos em que eu lá estava, foi mais ou menos o seguinte:

Fevereiro

Dia 15-16.- Começam as primeiras revoltas na Líbia. Dois mil manifestantes protestam em Benghazi (reduto da oposição) por causa da detenção de um ativista de direitos humanos e contra os governantes corruptos. Há 38 feridos e, em Al Baida, morrem duas pessoas.
Dia 17.- Os protestos se espalham no chamado "dia da cólera". O Exército começa a utilizar fogo real. Segundo a Al Jazeera há 14 mortos.
Dia 19.- O Exército dispara em Benghazi contra os manifestantes e são registrados confrontos em Musratha, a 200 quilômetros de Trípoli.
Dia 21.- Os opositores controlam Benghazi e Jalu, e alguns membros do Exército começam a desertar.
Primeira deserção de um membro do regime: renuncia o ministro da Justiça e os imames das mesquitas convocam todos à luta.
Dia 22.- Kadhaffi diz que não deixará o poder e que está disposto a morrer.
A fronteira com o Egito fica sob controle dos opositores, enquanto se inicia o isolamento internacional de Kadhaffi: A Liga Árabe suspende a participação da Líbia em suas reuniões.
Dia 23.- Um membro líbio do Tribunal Penal Internacional avalia em dez mil o número de mortos desde o início dos protestos.
Dia 25.- A União Europeia (UE) estuda sanções e os Estados Unidos congelam os ativos de Kadhaffi e de sua família.
Dia 27.- A ONU aprova sanções contra Kadhaffi, bloqueia seus bens no exterior e impõe o embargo de armas.
- A oposição anuncia a criação de um Conselho Nacional de Transição (CNT).
- Cem mil refugiados fogem para as fronteiras com Tunísia e Egito.


Março

Dia 02.- Kadhaffi ameaça com "milhares de mortos" se os EUA ou a OTAN entrarem na Líbia.

Depois da nossa fuga de Benghazi e termos chegado em Atenas na Grécia, no dia seguinte viajamos em um avião fretado com escala na cidade de Lisboa em Portugal e com destino em Recife no Brasil. Ainda passou-se mais um dia para que eu pusesse meus pés em casa em São Paulo no dia 2 de março de 2011 e reencontra-se meus filhos e minha esposa.

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Como todos sabem, mais de seis meses depois da nossa fuga da Líbia, no dia 20 de Outubro de 2011 (poucos dias antes desta postagem) os rebeldes acabaram encontrando Kadhaffi e o mataram. Kadhaffi estava no poder há 42 anos.




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