27 dezembro 2017

HÉRNIA DE DISCO (Relato de caso)

HÉRNIA DE DISCO L5-S1

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 5,4 milhões de brasileiros sofrem de hérnia de disco. A doença se divide em quatro fases, de acordo com o seu grau de degeneração e comprometimento das raízes nervosas. Pode ocorrer em todos os discos vertebrais, acometendo mais a região lombar, seguida da região cervical (3:1). Atenta-se ao fato de que ela pode estar ou não associada a outras patologias da coluna. As fases de seu desenvolvimento são:



  • Disco intacto: O disco intervertebral tem como função principal a absorção de impacto, bem como permitir movimentos em diferentes eixos de rotação. Ele é formado por um núcleo pulposo (centro gelatinoso) e pelo ânulo fibroso (periferia rígida) que circundam o núcleo. Essas características anatômicas dão ao disco intervertebral a capacidade de absorção de carga e movimentação em diferentes eixos de rotação;
  • Abaulamento discal: Etapa inicial da patologia. O disco intervertebral começa a apresentar sintomas de envelhecimento e suas fibras (anel fibroso) apresentam fissuras que levam a uma forma de arco o disco intervertebral. Podemos utilizar uma câmara de pneu velha como exemplo, que perde a capacidade de manter sua forma natural e formam-se bolhas;
  • Protusão discal: Nessa etapa, o abaulamento do disco encontra-se mais proeminente, podendo atingir nervos, medula e saco dural. A doença está em uma fase mais avançada, normalmente acompanhada de inicio de degeneração discal, podendo gerar dor discogênica;
  • Hérnia extrusa: A hérnia de disco consiste em uma extrusão do disco vertebral, normalmente contendo o núcleo pulposo do disco intervertebral envolvido pelo anel fibroso já em estágio avançado de degeneração. As estruturas nervosas estão comprometidas pelo estreitamento dos canais por onde passam os nervos (estenose), medula ou saco dural (canal medular);
  • Sequestro ou Fragmento: Essa é a etapa mais rara da patologia, e consiste na ruptura total da parte herniada do disco intervertebral. O fragmento pode comprometer as estruturas nervosas, dependendo de sua localização.


MEU CASO DE 3 HÉRNIAS DE DISCO L5-S1

Vídeo de algumas etapas da minha primeira cirurgia - Microdiscectomia Lombar Minimamente Invasiva - executada em 12 de novembro de 2017 para a remoção de 2 hérnias de disco existentes no disco L5-S1. Onde pode-se notar as remoções, na seguinte ordem:
  • Vídeo 07 min. 15 seg. - da 2ª hérnia de disco de 4 cm que pressionava a cauda equina pelo lado direito surgida em Gana no dia 07 de novembro de 2017;
  • Vídeo 09 min. 18 seg. - subsequentemente da 1ª hérnia de disco de 1 cm de extensão, mais antiga, que pressionava o nervo ciático do lado direito.
A situação denotava a necessidade de cirurgia urgente. Fui transportado de avião urgentemente de Gana para o Brasil, para passar pelo procedimento cirúrgico no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no Morumbi.

Descrição do momento da remoção da 2ª grande hérnia de disco L5-S1, de 4 cm de extensão. Pode ser vista no vídeo acima. Detalhe da mesma hérnia na ressonância magnética.

Essa foi a maior das hérnias, com mais de 4 cm de extensão, removida nesse primeiro procedimento cirúrgico de Microdiscectomia Lombar Minimamente Invasiva.

Ressonância magnética de 25 de setembro de 2017, na cidade de Acra, em Gana, África; logo após a ocorrência da 1ª hérnia de disco L5-S1, de 1 cm de extensão, que pressionou o nervo ciático pelo lado direito.

Ressonância magnética de 08 de novembro de 2017, na cidade de Acra, em Gana, África; logo após a ocorrência dessa 2ª grande hérnia de disco, L5-S1, de 4 cm de extensão, que pressionou a cauda equina pelo lado direito.

Laudo da ressonância magnética de 08 de novembro de 2017, feito em Acra, Gana, África. Antes da viagem de urgência e cirurgia feita no Brasil em 12 de novembro de 2017.

Tabela com a cronologia dos acontecimentos referentes ao meu problema com o Disco L5-S1, as 3 hérnias e as 2 cirurgias.


PROCEDIMENTO CIRÚRGICO - MICRODISCECTOMIA LOMBAR MINIMAMENTE INVASIVA

A discectomia lombar é uma cirurgia que envolve a remoção de todo ou parte de um disco intervertebral danificado ou doente para aliviar a pressão sobre o nervo espinhal na coluna lombar, que é a parte inferior das costas. Em alguns pacientes, este procedimento pode ser realizado através de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas.

O que é uma discectomia lombar minimamente invasiva?

A discectomia lombar é um procedimento cirúrgico que alivia a pressão exercida sobre as raízes nervosas e/ou a medula espinhal por um disco ou por protuberâncias ósseas na região lombar – uma condição conhecida como compressão da raiz nervosa.

O termo lombar diz respeito a cinco vértebras da parte inferior das costas. Os discos têm consistência esponjosa, funcionando como verdadeiras “almofadas de cartilagem” entre as vértebras. Numa discectomia lombar, o cirurgião acessa a coluna lombar através de uma incisão nas costas na altura dos níveis vertebrais a serem tratados e remove todo ou parte do disco ou material ósseo que está pressionando os nervos e causando dor. Assim, por eliminar a compressão da raiz nervosa/nervo, a discectomia lombar é considerada um procedimento descompressivo da medula.

Em alguns casos, o cirurgião pode optar por realizar esse procedimento usando uma abordagem minimamente invasiva.

A cirurgia da coluna tradicional, aberta, envolve o corte ou dissecção dos músculos da coluna vertebral. Já a cirurgia minimamente invasiva requer uma pequena incisão ou incisões e dilatação do músculo, permitindo que o cirurgião separe os músculos ao redor da coluna vertebral, ao invés de cortá-los.

Por que eu preciso deste procedimento?

A discectomia lombar minimamente invasiva pode ser recomendada para aliviar a pressão exercida sobre a medula espinhal ou sobre suas raízes nervosas. Em geral, a cirurgia da coluna é recomendada quando o material do disco intervertebral ou ósseo está pressionando ou pinçando esses elementos neurais e você está enfrentando:
  • Dor nas pernas que limita suas atividades diárias normais
  • Fraqueza ou dormência na(s) perna(s) ou pés
  • Função intestinal e/ou vesical prejudicada
Como é realizada uma discectomia lombar minimamente invasiva?

A operação

A operação é realizada com o paciente deitado sobre o seu estômago.

Descompressão

Depois de uma pequena incisão, os músculos da coluna são dilatados, ou levemente separados, e um espaçador tubular é inserido para criar um portal, através do qual o cirurgião pode realizar a cirurgia. Através do afastador tubular, uma porção da lâmina (o elemento vertebral ósseo que cobre a porção posterior do canal espinhal) é removida para expor a região compactada da medula espinhal ou da raiz do nervo.

A pressão é aliviada através da remoção da fonte de compressão – a totalidade ou parte de um disco herniado, com uma saliência áspera de osso chamada “esporão”, ou em alguns casos, um tumor.

Encerramento

A pequena incisão é fechada, o que normalmente deixa uma cicatriz mínima.

Quanto tempo será necessário para a minha recuperação?

Seu cirurgião terá um plano de recuperação pós-operatório específico para ajudá-lo a voltar ao seu nível de atividade normal o mais breve possível. Após uma cirurgia minimamente invasiva, você pode notar uma melhoria imediata de alguns ou de todos os seus sintomas, mas há sintomas que podem melhorar de forma mais gradual.

A duração da sua internação hospitalar dependerá de seu plano de tratamento. Normalmente os pacientes passam por um curto período de internação no hospital, até o final do primeiro dia após a cirurgia. Seu retorno ao trabalho vai depender de como o seu corpo reagirá, bem como do tipo de trabalho/atividade que você pretende voltar a desempenhar.

É importante que você colabore com o seu cirurgião e siga as suas instruções, para que ele determine o protocolo de recuperação mais adequado para você e para otimizar o processo de cicatrização.

Para definir se você é um candidato para uma discectomia lombar minimamente invasiva, converse com o seu médico.

Existem potenciais riscos ou complicações?

Os resultados são individuais e podem variar de paciente para paciente. Complicações como infecções, danos aos nervos, coágulos de sangue, perda de sangue e problemas de bexiga e intestino, além das complicações associadas à anestesia, são alguns dos riscos potenciais da cirurgia da coluna vertebral. Um risco inerente à fusão vertebral é a falha do enxerto ósseo vertebral em fundir adequadamente, o que pode requerer cirurgia adicional.

Por favor, consulte o seu médico para obter informações acerca das indicações, advertências, precauções, eventos adversos, resultados clínicos e outras informações médicas importantes que dizem respeito à discectomia lombar minimamente invasiva.

O material contido neste site tem caráter apenas educativo. As informações aqui encontradas não podem substituir a avaliação do seu médico assistente. Para diagnóstico e tratamento adequados, consulte um especialista no assunto.


ILUSTRAÇÕES SOBRE A COLUNA VERTEBRAL, A REGIÃO LOMBAR E PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO DE HÉRNIA DE DISCO

Fases do processo de desenvolvimento de hérnia de disco na região lombar.

Comparação de disco normal e caso de hérnia de disco extrusa na região lombar.

Região do nervo ciático, e região da cauda equina.

Região de dor oriunda de hérnia de disco lombar, sendo irradiada por toda a perna devido à pressão sobre o nervo ciático atingido.

Detalhes sobre vértebra da região lombar, e especificamente uma hérnia de disco L5-S1.

Mapa com a identificação de todas as vértebras existentes - regiões: lombar, torácica e cervical.

Coluna vertebral: carta de reflexologia.

Estrutura da coluna: 7 vértebras cervicais, 12 vértebras torácicas, 5 vértebras lombares, sacro e cóccix.

VÍDEOS / VIDEOS

Introduction to the Central Nervous System - UBC Neuroanatomy Season 1 - Ep 1 - UBC Medicine - Educational Media.

Introduction to the Spinal Cord - UBC Neuroanatomy - Season 1 - Ep 2 - UBC Medicine - Educational Media.



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01 novembro 2017

A MORTE DO SOL

O FUTURO DO NOSSO SOL

O Sol também é uma estrela e por isso vai morrer um dia. Quando e como isso acontecerá é uma questão que os astrônomos tentam resolver. Para chegar a esta resposta, eles criaram uma teoria, com a qual podemos entender a formação de uma estrela, o que ocorre com ela ao longo do tempo, as mudanças de brilho e tamanho, e várias outras coisas.

Sol: estrela gigante vermelha no futuro.

Algumas pessoas perguntam como se pode ter certeza de que a teoria está certa, já que, em geral, não podemos perceber as mudanças nas estrelas. Felizmente, podemos observar muitas estrelas, com várias idades diferentes. É como se um extraterrestre visitasse a Terra por um dia apenas: ele não poderia ver as pessoas crescendo, já que em um dia não crescemos muito, mas poderia observar que existem bebês, crianças, adolescentes, adultos e velhos. Com um pouco de imaginação, ele poderia entender como é a vida dos seres humanos.

No começo, o Sol era uma gigantesca nuvem de gás e poeira, muitas vezes maior que o sistema solar hoje. Essa nuvem foi se contraindo e se tornando mais densa, até se transformar em uma verdadeira estrela. Isso demorou cerca de 50 milhões de anos.

The Universe - Dark future of the Sun (aprox. 44 minutos).

A partir de então, o Sol entrou em uma fase bem tranquila, na qual ainda se encontra. Seu tamanho e sua temperatura quase não mudam. Pouco varia também a quantidade de energia que elem emite para o espaço em cada segundo, o que chamamos "luminosidade". Isso nos interessa muito, porque a vida na Terra depende da energia que vem do Sol: se ela aumentar ou diminuir muito, mudanças profundas e até catastróficas vão acontecer.

Essa fase de "tranquilidade" deve durar, no total, cerca de 11 bilhões de anos. Como ela se iniciou há cerca de 4,5 bilhões de anos, o Sol ainda tem pela frente aproximadamente 6,5 bilhões de anos de tranquilidade.

Mas, para nós da Terra, essa fase não será tão calma assim, porque a luminosidade do Sol sempre aumenta, ainda que de forma lenta, e deverá dobrar ao final dos 11 bilhões de anos. Ficando mais brilhante, o Sol vai aquecer mais a Terra.

Ciclo de vida do Sol.

Com mais calor, toda a água do nosso planeta vai evaporar. Não sabemos exatamente quando isso vai acontecer, mas poderá ser em pouco mais de 3 bilhões de anos, dependendo da quantidade de nuvens, porque elas absorvem parte da energia que vai para a Terra.

O que mantém o Sol nessa fase tranquila é a queima de um elemento que está em seu interior (núcleo), chamado hidrogênio. Após 11 bilhões de anos, esse hidrogênio vai acabar. Com a interrupção da produção de energia, o núcleo não conseguirá suportar o peso das camadas mais externas e sofrerá um colapso, o que aumentará muito a sua temperatura. Então, a "fornalha" funcionará outra vez, queimando o hidrogênio que existe nas camadas próximas ao núcleo. Esse processo é tão violento que empurrará as camadas externas do Sol para fora, transformando-o em uma estrela gigante.

Essa fase é mais rápida que a anterior e irá durar "apenas" pouco mais de 1 bilhão de anos. Nessa fase, o Sol alcançará uma luminosidade 2 mil vezes maior que a atual e um diâmetro quase 200 vezes maior que o presente. Com um diâmetro tão grande, a superfície total por onde escapa a energia emitida pelo Sol fica enorme, de modo que essa superfície esfria um pouco, mesmo que a luminosidade do Sol esteja aumentando. A temperatura da superfície ficará, então, próxima dos 3 mil graus, quase a metade do valor que tem hoje. Muito grande, avermelhado e frio, o Sol será, então, uma estrela gigante vermelha.

O destino do Sol (extraído do Mensageiro Sideral).

A fase de gigante vermelha não será muito sossegada: o hidrogênio das camadas próximas ao núcleo também se esgotará e o Sol passará a queimar um novo elemento, o hélio. Essa queima ocorre por meio de pulsos, ou seja, em episódios rápidos. O brilho e o tamanho do Sol vão variar muito, sempre em valores mais altos que os atuais.

Nessa fase do Sol, os planetas vão sofrer várias alterações. Por exemplo, Mercúrio, que é o planeta mais próximo do Sol (cerca de 60 milhões de quilômetros), será completamente engolido. Quanto aos planetas seguintes, Vênus e Terra, não temos certeza do que acontecerá. O destino desses dois planetas dependerá basicamente da quantidade de matéria que o Sol irá perder daqui para a frente. A perda de matéria é algo que acontece com todas as estrelas, mais ou menos como em um regime de emagrecimento. Por exemplo, atualmente podemos observar partículas muito pequenas vindas do Sol, que formam o chamado "vento solar". Outras estrelas, como as gigantes vermelhas, perdem uma quantidade muito grande de matéria.

Existem várias causas para que as estrelas percam massa. No caso do Sol, os astrônomos sabem há muito tempo que ele tem uma região muito quente, com temperaturas de milhões de graus, chamada "coroa solar". Sendo tão quente, essa coroa está se evaporando, e o resultado é o vento solar. Já as estrelas gigantes são muito luminosas e a própria luz pode empurrar parte da massa para fora da estrela.

E o que tem a ver a perda de matéria com as órbitas (caminho que os planetas fazem em torno do Sol) dos planetas? A resposta é simples: os planetas, como Vênus e Terra, têm órbitas situadas a uma distância que depende da massa do Sol. Quanto menor essa massa, maior a distância do planeta em relação ao Sol. Assim, se o Sol perder muita matéria na fase gigante, Vênus e Terra "fugirão" para órbitas mais distantes e não serã destruídos. Caso contrário, um processo semelhante ao de Mercúrio ocorrerá com esses dois planetas. Para poder esclarecer melhor essa questão, os astrônomos precisam ainda pesquisar muito sobre o processo de perda de massa e sua influência na evolução das estrelas.

No final da fase de gigante vermelha, o Sol ficará muito instável e perderá praticamente de uma vez só todas as suas camadas externas. Essas camadas vão expandir-se pelo espaço, na forma de um dos objetos mais bonitos que podemos observar: uma nebulosa planetária. A nebulosa será muito brilhante, porque será iluminada pela parte que restou do interior do Sol, que é muito quente.

Essa fase dura menos que a anterior. Em apenas 100 mil anos o Sol passa de uma estrela gigante fria a uma estrela pequena e quente, uma "anã branca". Então, esgotados seus principais combustíveis nucleares, o hidrogênio e o hélio, não haverá mais produção de energia. O Sol irá esfriar calmamente até se transformar em uma "anã negra", espécie de cinza invisível no céu.

Veja também: Mensageiro Sideral.

23 outubro 2017

FÍSICA EM 12 LIÇÕES - fáceis e não tão fáceis - Richard Feynman

Física em 12 lições – fáceis e não tão fáceis é uma seleção de algumas das conferências reunidas nos três volumes das Lectures on Physics, apresentadas no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) entre 1963 e 1965. Essas palestras foram organizadas para incentivar os calouros a continuar o estudo de física. Os professores observavam uma grande evasão de estudantes na época e avaliaram que o evento poderia atrair os alunos para determinadas áreas da disciplina e evitar que eles deixassem a faculdade por desestímulo.

Física em 12 lições – fáceis e não tão fáceis.

Porém, nem com muita simplicidade Feynman conseguiu tornar os assuntos mais complicados acessíveis. A primeira parte do livro compreende as seis lições fáceis. Nelas, são tratados assuntos básicos da física, da estrutura do átomo à mecânica quântica, passando pela teoria da gravitação de Newton. Nessa parte, fórmulas ou cálculos não são usados de maneira extensiva. Exemplos do cotidiano são mencionados com freqüência, principalmente para relacionar a física com as outras ciências. Apesar disso, quando o autor aborda a mecânica quântica o texto se torna bem mais complexo, embora ainda inteligível se lido com a devida atenção.

O showman da física

Nascido em Nova York em 1918, Richard Feynman demonstrou aptidões para matemática desde jovem. Graduou-se em física pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em 1939 e recebeu seu PhD pela Universidade de Princeton em 1942. Ganhou o Nobel em 1965, juntamente com o japonês Sin-Itero Tomanaga e o norte-americano Julian Schwinger, por resolver lacunas na teoria que descrevia as interações entre as partículas subatômicas, conhecida como eletrodinâmica quântica. Feynman foi um grande educador. Desenvolveu uma ferramenta gráfica usada até hoje para representar interações entre subpartículas – os diagramas de Feynman . O norte-americano era conhecido pelo admirável bom humor e por algumas manias. Esteve no Brasil duas vezes nos anos 1950, ocasiões em que aprendeu a apreciar a caipirinha e o carnaval de rua do Rio. Faleceu em 1988, vítima de câncer.

Já nas lições não tão fáceis há muito cálculo. No início o autor descreve a utilização dos vetores e explica o que é simetria das leis físicas. Até aí, com uma razoável base de matemática e geometria, é possível acompanhar o raciocínio de Feynman. Em seguida, ele entra na teoria da relatividade restrita, passa pela explicação sobre o espaço-tempo e termina na definição de espaço curvo. Os trechos teóricos são mais fáceis de entender, mas seu entendimento requer o domínio de certos conceitos matemáticos, como a derivação e integração de funções.

Embora parte do livro não seja plenamente inteligível para leitores sem uma base sólida em física, questões interessantes são abordadas de forma simples. Quando Feynman explica o caráter curvo do espaço, é possível compreender porque não percebemos a curvatura ou a existência de outras dimensões no espaço-tempo. Outro dado curioso é a demonstração de Feynman de que a diferença entre o lado direito e esquerdo tem um fundamento físico e não é apenas uma convenção. Por isso seria possível explicar a um marciano o que é direita e esquerda mesmo que ele não pudesse ver nada do que vemos – desde que ele soubesse fazer um ímã com bobinas e uma corrente elétrica passando por ele.

Física em 12 lições é um livro fundamental para qualquer estudante de física e outras ciências. Apesar da dificuldade conceitual de algumas passagens, as lições de Feynman são uma ferramenta de estímulo à curiosidade dos interessados pelo assunto.

   Física em 12 Lições – fáceis e não tão fáceis
   Richard Feynman (trad.: Ivo Korytowski)
   312 páginas

23 setembro 2017

SE A LUA NÃO EXISTISSE

Nosso satélite natural, a Lua, é importante para a manutenção de nossas vidas. A Lua é responsável por diversos fatores que influenciam o nosso ecossistema, que vão desde o controle da rotação da Terra até o equilíbrio das estações e da temperatura na superfície terrestre.

Se por acaso a Lua deixasse de existir de uma hora para outra no Universo, a vida na Terra mudaria dramaticamente. O efeito imediato seria a baixa das marés oceânicas, pois a interferência do campo gravitacional da Lua é responsável por grande parte do movimento das águas marítimas.

Documentário: Se a Lua não existisse (extraído do Discovery Science).

De maneira simplificada, as massas oceânicas sofrem uma aceleração de intensidade quando estão mais próximas do satélite natural. Isso significa que regiões diferentes da superfície terrestre recebem intensidades diferentes de acordo com o posicionamento da Lua e o movimento do satélite em torno do nosso planeta.

A mudança no fluxo das marés seria sentida por muitas espécies que têm seus ciclos de vida associados pelos movimentos oceânicos. Até mesmo animais que vivem em ambiente terrestre, na costa ou na superfície, teriam seus padrões de comportamento afetados na ausência da Lua, pois a luminosidade do satélite natural orienta aves e mamíferos de vida noturna.

Uma Terra fora do eixo

Em longo prazo, porém, as consequências de um desaparecimento da Lua seriam muito mais graves. O satélite ajuda a estabilizar o eixo de rotação do nosso planeta dentro de uma inclinação de mais ou menos 23 graus. Isso significa dizer que a Lua define a existência de nossas estações e mantém a temperatura do planeta em níveis moderados.

Na ausência do satélite, a Terra teria um movimento de rotação similar ao de Marte. O Planeta Vermelho apresenta uma variação de eixo de 15 a 35 graus ao longo de dezenas de milhares de anos devido à influência do campo gravitacional de todos os outros planetas do Sistema Solar. Essa variação provoca climas e temperaturas extremas em sua superfície e pode fazer com o que o gelo que se encontra hoje nos polos se movimente até próximo da faixa central do planeta.

Nossa Lua.

O fato de a Lua estabilizar o eixo de rotação do nosso planeta foi o que permitiu a evolução de seres e organismos multicelulares mais complexos e sensíveis às condições do ambiente. Sem um ecossistema estável, a vida como conhecemos simplesmente não existiria. A Lua foi determinante no processo de formação de nosso ecossistema ao longo dos milhões de anos de existência.

Como se isso tudo já não bastasse, alguns astrônomos acreditam que a Lua desempenha ainda um papel fundamental em limpar o céu de cometas e pequenos asteroides que poderiam atingir o nosso planeta. Sem o satélite em órbita, a Terra seria alvo de muito mais corpos vindos do espaço.

Acesse também: Discovery Science.

22 setembro 2017

SE A TERRA PARASSE DE GIRAR

As diferenças entre as estações e períodos do dia são possíveis graças a dois movimentos: rotação e translação que são essenciais para que as condições de vida na Terra sejam garantidas.

Mas será que os movimentos de translação e rotação são tão importantes assim? Esta postagem mostra várias coisas que aconteceriam com o planeta Terra caso algum dia os movimentos de translação e rotação fossem eliminados.

Documentário: Como seria se o planeta Terra parasse de girar (extraído do National Geographic Channel) - The Aftermath: when the Earth stops spinning.

Desaceleração do planeta

Caso a Terra parasse de girar, provavelmente o processo seria realizado de maneira gradativa. Por essa razão, demoraria um pouco até que percebêssemos a desaceleração. Os primeiros sintomas a serem percebidos seriam os prolongamentos de dias e noites. De pouco em pouco, os períodos de luz e escuridão começariam a ser cada vez maiores, até que o planeta parasse totalmente.

Quando isso acontecesse, os dias e noites não seriam mais controlados pelo movimento de rotação da Terra (o que faz o planeta girar sobre seu próprio eixo), mas sim pelo da translação (movimentação orbital, em torno do Sol). Isso significaria que dias e noites teriam cerca de 6 meses cada, de forma parecida com o que atualmente ocorre nos polos.

Sem a rotação a Terra poderia se parecer com este mapa.

Dias e noites polares

Como já dissemos, os dias e noites seriam controlados pelas voltas da Terra em torno do Sol, fazendo com que só anoitecesse uma vez por ano. O mesmo aconteceria com as manhãs, que demorariam 12 meses para se repetirem. Com cada período durando seis meses, você já deve imaginar o que aconteceria com vegetações e animais.

Em caso de uma freada brusca

Havendo uma paralisação mais brusca, em que a Terra realmente parasse de uma hora para outra, os danos causados ao planeta não seriam apenas percebidos em longo prazo. Como a velocidade de rotação é de cerca de 900 km/h, uma “freada” faria com que o planeta inteiro fosse jogado para frente.

Imagine um carro percorrendo uma linha reta a 60 km/h e parando de repente. Os passageiros seriam jogados para frente, não é mesmo? O mesmo aconteceria com a Terra, mas em vez de apenas as pessoas serem lançadas, prédios e outras construções seriam derrubados, causando destruição por todos os lugares.

Da mesma maneira que acontece com os terremotos, a destruição gerada por esse tipo de desastre iria muito além dos desabamentos. Ondas gigantes, incêndios e seus respectivos efeitos colaterais poderiam ser vistos em escala global.

Luz ou escuridão: escolha a sua morte

Os ecossistemas existentes nos continentes são muito diferentes dos presentes nos polos. Por essa razão, não seria possível garantir a sobrevivência das espécies que, hoje, habitam por aqui. Com seis meses de luz e seis meses de escuridão, o planeta Terra veria o fim de todas as espécies animais e vegetais (com raras exceções das fossas abissais), por excesso de calor ou de frio.

Você pode estar se perguntando: “Mas como existem animais nas regiões polares?”. A resposta é simples: angulação. Os raios solares incidem nos polos com muito menos potência do que os que atingem zonas tropicais, por exemplo. Imagine como seria passar 180 dias com o sol do meio-dia na cabeça. Muito pior do que o sol das seis da tarde, não?

Queimadas constantes fariam com que as florestas fossem destruídas, assim como plantações e outros tipos de cultura vegetal. Com isso, a alimentação dos seres humanos e também a produção de rações seriam afetadas completamente. Nós não poderíamos comer vegetais (pela inexistência num primeiro momento) e nem animais (que também acabariam sucumbindo à fome).

Do outro lado do planeta, na escuridão, os problemas também seriam relacionados à alimentação. Sem luz, vegetais não poderiam se desenvolver e as consequências seriam as mesmas: animais desnutridos e humanos sem comida de nenhum tipo.

O fim da raça humana?

Alguém sobreviveria se a Terra parasse de girar? Segundo a NASA, as pessoas que vivem nos polos do planeta seriam “poupadas pelo apocalipse”, pois para elas os dias continuariam sendo iguais. Apenas seriam afetadas pela já explicada “freada brusca”, que poderia fazer com que as geleiras se desprendessem, por exemplo.

Com exceção das populações polares e seus respectivos animais, vegetais e algas, pouca vida sobraria no planeta. Aos poucos, a inanição seria responsável pelo aniquilamento da raça humana. E se muitas pessoas tentassem fugir para os polos, os ecossistemas seriam desequilibrados, o que causaria ainda mais problemas para o planeta.

Isso já está acontecendo

Há diversas teorias que apontam para a influência das marés na desaceleração da rotação da Terra. Segundo muitos físicos (como mostra o site do Instituto Newton de Ciências, dos EUA), a cada 100 anos a Terra perde velocidade suficiente para que os dias fiquem meio segundo mais longos.

Isso significa que, até os dias ficarem uma hora mais longos, será necessário que a Terra passe por mais 120 mil anos. Como você pode perceber, o processo está acontecendo de uma maneira muito lenta.

Acesse também: National Geographic Channel.

21 setembro 2017

1984-2016 - 32 ANOS DE MUDANÇAS

Vídeo com as mudanças ocorridas em várias localidades do planeta Terra ao longo dos últimos 32 anos com imagens tiradas por satélites desde 1984 até 2016.

Terra 1984-2016.

17 setembro 2017

Fabricação de um violino / Fabricación de un violín (Partes 9 a 12 de 12)

Fabricação de um violino


Fabricação de um violino (Parte 9-12).

Fabricação de um violino (Parte 10-12).

Fabricação de um violino (Parte 11-12).

Fabricação de um violino (Parte 12-12).

Acesse o canal do luthier Miguel Madrigal Gonzalez, e veja outras coisas incríveis que ele faz.

16 setembro 2017

Fabricação de um violino / Fabricación de un violín (Partes 5 a 8 de 12)

Fabricação de um violino


Fabricação de um violino (Parte 5-12).

Fabricação de um violino (Parte 6-12).

Fabricação de um violino (Parte 7-12).

Fabricação de um violino (Parte 8-12).

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15 setembro 2017

Fabricação de um violino / Fabricación de un violín (Partes 1 a 4 de 12)

Fabricação de um violino


Fabricação de um violino (Parte 1-12).

Fabricação de um violino (Parte 2-12).

Fabricação de um violino (Parte 3-12).

Fabricação de um violino (Parte 4-12).

Acesse o canal do luthier Miguel Madrigal Gonzalez, e veja outras coisas incríveis que ele faz.

09 setembro 2017

ÁGUA

H2O

A água é o sistema fundamental de suporte à vida na Terra. É tão elementar embora seja um dilúvio de contradições.

É mais forte que um projétil em alta velocidade. “Um vidro a prova de balas impede a passagem de um projétil de calibre 50, mas nós podemos desgastá-lo com um jato de água”.


Agora vamos descobrir mais sobre a água neste documentário de cerca de 45 minutos do Discovery Channel.

Como Tudo Funciona - Água - Discovery Channel (Parte 1 de 4).

Como Tudo Funciona - Água - Discovery Channel (Parte 2 de 4).

Como Tudo Funciona - Água - Discovery Channel (Parte 3 de 4).

Como Tudo Funciona - Água - Discovery Channel (Parte 4 de 4).

02 setembro 2017

Jimi Hendrix

ALL ALONG THE WATCHTOWER


"There must be some kind of way out of here,"
Said the joker to the thief,
"There's too much confusion, I can't get no relief.
Business men – they drink my wine
Plowmen dig my earth
None of them along the line
Know what any of it is worth."

"No reason to get excited,"
The thief – he kindly spoke,
"There are many here among us
Who feel that life is but a joke
But you and I we've been through that
And this is not our fate
So let us not talk falsely now
The hour's getting late."

All along the watchtower
Princess kept their view
While all the women came and went
Bare-foot servants too
Outside in the cold distance
A wild cat did growl
Two riders were approaching
And the wind began to howl, hey.


"All Along the Watchtower" is a song written and recorded by American singer-songwriter Bob Dylan. The song initially appeared on his 1967 album John Wesley Harding, and it has been included on most of Dylan's subsequent greatest hits compilations. Since the late 1970s, he has performed it in concert more than any of his other songs. Different versions appear on four of Dylan's live albums.

Covered by numerous artists in various genres, "All Along the Watchtower" is strongly identified with the interpretation Jimi Hendrix recorded for Electric Ladyland with the Jimi Hendrix Experience.[2] The Hendrix version, released six months after Dylan's original recording, became a Top 20 single in 1968 and was ranked 47th in Rolling Stone magazine's 500 Greatest Songs of All Time.

20 agosto 2017

ESTRUTURA DA ÁGUA

A molécula de água é composta de um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio, formando um ‘V’ em um ângulo de 104,45º, com o oxigênio no vértice. Apesar de a molécula ser eletricamente neutra, suas cargas se distribuem de maneira desigual, com carga parcial negativa junto ao oxigênio e carga parcial positiva junto às pontas do ‘V’, onde estão os hidrogênios.

O oxigênio de uma molécula atrai hidrogênios de outras moléculas de água (pois o negativo atrai o positivo), estabelecendo uma ligação extremamente importante entre moléculas de água, chamada ponte de hidrogênio. Essa interação, criada pelas pontes de hidrogênio, é a responsável pela grande maioria das propriedades da água e, em particular, pelo fato de a água ser líquida à temperatura ambiente, enquanto, em geral, outras moléculas de tamanho semelhante são gases.



Imagens: estrutura da água.

Para que a molécula de água possa se comportar como uma molécula de gás (vapor), ela deve quebrar essas pontes de hidrogênio que a unem a moléculas vizinhas e isso custa muita energia. Apesar de ser bem mais fraca que as ligações iônicas (transferência completa de elétrons) e covalentes (compartilhamento de um par de elétrons), essa ligação é mais forte que a maioria das outras ligações entre moléculas.

As moléculas de oxigênio (O2) e de hidrogênio (H2), por exemplo, são apolares, ou seja, não apresentam desigualdade na distribuição de cargas em seu interior. A interação entre essas moléculas é, portanto, muito mais fraca que a causada pelas pontes de hidrogênio nas moléculas de água.

À temperatura e pressão ambientes, já existe energia suficiente na agitação molecular para que as interações entre moléculas de O2 ou H2 sejam quebradas e o oxigênio e o hidrogênio se comportem como gases. Nessas condições de pressão (1 atm), o oxigênio só se tornará líquido à temperatura de -183ºC e o hidrogênio à temperatura de -252,8ºC.